Paulo Jorge Marques é «um filho dos Anos 60». Nasceu e cresceu no Concelho de Lisboa, mas recentemente mudou-se para o Concelho de Mafra, mais concretamente no Gradil, «uma terra rural, pacata e de gente boa», garante. Trabalha numa Seguradora no setor de Cobranças e a sua grande paixão são os Beatles. «Lembro-me que o primeiro contacto com a música dos Beatles aconteceu muito cedo, devia ter uns 5/6 anos de idade e senti que aquilo era diferente de tudo o que tinha ouvido até então… Não era Fado, nem Folclore nem tão pouco aquelas vozes cheias de vibrato da música portuguesa. A sensação foi muito boa… Mexia comigo», lembra.
Daí foi um pequeno passo para ter o cabelo crescido (para os padrões da época). «Os adultos até me chamavam de Beatle», brinca. «Quem não gostava nada eram os barbeiros que viram o negócio entrar em crise pela moda que se ia instalando», continua.
Em casa tinha um móvel/aparelho de origem alemã no qual colocava um conjunto de discos de 45” rotações suportados por um braço que iam reproduzindo um após outro as músicas que gostava – If I Had a Hammer de Trini Lopez, She Said Yeah de Georgie Fame, Let’s Twist Again the Chubby Checker, All My Loving dos Beatles e tantos outros… «Um deleite!», partilha.
Recorda também com alguma nostalgia os programas da televisão, ainda a preto e branco, transmitidos pela RTP como o Bonanza, o Santo, os Vingadores, o Olho Vivo (Maxwell Smart) e a sua agente 99, o Museu do Cinema de António Lopes Ribeiro, o Cartaz de TV de Jorge Alves que no fim apresentava sempre Desenhos Animados. «Imperdível para uma criança na altura», frisa.
O seu espírito de colecionador começou com o gosto pelo futebol. «Como gostava de jogar futebol e ver os jogos do Benfica comecei a colecionar os chamados ‘bonecos da bola’ (rebuçados de um tostão) que colava religiosamente numa caderneta com cola de água e farinha. Ficava sempre a faltar uma figura, o chamado mais custoso, que dava direito a ganhar uma bola verdadeira de cachu – este saía sempre ao filho do dono da loja», detalha. Começou também a fazer coleções de cromos de «Povos e Raças Humanas», da História de Portugal. «Acho que nasceu aí o meu espírito de colecionador. Afinal é tão bom estar rodeado de coisas que gostamos e nos dão prazer», explica.
Voltando aos Beatles…
Foi na segunda metade dos anos 70 que começou a comprar – com a sua mesada –, os primeiros discos do grupo – Rock´n´Roll Music; Live at the Hollywood Bowl; os Álbuns Vermelho e Azul; o Abbey Road. «E não parei até ter a sua discografia (LP´s) completa (refira-se que em 1978 foram reeditados)», aponta.
«Apesar da crise que Portugal atravessava (e para a qual a minha geração teve uma palavra decisiva na defesa da Democracia e Liberdade nos mais diversos setores) os Beatles continuaram presentes na minha vida», afirma Paulo.
Passou então «a uma nova fase da coleção»: adquirir a obra a solo de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr. «Uma tarefa bem difícil, pois nem tudo estava disponível no nosso país. Isto até à chegada da Internet que abriu uma janela para o Mundo e nos convidou a explorar», assegura o colecionador. «Aceitei o convite e aprofundei o meu conhecimento. Fiquei fascinado com a densidade da sua obra e de toda a sua história», acrescenta.
Hoje tem completa toda a sua discografia portuguesa enquanto grupo e a solo (LP´s, EP´s e Singles) e concentra o seu foco em adquirir discos de outros países (com capas e labels diferentes). «Acho que tenho um bom stock, mas é uma tarefa que não tem fim», garante.
Tem mais de 300 livros sobre o grupo e os seus membros e cerca de quatro mil discos Vinil, Dvd´s e Cd´s. Memorabilia – conjunto de coisas ou acontecimentos memoráveis –, bonecos e outros objetos tem entre 100 e 200. «O valor é sempre relativo, mas calculo que toda a minha coleção esteja na ordem de várias dezenas de milhares de euros (baseado em valores que constam em sites da Internet)», confidencia.
«Com os Beatles o Mundo mudou! Mudou o comportamento em sociedade, mudou a forma de pensar e agir – fez a felicidade de milhões», acredita Paulo. «Ainda hoje (terminaram como grupo em 1970) estão presentes na vida das pessoas independentemente da sua localização, faixa etária ou origem social. Se dúvidas houver basta consultar os media, as várias redes sociais, as vendas, os prémios, etc… e o tempo vai preservar o seu legado», deseja. «Os Beatles são parte integrante do Património Cultural da Humanidade. Tornaram-se eternos!», sublinha.