Barbies. Virámos a boneca e entrámos na convenção mais cor-de-rosa do país

Barbies. Virámos a boneca e entrámos na convenção mais cor-de-rosa do país


Barbies que vão de férias para Ibiza, workshops de jóias, uma Barbie com roupas Augustus e uma homenagem aos anos 80 em que não faltaram as Doce. A 2.ª convenção nacional de Barbies aconteceu em Lisboa no fim-de-semana.


Rui Valentim, de 38 anos, professor de ginástica, costuma escolher uma das suas 400 Barbies para ir de férias consigo. A sortuda. "Mykonos, Ibiza, Amesterdão, Bruxelas…", enumera os destinos dos últimos tempos. Não só as costuma levar como até põe fatos-de-banho na mala para que possam apanhar sol na praia.

As fotografias das férias em que a Barbie escolhida posa em praias de água cristalina, em capitais europeias (lembram-se do anão de jardim da Amélie?), e até "em Fátima e no Castelo de São Jorge" fazem agora parte da exposição que acompanha a segunda Convenção Nacional de Barbies.

Estamos no Hotel Vila Ricca, em Lisboa, e provavelmente somos os únicos que não guardaram nenhuma Barbie da infância. Onde é que elas já vão… Passar férias com Barbies, então, não é brincadeira.

"Algumas levo-as de propósito, outras compro mesmo durante as minhas viagens", continua Rui Valentim. A sua paixão por Barbies começou há 27 anos, quando a irmã nasceu. "A primeira que tive foi uma normal, de supermercado. Depois comecei a descobrir o clube de coleccionismo e as Barbies de colecção e de edição limitada, e passei a dedicar–me mais a essas." Apostamos que a irmã não podia brincar com elas.

Hoje em dia são perto de 400 Barbies – "algumas em exposição, outras empilhadas em caixas" – e a última tem-na nos braços, acabada de adquirir por perto de 80 euros. "Tenho umas em casa do Bobby Mackie e outras da Cher que valem muito mais. Algumas, compras por 100 euros e acabam por valer 1000 euros passados uns anos."

Somos leigos nisto das Barbies e até nos recordamos de arrancar algumas cabeças em criança. Aqui não rolam cabeças. Pelo contrário, os cabelos loiros das bonecas são penteados com afinco e até se fazem jóias num workshop de joalharia para Barbies, imagine-se.

"À tarde vai haver um workshop de acessórios [para as bonecas, claro] e também um concurso em que vamos escolher a melhor Barbie com o tema dos anos 80", explica Joana Carvalho, uma das cinco organizadoras da convenção.

O primeiro encontro nacional de fãs da boneca da Mattel aconteceu o ano passado em Coimbra, na Quinta das Lágrimas. "Isto é bastante comum no estrangeiro, em Itália, em França e no Japão, por exemplo", conta Joana. "Eu e a Margarida Campos [outra coleccionadora] tivemos a ideia de fazer um encontro no centro do país, no ano passado, porque tínhamos curiosidade em conhecer outros coleccionadores – até porque não sabíamos se existiam mais."

Até há um ano, a maior parte dos coleccionadores faziam as suas colecções sem grandes alaridos, quase a pensar que estavam sozinhos nisto. Com o Facebook, começaram a trocar impressões num grupo privado – Barbie Collectors Club – e agora até se fazem encontros para comprar bonecas. "Muitas das pessoas daqui já conhecia do Facebook", conta Rui. " Volta e meia fazemos encontros, no El Corte Inglés, por exemplo, onde vão só aí umas dez, onze pessoas."

Porquê no El Corte Inglés? "É dos poucos sítios em Portugal onde se encontram Barbies de edição de coleccionador. A maior parte, encontramos em leilões na internet."

Joana Carvalho só colecciona Barbies "de edições de coleccionador", sublinha. "São Barbies que chegam a custar 1500 euros, dependendo dos acessórios, do número de exemplares, dos certificados que têm ou do estilista que desenhou as suas roupas", explica. Na exposição da convenção está uma dessas Barbies valiosas. "É a Barbie Augustus, a única feita por um estilista português, que foi comercializada em 89. Há tempos deparei-me com uma no e-Bay que foi vendida na caixa por 500 dólares."

Além da Barbie Augustus estão em exposição mais de uma dúzia de bonecas vestidas e penteadas pelos participantes na convenção. "Fazer bonecas únicas, as OOAK (one of a kind), é uma das vertentes do coleccionismo", continua Joana. "O ano passado propusemos o tema da Inês de Castro e, este ano, o tema são os anos 80."

Raul Lopes, 32 anos, funcionário do "arquivo clínico de um hospital", aceitou o desafio e decidiu recriar as Doce em versão Barbie. "O look delas é icónico dos anos 80, sobretudo o do Festival da Canção, em que foram vestidas de D'Artagnan, e comecei a pesquisar imagens e vídeos e fui procurando materiais que se aproximassem para as reproduzir o mais fielmente possível", conta.

Colecciona Barbies desde Dezembro, mas já tem 60, todas em segunda mão. "Compro-as quase todas na Feira da Ladra, em muito mau estado, e depois recupero-as e faço eu as roupas."