Turquia. Principal opositor do presidente detido por corrupção

Turquia. Principal opositor do presidente detido por corrupção


A detenção provocou uma forte desvalorização da lira turca em relação ao dólar e o fecho temporário da Bolsa de Istambul devido a uma queda de 6,87% do índice de referência


O presidente da Câmara de Istambul, principal opositor do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, foi detido esta quarta-feira, assim como dezenas de colaboradores e deputados e integrantes do seu partido. A detenção aconteceu na sequência de uma denuncia de “golpe de Estado” contra a oposição.

Segundo a agência France Press, Ekrem Imamoglu, que no próximo domingo seria proclamado candidato do seu partido nas próximas eleições presidenciais, previstas para 2028, foi levado para uma esquadra. 

Um vídeo publicado na rede social X mostra o presidente de 53 anos a denunciar uma operação policial na sua residência: “Centenas de policias chegaram à minha porta (…) Confio na minha nação”, disse.

A detenção provocou uma forte desvalorização da lira turca em relação ao dólar e o fecho temporário da Bolsa de Istambul devido a uma queda de 6,87% do índice de referência.

“Os polícias chegaram logo depois da ‘zahora’ (a refeição antes do amanhecer durante o Ramadão). Ekrem começou a preparar-se (…) Saíram de casa por volta das 7h30”, declarou a mulher do autarca, Dilek Imamoglu, ao canal de televisão privado NTV.

Segundo um comunicado do gabinete da Procuradoria de Istambul, Imamoglu é acusado de corrupção e extorsão, além de ser apontado como o líder de uma “organização criminosa com fins lucrativos”.

A agência Anadolu também menciona acusações de “terrorismo” e de “ajuda ao PKK” – o ilegal Partido dos Trabalhadores do Curdistão -, contra o autarca e outros seis suspeitos.

Imamoglu é o único na disputa para representar o seu partido nas próximas eleições presidenciais, previstas para 2028, e deveria ser oficialmente designado no próximo domingo.

Na terça-feira, a Universidade de Istambul anulou o seu diploma, o que adicionou um novo obstáculo à sua candidatura. A Constituição determina a obrigatoriedade de um diploma universitário para qualquer candidato ao cargo de chefe de Estado.

Imamoglu classificou a decisão como “ilegal” e anunciou que pretende recorrer aos tribunais.

O autarca é alvo de outras cinco investigações judiciais, duas delas iniciadas em janeiro. 

Em 2023, Imamoglu foi impedido de disputar a eleição presidencial devido a uma condenação com suspensão condicional da pena por “insultos” contra integrantes do Comité Eleitoral Turco.