O Governo angolano recusou a entrada no país a 23 líderes partidários de toda a África, que pretendiam participar numa conferência sobre o futuro da democracia em África, organizada pela UNITA, o maior partido da oposição em Angola, juntamente com a Fundação Konrad Adenauer e o World Liberty. Os convidados foram impedidas de entrar em território angolano à chegada ao aeroporto de Luanda. Entre eles estava o candidato derrotado às eleições gerais moçambicanas, Venâncio Mondlane, o líder da oposição da Tanzânia, Tundu Lissu, e o antigo presidente do Botswana, Ian Khama.
As reações não se fizeram esperar. Venâncio Mondlane defendeu a abertura de um processo crime contra o governo angolano por violação das leis internacionais na sequência do impedimento de vários políticos estrangeiros de entrarem em Angola. «Quando há uma recusa de entrada, primeiro a pessoa a quem é recusada a entrada deve ser avisada pelo responsável do posto de fronteira e deve ser especificada a razão da recusa de entrada. Depois, o chefe do posto deve comunicar à companhia aérea que transportou a pessoa que a sua entrada foi recusada para dar o devido acompanhamento para o ponto de origem, do aeroporto de procedência ou para o seu país de origem», explicou. Venâncio Mondlane garantiu que esses procedimentos não foram efetuados e denunciou a violação dos protocolos da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral e da União Africana sobre a livre circulação de pessoas, e avançou com a ideia de que «se deve processar o estado angolano». O líder do principal partido da oposição da Tanzânia, o Chadema, afirmou: «A ação do governo de nos impedir de entrar em Angola é inexplicável e inaceitável». Tundu Lissu é um forte crítico do governo, sobreviveu a uma tentativa de assassinato em 2017 e passou vários anos no exílio. O Serviço de Migração e Estrangeiros justificou a expulsão dos políticos com irregularidades no procedimento de obtenção de vistos.