«Estamos a avaliar a possibilidade de vender o edifício». Esta afirmação do presidente executivo (CEO) da Impresa, Francisco Pedro Balsemão, referindo-se ao edifício do grupo em Laveiras, Paço de Arcos, pode bem mostrar a situação financeira em que a empresa de media se encontra. E é preciso ter em conta que não é a primeira vez que acontece. A ideia é reduzir o endividamento bancário. Mas vamos por partes.
A possibilidade da venda e consequente arredamento do edifício já tinha sido assumida pela administração no comunicado que avança com os resultados de 2024 e onde revela ter tido prejuízos recorde de 66,2 milhões de euros.
Vender o edifício é uma das soluções para encaixar dinheiro mas não só: o grupo está a implementar um plano de redefinição da sua base de custos, que resultará numa redução em cerca de 10% ao longo dos próximos quatro anos.
Quanto à venda do edifício em Paço de Arcos, não é a primeira vez que acontece. A Impresa vendeu esse edifício em 2018 e ficou como inquilina. Quatro anos depois, voltou a comprar ao banco ao qual vendeu, o novobanco.
Esta operação tem por nome leaseback e é muito comum nas empresas que precisam de financiamento. O bem passa então a ser propriedade do banco e a empresa paga uma prestação, podendo exercer o direito de compra no final.
A maior parte dos bancos, às empresas, só faz leasings e fica sempre com a tutela da propriedade do bem, segundo explicou um especialista ao Nascer do SOL. O que acontece quando as empresas já são donas de determinado património e querem financiar-se? O banco sugere, ou por sugestão delas próprias, que utilizem aquele imóvel para suportar o financiamento, a tal operação de leaseback, tendo em conta que a empresa já é dona do imóvel. Vende-se então o imóvel à entidade e depois faz-se uma locação financeira que, no fundo, é um arrendamento – a empresa fica com a pagar uma prestação. Foi_essa a forma que o grupo liderado por Francisco Pinto Balsemão encontrou para fazer face às dívidas.
Mas se é certo que o edifício estará para venda, o mesmo não se aplica aos títulos. A garantia foi dada pelo CEO do grupo. «Os principais ativos da empresa não estão à venda», assegurou Francisco Pedro Balsemão à Lusa.
Mas deverá haver mudanças: a Impresa «tem já em curso um conjunto de iniciativas estratégicas para alcançar uma melhoria sustentada da margem operacional, através de uma maior eficiência tecnológica e da estrutura organizacional, da simplificação e otimização dos processos internos, da diminuição dos custos de produção de conteúdos e da redução permanente em despesas gerais», lê-se no comunicado do grupo, onde assegura que está a implementar «um plano de redefinição da sua base de custos, que resultará numa redução em cerca de 10% ao longo dos próximos quatro anos».
Francisco Pedro Balsemão tem consciência das mudanças que são necessárias e defendeu a necessidade de «virar a página e começar um novo ciclo após um triénio negativo». Isso passa pela redução de custos até 2028. Mas o CEO da Impresa deixou a garantia: «Não temos aqui nenhum objetivo em termos de headcount, número de pessoas que vão sair».