Doentes de cancro obrigados a avisar que têm a doença

Doentes de cancro obrigados a avisar que têm a doença


A partir de 2016 o cancro vai passar a ser doença de notificação obrigatória, para se conhecer a realidade nacional.


O anúncio foi feito esta terça-feira pelo director-geral da Saúde, Francisco George, durante a apresentação do plano nacional de combate ao cancro da pele, promovida pela Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC).

Segundo Francisco George, o da pele será o primeiro dos cancros a ser incluído no sistema de doenças de notificação obrigatória, já em 2016.

O aviso já era obrigatório para as doenças transmissíveis e agora será alargado a outras patologias a começar pelo cancro, disse o responsável.

“Nós vamos introduzir para os cancros da pele um novo sistema que chamamos de SINAVE [Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica], que é o sistema que está concebido para notificar doenças de uma lista que são de carácter obrigatório, isto é, que os médicos têm que notificar”, afirmou.

Trata-se de uma plataforma electrónica, na qual vão ser incluídos os laboratórios de anatomia patológica, que recebem as amostras que são colhidas para diagnóstico laboratorial.

Assim, a partir do próximo ano, o Ministério da Saúde passa a receber as notificações diretamente a partir dos laboratórios de anatomia patológica no que diz respeito ao cancro cutâneo, para se ficar a conhecer “de maneira muito rápida a evolução em termos quantitativos do cancro da pele que é diagnosticado, mas também da natureza desse diagnóstico, que tipo de cancro é”.

“Temos ideia de que está a aumentar, sabemos muito bem que essa relação é comprovada com a exposição ao sol, aos raios ultra violeta, mas agora vamos, logo que o diagnóstico seja feito, receber essas informações”, acrescentou o responsável.

Para Osvaldo Correia, secretário-geral da APCC, esta é uma das “medidas mais importantes”, na medida em que servirá para conhecer a realidade nacional.

“Só assim conseguimos saber o que temos de cancro de pele, que gravidade é que temos e onde estão. Se tivermos essa fonte de informação, as estruturas governamentais podem dotar os serviços de recursos humanos, de recursos técnicos e de fontes de financiamento que permitam a acessibilidade real das pessoas”, sublinhou.

Para a APCC, saber a “realidade dos números e onde é que eles estão” é uma medida “urgente”, mas Osvaldo Correia acredita que a Direcção-geral da Saúde (DGS), juntamente com as entidades governamentais, irão criar condições para que a medida seja rapidamente posta em prática, até porque “há vontade politica de todos os grupos partidários”, o que dá “alguma garantia da sustentabilidade deste tipo de plano estratégico”.

Quanto à data apontada pelo director-geral da Saúde, Osvaldo Correia disse que “gostaria que fosse 1 de Janeiro de 2016, para que no dia 31 de Dezembro de 2016” existissem os números reais e se pudesse já falar de 2017.

Lusa