No jogo de Copenhaga, a Dinamarca impôs a primeira derrota a Portugal na Liga das Nações 2024/25, uma partida que fez corar de vergonha quem gosta da equipa das Quinas. O selecionador Roberto Martínez jogou todas as fichas no jogo da segunda mão, no Estádio José Alvalade, e, mesmo sem jogar bem – a primeira hora de jogo foi lastimável – garantiu o apuramento no prolongamento, onde deu um ar da sua graça e venceu (5-2). Portugal saiu vivo da eliminatória e segue para as meias-finais da Liga das Nações, onde vai defrontar a Alemanha, em Munique, dia 4 de junho, sem Rúben Dias e Jota, que vão cumprir um jogo de suspensão.
Portugal redimiu-se do primeiro jogo, mas há uma coisa que não mudou; a seleção nacional continua a apresentar um modelo de jogo insípido e com grandes deficiências, apesar de ter jogadores de enorme qualidade, que jogam nos melhores clubes do mundo. Roberto Martínez defende-se, dizendo: “Durante estes dois anos perdemos dois jogos, um deles com a Geórgia, em que já estávamos na liderança do grupo. Acho que não há muitas seleções com este registo”, tudo isto é verdade, mas convém dizer que a esmagadora maioria dos triunfos foi frente a seleções que estavam muito atrás de Portugal no ranking da FIFA. No apuramento para o Euro 2024, a seleção nacional defrontou a Eslováquia, Luxemburgo, Islândia, Bósnia e Herzegovina e Liechtenstein com Cristiano Ronaldo, Rafael Leão, Jota, Bernardo Silva, Bruno Fernandes, Rúben Dias, Nuno Mendes e Diogo Costa, entre outros. Para o técnico espanhol, é muito fácil ser forte com os fracos.
Este jogo valeu pelo resultado, mas durante grande parte do tempo a seleção nacional não foi superior aos dinamarqueses e, no final dos 90 minutos, a eliminatória estava empatada. Houve, no entanto, um aspeto que marcou a diferença para o jogo da Copenhaga que foi a atitude mais competitiva, maior intensidade e agressividade para recuperar a bola. Portugal continua, contudo, a ter grande dificuldade em jogar quando o adversário faz pressão média-alta, como se verificou durante largos períodos do jogo. Esta é uma equação que o treinador ainda não conseguiu resolver por culpa própria, já que é ele que escolhe o “onze” e decide a forma de jogar daquela que é, porventura, a melhor geração do futebol português. Para quem sofre ao ver um futebol medíocre e alguns equívocos, o técnico aconselha: “Se não gosta de sofrer, não devia acompanhar o futebol”. É a opinião de quem nunca ganhou uma grande competição. Roberto Martínez deveria ver alguns jogos da seleção quando era treinada por Humberto Coelho (Euro 2000) e Luiz Felipe Scolari (Euro 2004 e Mundial 2006) para ver que Portugal (quase) sempre jogou bom futebol e soube cativar os fãs.
Redenção
Conseguido o apuramento para a Final Four, Roberto Martínez afirmou que “a seleção teve um desempenho muito diferente do que fizemos na Dinamarca. Vi uma capacidade para interpretar o jogo, para criar oportunidades e marcar cinco golos não é fácil. O ambiente em Copenhaga foi muito bom, mas o ambiente em Alvalade foi ainda melhor. A equipa mostrou os valores do povo português. Teve muita qualidade em momentos chave. Tivemos 11 jogadores no onze, com mais cinco que continuaram ao mesmo nível. É a nossa seleção, que nos deixa muito orgulhosos”. Relativamente ao jogador que desbloqueou um jogo que estava complicado, disse: “Não é fácil entrar no espaço da seleção. Quando começou o estágio mostrou que estava preparado. Foi um prazer ver o Trincão marcar e mostrar o talento que tem”.
Trincão foi o homem do jogo com dois golos; o primeiro colocou Portugal em vantagem na eliminatória, o segundo deu a tão desejada tranquilidade. “Feliz pela equipa, que é o que interessa. Sabíamos que ia ser um jogo difícil, somos uma família e mostrámos o que é ser Portugal”, afirmou o avançado, que explicou: “Se tenho a bola à minha frente só tenho de chutar. Normalmente, chuto bem, treino bastante isso, tive a oportunidade e foi só aproveitar”. Em relação aos dois golos em Alvalade, salientou: “Nada é por acaso, tinha de ser aqui, acaba por ser uma história bonita e muito feliz. Espero que estejam todos muito felizes como eu estou”. Trincão falou também da conversa com Hjulmand e Harder, seus colegas no Sporting, “estive a falar com eles no final do jogo. O Morten disse que se fosse alguém a marcar golos, queria que fosse eu. Ficou feliz por mim”, concluiu.
A segunda mão dos quartos de final foi verdadeiramente emocionante com duas das quatro eliminatórias a serem decididas nas grandes penalidades e uma no prolongamento (Portugal-Dinamarca). Os franceses garantiram o apuramento nas grandes penalidades ao vencerem os croatas (5-4). Os espanhóis deixaram-se surpreender em casa perante os neerlandeses e só nos penáltis asseguraram a passagem à Final Four (5-4). Os alemães empataram em casa com a Itália (3-3), mas garantiram a passagem às meias-finais.
A Final Four da Liga das Nações disputa-se na Alemanha. As meias-finais realizam-se a 4 e 5 de junho, a final e o jogo de atribuição do terceiro lugar realizam-se dia 8 de junho. Já está definido o alinhamento dos jogos das meias-finais. Portugal vai defrontar Alemanha, em Munique, e a Espanha joga contra a França, em Stuttgart. O histórico frente aos alemães não é nada famoso. Desde o Euro 2000, quando a equipa das Quinas derrotou a “Mannschaft” por claros 3-0, a seleção registou cinco derrotas, duas nos Mundiais de 2006 (1-3) e 2014 (0-4) e três nos Europeus de 2008 (2-3), 2012 (0-1) e 2020 (2-4).
Mundial 2026
Terminado os quartos de final da Liga das Nações, ficaram também definidos os grupos de qualificação para o Campeonato do Mundo 2026, que se vai realizar nos EUA, Canadá e México. Portugal vai integrar o grupo F juntamente com a Hungria, República da Irlanda e Arménia. A qualificação disputa-se entre setembro e novembro deste ano e o palyoff em março de 2026. Portugal estreia-se a 6 de setembro na Arménia e três dias depois joga na Hungria. O primeiro jogo em casa é frente à Irlanda, dia 11 de outubro. A seleção nacional termina a fase de apuramento, em casa, frente Arménia, a 16 de novembro. O primeiro classificado apura-se diretamente para o Mundial 2026, o segundo classificado vai disputar o playoff. A Hungria é o adversário mais forte, mas o histórico é favorável às cores nacionais. As duas seleções defrontaram-se 14 vezes, Portugal ganhou 10 jogos e empatou quatro. Frente à República da Irlanda, a equipa das Quinas teve mais dificuldades, em 16 partidas venceu nove, perdeu quatro e empatou três. Portugal defrontou seis vezes a Arménia, obteve quatro vitórias e empatou duas vezes em casa do adversário. Perante adversários deste calibre a qualificação direta é obrigatória!