Nóvoa, Varoufakis e as cartas da política


Sampaio da Nóvoa constrói uma imagem ideal de si mesmo: o salvador, o homem diferente, o homem que vem de fora da política e se apresenta com as mãos limpas para ser o novo fairy da política e dos políticos. Um verdadeiro detergente.


Uma semana frenética. No intervalo de dois feriados, de duas datas importantes, entre o dia da revolução e o dia do trabalhador, um turbilhão de notícias assolou o nosso país. Mas vamos por pontos.

Sampaio da Nóvoa não fez a coisa por menos. Constrói uma imagem ideal de si mesmo: o salvador, o homem diferente, o homem que vem de fora da política e se apresenta com as mãos limpas para ser o novo fairy da política e dos políticos. Um verdadeiro detergente…

Não haverá pior entrada em cena do que esta.

Nóvoa afirma-se (diz ele) como homem de diálogo, como homem que vai exigir diálogo entre todos. Ora bolas, então Cavaco Silva ao alertar que não quer empossar nenhum governo minoritário nos próximos quatro anos, porque sabe que nestes quatro anos que se seguem, de recuperação do crescimento do país, haverá muita reforma que tem de ser feita com amplo consenso partidário. Um novo Cavaco, portanto.

Só que Cavaco tem a coragem dizer o que quer, Nóvoa filosofa sobre aquilo que gostaria de querer.

E assim se desmonta o discurso de um alegado homem diferente.

Foi penoso ver dois ex-Presidentes da República (Soares e Sampaio) na primeira fila da sessão de Nóvoa. Dois jarrões chineses ornamentavam a sala. Dois ex-Presidentes o escolhem.

O PS estava e não estava ali. Depois das confusões que António Costa arranjou dentro do Largo do Rato, de facto o PS não poderia aparecer já. Enviou assim o sinal, apenas para dizer que a génese desta candidatura é socialista, é uma candidatura de punho fechado e de rosa ao peito.

Só a modéstia impede que se apresente uma estrela a indicar o caminho de Belém. Magos existem, porém.

O Nóvoa das elites que se apresenta ao povo num baile debutante popular.

Nunca vi nada assim na política portuguesa. Uma candidatura das elites para o povo, e não uma candidatura que surge ao lado do povo.

O cargueiro espacial russo cai. O professor Varoufakis também. O Grande Ministro das Finanças Grego que punha a Europa em sentido, o tsunami económico europeu, o sex symbol intelectual de esquerda, o homem que se fotografa para a “Paris Match” como um verdadeiro defensor da esquerda caviar desaparece assim da frente política internacional.

Varoufakis é arrogante, insulta tudo e todos através do Twitter, envia recados por iPhone às elites. Domina as tecnologias e a pantera. Ninguém aguentou a pressão. Nem ele, nem Tsipras, nem os gregos.

Tsipras foi mais inteligente. Percebeu que as negociações se fazem, como sempre se fizeram, com muita diplomacia e com menos ideologia.

Quando um país não tem dinheiro, quando um país está compulsivamente falido, não há ideologia que possa aguentar. A primeira prioridade é salvar o mesmo, salvar as pessoas, reparar com urgência a máquina desse mesmo país, antes que ela se apague.

É vê-los sair devagarinho, pela esquerda baixa, tantos que imaginavam o SYRISA a última descoberta do século. À frente vai o Dr. Costa.

A esquerda tende a ser assim. Arrogante, intelectualmente superior, povo escolhido. E de repente tudo vai por água abaixo

Que estranha forma de vida.

Por último apenas me refiro ao seguinte. Na passada segunda-feira o PSD questionou o PS sobre o seu programa para a década. Colocou 29 questões que lhe oferecem as suas mais elementares dúvidas. Sugeriu que esse mesmo cenário macroeconómico foi sujeito a duas entidades independentes para aferir a sua veracidade.

E qual foi a resposta do PS? Foi uma reposta com medo, uma resposta que nos deixa a todos com mais dúvidas sobre este trabalho apresentado pelos 12 economistas do Dr. Costa.

Não terão estes senhores guardado os rascunhos onde fizeram as suas contas? Terão feito eles afinal contas? Hoje, quinta-feira quando escrevo, três dias depois de o PSD pedir contas a este PS sobre tal documento, teima o mesmo em não parecer.

Quem não deve não teme. Isso mesmo se prova pelo contrário. O PS deve e, naturalmente, teme. 

O PS no seu melhor.

