O almirante na reserva Henrique Gouveia e Melo rejeitou esta segunda-feira “emprestar a farda a extremos”. O antigo chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA) voltou a rejeitar a tese de que apenas “políticos de carreira” podem participar na política.
“Há que também ter cuidado com a ideia de que na política só políticos experientes, entre aspas, ou de carreira, podem fazer política, porque isso é a negação da própria abertura de uma sistema que deve ser aberto para incorporar não só conhecimento como ideias diversas”, defendeu.
Gouveia e Melo falava na apresentação do livro “Os Políticos São Todos Iguais! Assalto à democracia pelo culto do vídeo populismo”, do jornalista Gustavo Sampaio, que se debruça sobre a ascensão do partido Chega, liderado por André Ventura.
O militar na reserva — ainda sem assumir uma candidatura às presidenciais de janeiro de 2026 – sustentou que, se um determinado sistema se desenvolve “dentro de uma elite ou oligarquia, essa oligarquia com o tempo vai cristalizando”, levando a “uma autocracia”.
Por isso, defendeu a importância de incorporar no sistema democrático “pessoas que vêm de fora”, sustentando que “a força da democracia” tem origem na diversidade de vozes e que essa diversidade “não pode ter castas”.
Durante a apresentação, o autor Gustavo Sampaio confessou que durante a elaboração do livro chegou a pensar se o surgimento de uma figura como Gouveia e Melo, fora do sistema político, pudesse ser a “componente de autoridade” que faltava ao projeto do partido Chega.
O antigo CEMA começou por dizer que “já não tem farda” mas garantiu, mais à frente, que não pretende “emprestar” a sua farda, no sentido figurado, nem a sua “autoridade, a nenhum extremismo”, que acusou de não ter soluções, apenas utopias.