© Carla Hilário Quevedo
Há meses que esperava a visita de uma criança numa estação do ano em que fosse mais agradável fazer a visita guiada do Hippo Trip. Durante o Inverno é complicado organizar uma viagem pela cidade que acaba no meio do rio Tejo, mas não é impossível, uma vez que se pode fazer a visita nos 12 meses do ano, faça chuva ou faça sol. Mas com sol é mais agradável, por isso esperei.
Sabia que o programa seria divertido para um miúdo de cinco anos e não me enganei. E tinha a certeza de que seria interessante para os quatro adultos. Na verdade, os adultos estavam tão entusiasmados como a criança com a perspectiva de andar num autocarro que, a dada altura, entrava na água e se “transformava” em barco. Admito que não fiz nada para disfarçar a minha excitação.
O primeiro passo foi canja. A compra dos bilhetes no site hippotrip.com demorou menos de cinco minutos. A partir daí, restava esperar ansiosamente até ao dia e a hora em que embarcaríamos no transporte anfíbio colorido. Era uma visita guiada que prometia imenso, sobretudo por causa da originalidade do transporte, que permite andar em terra e na água. Depois da visita feita, devo dizer que excedeu as expectativas de criança e adultos.
O primeiro elogio vai para a generosidade da duração. O que à primeira vista parecia ter sido um bocadinho caro acabou por se tornar um valor mais que justo para o que é oferecido. São 90 minutos de viagem com guia pela zona mais emblemática da cidade, partindo da Associação Naval de Lisboa, na Doca de Santo Amaro, e pelo rio Tejo, passando pelo Padrão dos Descobrimentos e a Torre de Belém. O ponto de partida é também o local onde a viagem acaba. O segundo elogio vai para a alegria e o profissionalismo da equipa.
É certo que só o veículo monstruoso, um autocarro mais alto do que os normais, com uma hélice e bóias na parte traseira, dá logo vontade de rir. Acontece-me muitas vezes sorrir quando vejo um destes anfíbios no meio do Marquês de Pombal. O terceiro elogio vai para a informação dada na visita pelo guia. A cidade é mostrada de um modo informal, com o relato de episódios divertidos sobre pormenores de Lisboa, como o primeiro elevador num edifício; onde está agora a loja da Prada, que suscitou tanta curiosidade que as pessoas faziam fila para andar para cima e para baixo; ou um episódio sobre a construção do Cristo-Rei que explica a razão por que a estátua não é tão alta como esteve previsto.
O momento alto da viagem é o da entrada do autocarro na água. A expectativa é enorme e a sensação acaba por ser desconcertante, como se naquele instante as leis da física ficassem em suspenso e nos impedissem de ir ao fundo. Não ficam, obviamente. O veículo é um barco, cheio de espuma por baixo, que faz com que nos mantenhamos à tona com à-vontade. Também no rio, a visita é generosa. Ali ficámos durante cerca de meia hora, num passeio descontraído. À nossa frente estavam o “Lola” e o “Alegria”, os outros dois autocarros-barcos do Hippo Trip.
Além de tudo, foi bonito ver a cidade a ser apresentada a locais e a turistas. É bom, por vezes, ver melhor e de outro ângulo o que imaginamos conhecer bem.
Escreve à segunda-feira