Mediterrâneo. Tunísia contra destruição de embarcações que transportam migrantes para a Europa

Mediterrâneo. Tunísia contra destruição de embarcações que transportam migrantes para a Europa


Primeiro-ministro sublinha que não será esta “solução improvisada” que vai resolver o problema, que está na “falta de meios e condições das pessoas”.


A Tunísia está contra a decisão europeia de destruir as embarcações que transportam migrantes para a Europa através do Mediterrâneo, uma “solução improvisada” que não resolve “o problema fundamental”, afirmou esta sexta-feira em Lisboa o primeiro-ministro tunisino, Habib Essid.

“A posição da Tunísia é muito clara sobre isso: há outras coisas a fazer antes, a destruição de embarcações não vai funcionar”, disse o chefe do Governo tunisino na conferência de imprensa que se seguiu à III Cimeira Luso-Tunisina.

“As embarcações estão lá, podem destruir-se as embarcações de um lado, que haverá embarcações de outro lado. E uma intervenção desse tipo é considerada pela Tunísia como uma intervenção quase militar”, acrescentou.

Para o chefe do Governo tunisino, “é preciso pensar no problema fundamental” na origem deste tráfico de seres humanos e que é a "falta de meios e condições das pessoas", designadamente na Líbia.

“É preciso tentar encontrar soluções para impedir esse tráfico e encontrar soluções para o problema da Líbia. Não tentar soluções improvisadas”, afirmou.

Habib Essid respondia a uma pergunta sobre a decisão tomada em Abril pelos ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) de criar uma operação naval com mandato para destruir as embarcações utilizadas pelos traficantes de migrantes.

A medida insere-se no combate ao tráfico de pessoas no Mediterrâneo, onde, desde o início de 2015, quase 2.000 migrantes morreram ou desapareceram.

A maioria das embarcações com destino à Europa parte da Líbia, em guerra civil desde 2011 e dirigida por dois parlamentos e dois governos, um estabelecido em Tobruk e reconhecido pela comunidade internacional, e outro, em Tripoli, controlado por uma aliança de milícias tribais, que disputam o poder.

O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, tinha já frisado na sua intervenção inicial a importância de resolver a situação na Líbia.

“O agravamento da situação regional de segurança, em particular na Líbia, merece a nossa prioridade absoluta por ter impactos muito negativos para todos os outros desafios regionais”, afirmou, acrescentando que a Tunísia, vizinha da Líbia, “sofre em primeira linha as consequências do conflito na Líbia”, nomeadamente por albergar no seu território um “elevadíssimo número de refugiados” daquele país.

Lusa