Há cem anos (e dois dias) nasceu um dos maiores génios da arte de todos os tempos.
Dada a multiplicidade do seu talento bem poderia chamar-se o Leonardo Da Vinci do cinema, apesar de haver muitas diferenças substanciais a separá-los. Mas é bom saber que a Humanidade de vez em quando produz homens da estatura de Orson Welles.
Não é único na História do Cinema, mas é um dos maiores. É reconfortante recordá-lo e é, sobretudo, muito bom ver a sua obra, facto que a descoberta do “cinematografo” nos permite, cada vez com maior facilidade. Ter a filmografia de Orson Welles (e de tantos outros) à mão de semear, na nossa casa, em condições de visibilidade quase impares é excelente. Milagres deste nosso tempo, onde nem tudo é mau, ao contrário de muitas vozes que, por tudo e por nada, se lamentam do “estado a que isto chegou”, sendo que “isto” é o nosso mundo.
Nem todos, porém, alinham pelo mesmo diapasão, o que nos permite ir ouvindo uma ou outra voz que rema contra a maré do pessimismo e nos aponta não só o caminho de um futuro radioso, mas já o de um presente auspicioso.
Na quarta-feira, por exemplo, o nosso PM discursou durante uma hora nas comemorações do aniversário do seu partido, o PSD, e para lá de se vangloriar dos seus feitos pessoais e da sua extrema humildade (não se cansou de dizer que tinha a coragem de dar as más notícias pessoalmente, mas também que possuía o despojamento que lhe permitia enviar os seus ministros com as boas novas!), não se poupou nas palavras ao descrever o estado a que chegámos, e que, na sua óptica, é magnífico.
Nos anos do seu pontificado, e no País onde Passos Coelho vive, conseguiram-se vários milagres, sendo que o de não menor significado terá sido o da reedição da multiplicação dos pães, ou algo de muito próximo.
Neste “seu” País os trafulhas são todos de partidos que não o seu. No “seu” PSD só imperam barões de mãos limpas e empresários de grande empreendorismo, ministros que ostentam doutoramentos com distinção. Por ali a lisura de processos é evidente, e se alguém de crimes é acusado, é lá longe, pelos Brasis. Passos Coelho traçou um quadro mais ou menos idílico da nossa terra e da nossa boa gente que, ameaça, alguns mafarricos sem escrúpulos querem agora vir delapidar. Cuidado, portanto. Esta vai ser a estratégia da campanha eleitoral que já começou. “Citizen Bunny” em grande.
Escreve à sexta-feira