Benfica século XXI. A festa do bicampeonato foi a menos memorável

Benfica século XXI. A festa do bicampeonato foi a menos memorável


Nem sempre os confrontos com a polícia ficaram para a história dos festejos encarnados.


Só ao quinto ano deste século o Benfica conseguiu celebrar a conquista de um campeonato, pondo fim a uma seca de 11 anos. Sem memória de anteriores festejos, a onda de euforia espalhou-se um pouco por toda a cidade de Lisboa, mais concretamente no Estádio da Luz, para onde a equipa do Benfica se dirigiu após o jogo no Bessa. Em pulgas, depois de sete horas de espera, acompanhada com muita música – Peste e Sida, Da Weasel, UHF, entre outros –, e já com os relógios a assinalarem as quatro da manhã, uma facção de adeptos com outra agenda, os chamados amigos do alheio, acabou por invadir o relvado, interrompendo a apresentação dos jogadores no número 12, um dos heróis do título, Quim, dando continuidade à onda de assaltos que já nas bancadas tinham levado a cabo. Quem o fez foi vaiado, em vão. Nem mesmo a polícia ou os apelos do locutor de serviço surtiram qualquer efeito. Às 4h30 tudo terminaria. Na cidade do Porto as coisas correram ainda pior, no palco habitual dos festejos do FC Porto, a Avenida dos Aliados. A claque Super Dragões convocou todos os adeptos portistas para o local, independentemente do desenrolar dos acontecimentos desportivos. Após a confirmação do título encarnado, e perante os festejos de alguns benfiquista da cidade, os adeptos portistas irromperam na avenida, armados com paus, perante a passividade dos poucos agentes no local. Apenas quando os reforços policiais chegaram as agressões pararam, com os adeptos benfiquistas a optarem por abandonar o local

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Em 2010, cinco anos depois do último título, o Marquês de Pombal tornou-se o local de festejo dos encarnados. Os adeptos começaram a reservar o local com antecedência e o clube percebeu a importância de levar os seus jogadores ao Marquês, num autocarro cujas fotografias já tinham circulado na internet, pintado com a faixa de campeão. Este ano a festa foi marcada por excessos e actos de vandalismo. A estátua do Marquês de Pombal, os jardins da praça, os semáforos e alguns carros não foram poupados. Dois dias depois, o Papa Bento XVI visitaria Portugal, o que obrigou a Câmara de Lisboa a agir depressa com o plano de limpeza do local. Os principais confrontos registaram-se nas cidades dos rivais desportivos da temporada, Braga e Porto, onde os adeptos adversários fizeram questão de queimar bandeiras e cachecóis do clube da Luz, ao mesmo tempo que pontapearam e partiram vidros de algumas viaturas.

A fonte secou durante três anos e apenas em 2014 o Benfica voltou a sagrar-se campeão, depois de duas temporadas em que viu o título escapar-lhe por muito pouco. A festa foi à medida do alívio dos adeptos, e apenas durou menos porque o Benfica jogava o acesso à final da Liga Europa poucos dias depois. Para o registo ficaram a grua que ajudou a vestir a estátua do Marquês de Pombal com a camisola do Benfica e a escalada de dois adeptos até ao cimo da mesma, sem que a polícia pudesse fazer nada. Com a aproximação do autocarro que trazia os jogadores, ainda se temeu que as grades cedessem e uma tragédia acontecesse. A polícia reforçou o cordão e não se registaram problemas. Menos para Jorge Jesus, que, na pele de adepto, enganou um polícia que esteve quase para deter o treinador, até o reconhecer. Os jogadores acabaram por ir embora, mas a festa continuou, sem problemas de maior.