Depressão Martinho: rasto de destruição de norte a sul

Depressão Martinho: rasto de destruição de norte a sul


Árvores arrancadas pela raiz, carros partidos, telhados a voar, estádios danificados. A depressão Martinho chegou e levou consigo tudo o que conseguiu. Agora, é avaliar os prejuízos. O pior já passou mas ainda há vento e chuva previstos para os próximos dias.


Estádios com danos consideráveis, árvores que caíram em cima de carros, circulações ferroviárias e rodoviárias cortadas, telhados que voaram, muitos ficaram sem eletricidade e outros acabaram mesmo por ficar desalojados. Ainda não estão feitas as contas aos danos de norte a sul do país e o responsável é só um: a depressão Martinho, que trouxe a Portugal ventos como há muito não sentíamos. No último balanço da Proteção Civil de ontem, a depressão tinha dado origem a mais de 8.200 ocorrências. A maior parte (mais de 5.000) na região de Lisboa e Vale do Tejo. A rajada de vento mais intensa registou-se às 1h30 desta quinta-feira no Cabo da Roca e atingiu 169,2 quilómetros por hora, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).


Quem já prometeu estar atento aos prejuízos foi o Governo, com o Ministério das Infraestruturas a garantir estar «a acompanhar os efeitos e a tomar medidas para resolver e minimizar o impacto» da depressão «nas áreas da sua abrangência governativa, nomeadamente ao nível das infraestruturas e transportes, onde se registaram o maior número de ocorrências».
Em comunicado, o ministério tutelado por Miguel Pinto Luz adianta que os efeitos do mau tempo fizeram-se sentir sobretudo na ferrovia e na rodovia, «devido à queda de árvores e outras obstruções da via», garantindo que centenas de trabalhadores, nomeadamente da IP e da CP, «estão desde a primeira hora a trabalhar ininterruptamente, em articulação com os agentes de Proteção Civil, para resolver as ocorrências registadas em todo o país».
Ao fecho desta edição, a ocorrência ‘queda de árvore’ era ainda a mais frequente no site da Proteção Civil. Ao final da tarde de ontem, tinham sido elencadas cerca de 4.240. Por sua vez, a Autoridade Marítima Nacional (AMN) registou durante a madrugada mais de 24 ocorrências com embarcações junto à orla costeira, sem vítimas a registar.


E foram milhares as que ocorreram nas horas em que a depressão tomou conta do país: automóveis danificados, janelas partidas e até pessoas feridas.
Os exemplos dos vários prejuízos são muitos. O Estádio do Restelo, casa do Belenenses, por exemplo, sofreu «alguns danos não estruturais no interior do Complexo». Já o estádio do Rio Ave vê mesmo a sua utilização em risco. Além dos danos causados na cobertura da bancada única do recinto, onde vários painéis foram arrancados pelo forte vento, estão a ser avaliados estragos na estrutura metálica que sustenta a cobertura. Em Oliveira do Hospital, o vento levou consigo a cobertura do estádio de Santo António, em Nogueira do Cravo.


A juntar aos prejuízos, há ainda 15 desalojados – um número «acima da média» para a Proteção Civil.
Ainda que o pior já tenha passado, há 13 distritos sob aviso amarelo este sábado e 12 no domingo. Esta sexta-feira, a chuva vai sentir-se principalmente a norte e pode mesmo nevar na zona da Guarda e Castelo Branco.

Fogos em altura de tempestade
Por incrível que pareça, a depressão Martinho coincidiu temporalmente com vários fogos rurais. Só a região do Alto Minho registou 48. O último fogo a ser resolvido foi o de Sabadim, em Arcos de Valdevez, já durante a manhã desta quinta-feira. Há quem fale em mão criminosa. «Só podem ser incêndios de origem criminosa. Nesta altura, com a humidade existente nos solos, e à hora que os incêndios deflagraram, não era possível que o fogo começasse pelas condições climatéricas», disse à Lusa o vereador com o pelouro da Proteção Civil da Câmara de Arcos de Valdevez, Olegário Gonçalves.