Com três eleições legislativas em quatro anos, os partidos apostam em processos de escolha rápidos e tanto quanto possível com o mínimo de alterações face às listas de candidatos a deputados das últimas eleições. O facto de esta legislatura ter durado apenas 11 meses justifica que a maioria das escolhas se mantenha, apenas com algumas exceções. Sobretudo nos dois grandes partidos questiona-se se faz sentido que os candidatos às eleições autárquicas de setembro/outubro façam parte das listas.
Apesar de não haver uma decisão oficial há um consenso entre os socialistas para que os candidatos autárquicos fiquem de fora, ainda que isso signifique que, alguns nomes que já tinham acedido candidatarem-se, mas que não tinham ainda sido formalizados tenham deixado de estar disponíveis. O caso mais emblemático são os vice-presidente da Assembleia da República, Marcos Perestrelo que desistiu de ser o candidato socialista ao município de Cascais, deixando o partido sem alternativas no imediato.
No PSD a questão também se coloca, mas as opiniões divergem e a resposta oficial é que «será analisado caso a caso». Quererá isso dizer que Pedro Duarte fará parte das listas, apesar de ser o mais provável candidato à Câmara do Porto? É a dúvida que fica no ar para a qual não obtivemos resposta.
O Chega ainda não esclareceu se Rita Matias, que é candidata a Sintra se mantém ou não nas listas de deputados. Já o Partido Comunista, pela voz de Paulo Raimundo garante que não há incompatibilidade pelo facto de candidatos autárquicos serem também candidatos a deputados. Neste momento, João Ferreira e João Oliveira, dois dos maiores ativos do partido já foram anunciados como candidatos autárquicos, o primeiro à Câmara de Lisboa, o segundo à Câmara de Évora.
Nos restantes partidos a questão não se colocará, só na Iniciativa Liberal, não por causa de uma candidatura autárquica, mas por causa da candidata do partido às presidenciais. Rui Rocha já disse que, o facto de Mariana Leitão, líder parlamentar do partido, ser candidata a Belém não é impeditivo de o seu nome constar nas listas de deputados.
AD fecha o processo na quarta-feira
«No essencial ficará tudo na mesma», diz o secretário-geral do PSD ao Nascer do SOL. As distritais do partido estão, neste momento, a ultimar as suas propostas à direção do partido, que até quarta-feira, dia do Conselho Nacional, retificará as propostas, reservando-se o direito de escolher os cabeças de lista de todos os círculos eleitorais.
Em 2024, muitos desses nomes acabaram por ser as escolhas de Luís Montenegro para ocupar pastas ministeriais no Governo. Foram os casos de Rita Júdice, Miguel Pinto Luz, Castro Almeida e Leitão Amaro, bem como outros nomes de secretários de estado. Um deputado do PSD disse ao Nascer do SOL que «é interessante perceber se se vão manter nas listas», de acordo com esta fonte, isso dará sinal da sua manutenção no Governo em caso de vitória da AD. Mas nas listas que forem aprovadas no Conselho Nacional dos sociais democratas já vão estar indicados os lugares elegíveis que estarão reservados para os deputados do CDS. De acordo com a vontade do PSD tudo se deverá manter na mesma, ou seja, garantir dois lugares elegíveis para os centristas. Quem serão esses deputados fica nas mãos do CDS decidir e até poderá ser num momento posterior, mas ao que tudo indica, Paulo Núncio deverá manter-se como a escolha por Lisboa e Nuno Melo, líder do partido, como a escolha pelo círculo do Porto.
PS com maior renovação nas listas
O processo de escolha das listas finais de candidatos às eleições de 18 de maio está já a decorrer, mas mais atrasado do que no PSD. À semelhança dos sociais-democratas, também no PS_há regras bem definidas quanto aos nomes que devem ser escolhidos pelas estruturas regionais e pela chamada quota nacional, que inclui a escolha dos cabeças-de-lista.
Dois fatores deverão contribuir para que estas eleições correspondam também ao momento de renovação de listas de Pedro Nuno Santos: as próximas eleições autárquicas e a maior folga que o secretário-geral tem para fazer as suas escolhas.
Acabado de ser eleito secretário-geral na véspera das últimas eleições e ainda muito preso ao legado de oito anos de António Costa, em 2024, o atual líder socialista não tinha muita margem de manobra para construir as listas de deputados.
Desta vez é diferente, a queda do Governo apanhou todos desprevenidos e Pedro Nuno Santos estava já focado nas eleições autárquicas com a maioria das escolhas feitas e anunciadas. Nomes como o de Alexandra Leitão, Ana Mendes Godinho, Ana Abrunhosa, Manuel Pizarro e João Paulo Correia, são alguns dos mais sonantes que não farão parte das listas por serem candidatos autárquicos. Outros nomes poderão estar em dúvida, caso Pedro Nuno Santos queira libertar-se de alguns deputados ainda muito ligados à anterior liderança. Poderá ser o caso de Fernando Medina, o ex-ministro das Finanças que fez questão de se distanciar da posição assumida pelo PS no debate da moção de confiança, tendo apresentado uma declaração de voto.
Entre os socialistas há dúvidas sobre qual vai ser a doutrina de Pedro Nuno Santos e recorda-se o facto inédito ocorrido nas eleições europeias em que renovou toda a bancada.