Portugal colocou, com sucesso, Bilhetes do Tesouro a seis e a 12 meses. A grande novidade é que nos Bilhetes do Tesouro a seis meses, o país garantiu uma taxa de juro negativa (-0,002%), tendo a procura superado em 4,6 vezes a oferta. Neste prazo foram emitidos 300 milhões de euros. No último leilão comparável, Portugal tinha garantido uma taxa de juro de 0,047%.
Filipe Silva, Director de Gestão de Activos do Banco Carregosa, nota que “embora não seja um dado impressionante para quem acompanha os mercados, não deixa de ser uma novidade Portugal estar a emitir a taxas negativas.[…] Os BT a 6 meses foram emitidos a um preço médio de 100.001. Ou seja, o Estado recebe hoje 100.001, mas só vai ter que entregar 100 daqui a 6 meses. Isto é pedir dinheiro emprestado a custo zero. Esta taxa negativa é um mínimo histórico na emissão neste prazo”.
O instituto que gere a dívida pública portuguesa, o IGCP, revelou ainda que no prazo a 12 meses foram emitidos 1.200 milhões de euros, com uma taxa a 0,021%, superior à do último leilão comparável, em que se fixou nos 0,015%. Ainda assim, a procura superou em 2 vezes a oferta.
“A 12 meses, os dados não se afastaram do que estávamos à espera”, explicou o mesmo especialista. “Este movimento é, acima de tudo, o resultado do plano de compras de activos do BCE”, sublinhou. Recorde-se que o banco central iniciou em Janeiro um programa de ‘quantitative easing’ no valor de 60 mil milhões de euros por mês, de forma a dar estímulo à economia e não deixar a inflação descer.
“Mesmo assim”, continuou Filipe Silva, “Portugal continua a ser uma das melhores alternativas de investimento na zona euro. Este nível de taxas é muito positivo para descer o custo médio da dívida portuguesa”.
O próximo leilão de Bilhetes do Tesouro, a três e onze meses, realiza-se no dia 17 de Junho. Portugal quer colocar entre 1.000 e 1.250 euros em títulos de dívida.
