Na semana em que um estudo revela a captura do Hospital de Santa Maria por uma certa tendência religiosa, o primogénito do dr. Marinho e Pinto é tomado de assalto por uma multidão alegadamente ligada a uma certa igreja. Há, porém, que sublinhar a diferença: não haja ilusões, Marinho e Pinto é o líder incontestável do PDR – o partido da ideologia “pimba” que pretende ser um case study sobre os limites da indefinição esquerda/direita – e nenhum acto formal, interno, pretensiosamente democrático do partido mudará o seu status. O relato é glorioso. “Dirigi-me à presidente da mesa e mandei suspender”: é assim que o Deus ex machina partidária Marinho e Pinto, regressado, triunfal, à pátria, vindo da Europa, explica o contratempo. Ora, para quê ter um presidente da mesa se ele pode mandar no acto eleitoral? (Honni soit qui mal y pense…)
Este momento da história do PDR, essa sinistra invenção revivalista que nos lembra o tirânico Costa – o Afonso, obviamente –, é uma demonstração de que, tal como os gauleses de Goscinny, o nosso sistema partidário é incorrigível e o PDR, afinal, não é verdadeiramente diferenciador: já andam todos às avessas e ainda a procissão vai no adro. Este caso em particular reflecte um clima antidemocrático e um sentimento de hostilidade ao confronto. Para Marinho e Pinto, o adversário (no caso, Alexandre Almeida) nem devia existir na pureza do acto eleitoral. Para nossa infelicidade lusa, com democratas destes ninguém precisa de ditadores.
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