Violência doméstica. Vítimas vão ter mais facilidade em arranjar emprego

Violência doméstica. Vítimas vão ter mais facilidade em arranjar emprego


Partidos da maioria chumbaram já este ano as propostas apresentadas pelo PS.


O parlamento discute hoje as propostas de alteração à lei que combate a violência doméstica. Entre outras alterações, o governo pretende dar “prioridade” às vítimas de violência no acesso a um posto de emprego. PCP e BE também apresentam propostas de alteração.

O governo prevê um acesso “prioritário” às ofertas de emprego, formação profissional e no atendimento nos centros de emprego às vítimas de violência doméstica. Também lhes concede a oportunidade de “retirar da residência” todos os seus bens e os de quem esteja na sua dependência, além de reforçar o apoio psicológico necessário após o episódio de agressão. Mas continua a prever que cabe ao elemento da relação agredido afastar-se da sua vida, apesar de lhe facilitar o acesso a um novo tecto e a um rendimento. O texto prevê ainda a criação de uma equipa de análise retrospectiva de homicídio em violência doméstica, de onde deverão sair propostas para a prevenção destes crimes.

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Para oPS, não há “nada de muito significativo” a salientar desta proposta. O partido lamenta a falta de abertura demonstrado pela maioria, em Janeiro, mas prepara-se para dar o seu aval quer ao projecto do governo quer aos diplomas do PCP e do BE. “Ao contrário do governo, estamos disponíveis para tudo o que venha combater a violência doméstica”, sublinha Elza Pais. O foco está em “consensualizar posições para que a protecção à vítima seja mais eficaz”.

Depois de ver as suas propostas de reforço da protecçãoàs vítimas de violência doméstica serem chumbadas pela maioria, no início deste ano, o PS mostra agora “abertura” face à proposta de lei que o governo leva hoje a discussão na Assembleia. “Temos um espírito de grande aceitação perante qualquer tipo de medidas que possam trazer eficácia a este combate”, admite ao i a deputada Elza Pais.

Os comunistas também apresentam um diploma a discussão. A proposta doPCP renomeia a verba a que as vítimas de violência terão direito quando se encontrarem em situação de “grave carência económica” – passa a ser equiparado a um salário mínimo nacional. Mas, sobretudo, consagram a possibilidade de o total do montante (pode ser atribuído até ao máximo de um ano) ser entregue de uma só vez. Para isso, é preciso que a vítima se depare com a “falta de meios de subsistência”.

As alterações propostas pelo PCP à lei 104/2009, de 14 de Setembro também prevê que, além do presidente, o número de membros a tempo inteiro na designada Comissão de Protecção às Vítimas de Crimes seja alargado de dois para três.
No caso do Bloco de Esquerda, as propostas de alteração passam por reforçar a possibilidade de os agressores serem detidos pelas forças de segurança, mesmo que fora de flagrantes delitos. Na versão da lei em vigor, prevê-se que essa situação possa ocorrer quando “tal se mostrar imprescindível à protecção da vítima”. No novo texto, que o BE apresenta a discussão, nesse número dois do artigo 30.o deve passar a ler-se que a detenção ocorre quando “ tal se mostrar necessário à protecção da vítima”.

Com essa pequena alteração, que torna menos exigentes as condições para a detenção, o partido pretende ultrapassar as dificuldades que se têm sentido na aplicação da lei. Com vista à protecção das vitimas, os bloquistas inscrevem ainda a possibilidade de as forças de segurança determinarem “o imediato afastamento do agressor”, medida que deve ser validada por um juiz em menos de 48 horas.

Na última vez que a violência doméstica esteve no parlamento, o PSD justificou o duplo bloqueio ao projecto dos socialistas – os deputados não só chumbaram o diploma como impedirem a sua baixa à especialidade sem votação – com a “redundância” do texto.