A nova guerra fria já chegou ao futebol


O timing do FBI é perfeito. Ao investigar agora a corrupção na sempre corrupta FIFA está a tentar pôr em causa o Mundial na maldita Rússia.


A guerra fria – a nova, que a velha acabou em 1990 – está aí cheia de força e de ameaças. Mas as histórias repetem-se sempre com um enorme ar de farsa. Em 1979, um dos piores presidentes dos Estados Unidos, de seu nome Jimmy Carter, decidiu boicotar os Jogos Olímpicos de Moscovo em 1980. Atrás do presidente americano foram 69 países, na maioria ocidentais. O pretexto para o boicote foi a invasão do Afeganistão pela União Soviética. Claro está que a propalada independência dos comités olímpicos nacionais foi e é uma treta para contar às criancinhas.

Quatro anos mais tarde, a União Soviética respondeu à letra e boicotou os Jogos Olímpicos de Los Angeles, com os países da Cortina de Ferro a obedecer às ordens de Moscovo. Agora, tantos anos depois, a Guerra Fria voltou em moldes diferentes, mas as técnicas e as farsas mantêm-se bem actuais. A Rússia está banida do G7, a NATO instala milhares de soldados nas fronteiras russas, sucedem-se as demonstrações de força nos países vizinhos da Federação Russa e os Estados Unidos e a União Europeia atacaram Moscovo com sanções políticas e económicas.

A resposta de Putin não se fez esperar e, além de algumas sanções económicas, elaborou uma lista negra com 89 políticos europeus que estão proibidos de entrar na Rússia. O pretexto imediato é o conflito na Ucrânia mas, na realidade, o que preocupa seriamente Washington e os seus aliados europeus é a recuperação económica da Rússia e o seu fortíssimo investimento na defesa, depois dos anos de declínio que se seguiram à queda do império soviético.

Neste contexto de guerra fria, muito quente no leste europeu, com a China a abraçar de forma decidida o seu aliado russo, os Estados Unidos e a União Europeia não podem suportar que Putin e a Rússia brilhem no panorama internacional com uma su-perorganização do Mundial de futebol em 2018.

O Ocidente já engoliu muito mal a realização em Sochi dos Jogos Olímpicos de Inverno, o ano passado. É por isso que é muito oportuna a investigação lançada pelo FBI sobre vários esquemas de corrupção na FIFA, uma organização permanentemente sob suspeita e que movimenta milhões e milhões de euros em negócios ligados ao espectáculo do futebol. A operação foi um show off completo, com vários dirigentes a serem presos na Suíça na véspera do arranque do congresso da organização. A polícia norte-americana e a muita activa procuradora anunciam todos os dias revelações espantosas e confissões dos oportunos arrependidos que estão a contar os podres da família da bola.

O passado está a ser passado a pente fino e já chegou ao Mundial realizado em 1998 em França. Mas o objectivo não é o passado, é o futuro imediato. O objectivo não é o polémico Mundial no Qatar em 2022. O objectivo último desta investigação norte-americana é só um: rebentar com o Mundial de 2018 na Rússia.

Aliás, os despeitados britânicos, que perderam para o Qatar o Mundial de 2022, já se ofereceram para ser os anfitriões do tal Mundial de 2018 e, em alternativa, já vieram sugerir um boicote ao Mundial na Rússia com a realização de um outro, alternativo e muito ocidental, na Grã-Bretanha. A corrupção é apenas um pretexto para mais um capítulo da nova e excitante guerra fria. Obama, Cameron e companhia são gatos escondidos com os rabos muito de fora nesta novela da futebolada. 

A nova guerra fria já chegou ao futebol


O timing do FBI é perfeito. Ao investigar agora a corrupção na sempre corrupta FIFA está a tentar pôr em causa o Mundial na maldita Rússia.


A guerra fria – a nova, que a velha acabou em 1990 – está aí cheia de força e de ameaças. Mas as histórias repetem-se sempre com um enorme ar de farsa. Em 1979, um dos piores presidentes dos Estados Unidos, de seu nome Jimmy Carter, decidiu boicotar os Jogos Olímpicos de Moscovo em 1980. Atrás do presidente americano foram 69 países, na maioria ocidentais. O pretexto para o boicote foi a invasão do Afeganistão pela União Soviética. Claro está que a propalada independência dos comités olímpicos nacionais foi e é uma treta para contar às criancinhas.

Quatro anos mais tarde, a União Soviética respondeu à letra e boicotou os Jogos Olímpicos de Los Angeles, com os países da Cortina de Ferro a obedecer às ordens de Moscovo. Agora, tantos anos depois, a Guerra Fria voltou em moldes diferentes, mas as técnicas e as farsas mantêm-se bem actuais. A Rússia está banida do G7, a NATO instala milhares de soldados nas fronteiras russas, sucedem-se as demonstrações de força nos países vizinhos da Federação Russa e os Estados Unidos e a União Europeia atacaram Moscovo com sanções políticas e económicas.

A resposta de Putin não se fez esperar e, além de algumas sanções económicas, elaborou uma lista negra com 89 políticos europeus que estão proibidos de entrar na Rússia. O pretexto imediato é o conflito na Ucrânia mas, na realidade, o que preocupa seriamente Washington e os seus aliados europeus é a recuperação económica da Rússia e o seu fortíssimo investimento na defesa, depois dos anos de declínio que se seguiram à queda do império soviético.

Neste contexto de guerra fria, muito quente no leste europeu, com a China a abraçar de forma decidida o seu aliado russo, os Estados Unidos e a União Europeia não podem suportar que Putin e a Rússia brilhem no panorama internacional com uma su-perorganização do Mundial de futebol em 2018.

O Ocidente já engoliu muito mal a realização em Sochi dos Jogos Olímpicos de Inverno, o ano passado. É por isso que é muito oportuna a investigação lançada pelo FBI sobre vários esquemas de corrupção na FIFA, uma organização permanentemente sob suspeita e que movimenta milhões e milhões de euros em negócios ligados ao espectáculo do futebol. A operação foi um show off completo, com vários dirigentes a serem presos na Suíça na véspera do arranque do congresso da organização. A polícia norte-americana e a muita activa procuradora anunciam todos os dias revelações espantosas e confissões dos oportunos arrependidos que estão a contar os podres da família da bola.

O passado está a ser passado a pente fino e já chegou ao Mundial realizado em 1998 em França. Mas o objectivo não é o passado, é o futuro imediato. O objectivo não é o polémico Mundial no Qatar em 2022. O objectivo último desta investigação norte-americana é só um: rebentar com o Mundial de 2018 na Rússia.

Aliás, os despeitados britânicos, que perderam para o Qatar o Mundial de 2022, já se ofereceram para ser os anfitriões do tal Mundial de 2018 e, em alternativa, já vieram sugerir um boicote ao Mundial na Rússia com a realização de um outro, alternativo e muito ocidental, na Grã-Bretanha. A corrupção é apenas um pretexto para mais um capítulo da nova e excitante guerra fria. Obama, Cameron e companhia são gatos escondidos com os rabos muito de fora nesta novela da futebolada.