O evento desportivo que mais público movimenta regressa às origens. O Rally de Portugal começa hoje, agora de novo no Norte. Foi um dos primeiros produtos turísticos genuinamente portugueses. Tem tudo para voltar a ser dos mais valiosos e espectaculares.
A paixão pelos automóveis é inexplicável. Mais ainda se os automóveis tiverem muitos cavalos de potência, fizerem imenso barulho e atrás do volante houver pessoas com tanto de genial como de inconsciente. Nos anos 80, tínhamos o melhor rally do mundo. O seu itinerário era uma aula prática na descoberta de um país fantástico, por norma com princípio no Autódromo do Estoril e final nos jardins do Casino. Quase cinco dias por terras e lugares de nome e paisagens inesquecíveis. Lagoa Azul, Figueiró, Arganil, Freita, Orbacém, Préstimo, S. Lourenço, Fafe, Cabreira, Carvalho de Rei ou Armamar. E bombas como o Fiat 131 Abarth, o Audi Quattro, os Lancia 037 e Delta, o Peugeot 205, o Renault 5 Turbo ou o Ford Escort. Carros praticamente iguais aos do dia-a-dia, que se transformavam às mãos de pilotos com apelidos tão familiares como Alen, Toivonen, Mouton, Mikkola, Moutinho, Santos, Biasion, Sainz ou McRae.
O Rally, uns anos perdido pelo Algarve (era seguríssimo, quase sem público), volta ao Norte. Já não terá 3 milhões de espectadores nas estradas, como antigamente (a quilometragem e o número de troços diminuíram entretanto para um terço do que já foram). Até porque da época César Torres à época Carlos Barbosa, o desporto automóvel passou a ser montado sobretudo para se ver na televisão.
Nasceu no grupo desportivo da TAP, parava o país durante uma semana e já se chamou Vinho do Porto. É o evento nacional de maior cobertura geográfica e dos de maior impacto nas economias locais. O Rally de Portugal é mesmo do melhor mundo. É muito bom tê-lo de volta.
Escreve à quinta-feira