Deputado do PSD
Escreve à sexta-feira

Nóvoa, Varoufakis e as cartas da política


Sampaio da Nóvoa constrói uma imagem ideal de si mesmo: o salvador, o homem diferente, o homem que vem de fora da política e se apresenta com as mãos limpas para ser o novo fairy da política e dos políticos. Um verdadeiro detergente.


Uma semana frenética. No intervalo de dois feriados, de duas datas importantes, entre o dia da revolução e o dia do trabalhador, um turbilhão de notícias assolou o nosso país. Mas vamos por pontos.

Sampaio da Nóvoa não fez a coisa por menos. Constrói uma imagem ideal de si mesmo: o salvador, o homem diferente, o homem que vem de fora da política e se apresenta com as mãos limpas para ser o novo fairy da política e dos políticos. Um verdadeiro detergente…

Não haverá pior entrada em cena do que esta.

Nóvoa afirma-se (diz ele) como homem de diálogo, como homem que vai exigir diálogo entre todos. Ora bolas, então Cavaco Silva ao alertar que não quer empossar nenhum governo minoritário nos próximos quatro anos, porque sabe que nestes quatro anos que se seguem, de recuperação do crescimento do país, haverá muita reforma que tem de ser feita com amplo consenso partidário. Um novo Cavaco, portanto.

Só que Cavaco tem a coragem dizer o que quer, Nóvoa filosofa sobre aquilo que gostaria de querer.

E assim se desmonta o discurso de um alegado homem diferente.

Foi penoso ver dois ex-Presidentes da República (Soares e Sampaio) na primeira fila da sessão de Nóvoa. Dois jarrões chineses ornamentavam a sala. Dois ex-Presidentes o escolhem.

O PS estava e não estava ali. Depois das confusões que António Costa arranjou dentro do Largo do Rato, de facto o PS não poderia aparecer já. Enviou assim o sinal, apenas para dizer que a génese desta candidatura é socialista, é uma candidatura de punho fechado e de rosa ao peito.

Só a modéstia impede que se apresente uma estrela a indicar o caminho de Belém. Magos existem, porém.

O Nóvoa das elites que se apresenta ao povo num baile debutante popular.

Nunca vi nada assim na política portuguesa. Uma candidatura das elites para o povo, e não uma candidatura que surge ao lado do povo.

O cargueiro espacial russo cai. O professor Varoufakis também. O Grande Ministro das Finanças Grego que punha a Europa em sentido, o tsunami económico europeu, o sex symbol intelectual de esquerda, o homem que se fotografa para a “Paris Match” como um verdadeiro defensor da esquerda caviar desaparece assim da frente política internacional.

Varoufakis é arrogante, insulta tudo e todos através do Twitter, envia recados por iPhone às elites. Domina as tecnologias e a pantera. Ninguém aguentou a pressão. Nem ele, nem Tsipras, nem os gregos.

Tsipras foi mais inteligente. Percebeu que as negociações se fazem, como sempre se fizeram, com muita diplomacia e com menos ideologia.

Quando um país não tem dinheiro, quando um país está compulsivamente falido, não há ideologia que possa aguentar. A primeira prioridade é salvar o mesmo, salvar as pessoas, reparar com urgência a máquina desse mesmo país, antes que ela se apague.

É vê-los sair devagarinho, pela esquerda baixa, tantos que imaginavam o SYRISA a última descoberta do século. À frente vai o Dr. Costa.

A esquerda tende a ser assim. Arrogante, intelectualmente superior, povo escolhido. E de repente tudo vai por água abaixo

Que estranha forma de vida.

Por último apenas me refiro ao seguinte. Na passada segunda-feira o PSD questionou o PS sobre o seu programa para a década. Colocou 29 questões que lhe oferecem as suas mais elementares dúvidas. Sugeriu que esse mesmo cenário macroeconómico foi sujeito a duas entidades independentes para aferir a sua veracidade.

E qual foi a resposta do PS? Foi uma reposta com medo, uma resposta que nos deixa a todos com mais dúvidas sobre este trabalho apresentado pelos 12 economistas do Dr. Costa.

Não terão estes senhores guardado os rascunhos onde fizeram as suas contas? Terão feito eles afinal contas? Hoje, quinta-feira quando escrevo, três dias depois de o PSD pedir contas a este PS sobre tal documento, teima o mesmo em não parecer.

Quem não deve não teme. Isso mesmo se prova pelo contrário. O PS deve e, naturalmente, teme. 

O PS no seu melhor.

Deputado do PSD
Escreve à sexta-feira