O plano da ferrovia vai continuar em marcha. O Governo aprovou ainda esta semana, em Conselho de Ministros, as grandes prioridades estratégicas para este setor e não há voltar a dar, mesmo com a queda do Executivo, apurou o Nascer do SOL.
Em causa estão vários estudos que irão ser levados a cabo pela Infraestruturas de Portugal, relativamente a três investimentos rodoviários. Falamos da modernização e eletrificação a Linha do Vouga, com ligação à Linha do Norte «em condições de plena interoperabilidade», mas também da avaliação das opções para uma ligação direta da Linha do Oeste a Lisboa, nomeadamente à Linha de Cintura e ainda o reforço da ligações transfronteiriças a Espanha, incluindo a ligação de Alta Velocidade entre Porto/Vila Real/Bragança/Espanha, a ligação entre Aveiro/Viseu/Salamanca e a ligação de Alta Velocidade entre Faro/Huelva.
E a explicação é simples: «Afirmar a rede ferroviária, num horizonte de médio e longo prazo, como um modo de transporte de elevada capacidade e sustentabilidade ambiental, assegurando uma cobertura adequada do território com ligação aos centros urbanos mais relevantes, bem como as ligações transfronteiriças ibéricas e a integração na rede transeuropeia».
A resolução do Conselho de Ministros dá também prioridade ao desenvolvimento da rede ferroviária de Alta Velocidade atualmente em curso (Porto-Lisboa, Porto-Vigo e Lisboa-Madrid) bem como da rede ferroviária convencional. «É determinante para Portugal recuperar o atraso na ferrovia. Definir prioridades e apostar na modernização ferroviária é um processo complexo que se arrasta há anos e que temos de ter a coragem de prosseguir se queremos honrar os compromissos internacionais e, acima de tudo, os compromissos com os portugueses», disse o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz.
Riscos em cima da mesa
Os riscos sobre a ferrovia têm sido dados. No final do ano passado, a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) lançou um relatório sobre a execução dos investimentos na infraestrutura ferroviária onde revelou que o Plano Ferrovia 2020 que se iniciou em 2015 e que tinha previsão de conclusão no último trimestre de 2021, «com a conclusão das obras na linha de Cascais e no itinerário Aveiro-Mangualde, que, entretanto, foi retirado, apresentava a previsão de ficar completamente concluído no 3.º trimestre de 2028, ou seja, com um atraso, no mínimo, de cerca de 7 anos».
E lembra que, na execução orçamental do Plano Ferrovia 2020, «o valor máximo atingido nos 8 anos já decorridos, foi de cerca de 72%, situando-se, em média, aproximadamente, nos 62 %, o que evidentemente concorre para os atrasos verificados».
Olhando ainda para os investimentos em curso a essa data, como é o caso do PNI 2030 e o Sistema de Mobilidade do Metro do Mondego que iniciaram em 2021, a AMT alertava que «constata-se desde já, nestes três anos iniciais, que as médias de execução orçamental foram baixas, respetivamente 34% e 52 %, o que pode desde já indiciar atrasos na conclusão dos projetos, com os consequentes impactos negativos em termos económicos e sociais».
E deixou recomendações ao Governo para que fizesse uma auditoria externa ao plano de investimento na ferrovia o que, parece, foi aceite, segundo garantiu a IP. «A recomendação assinalada [da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT)], da realização de uma auditoria externa, com a intervenção de entidade especializada no domínio das obras públicas, […] será certamente um elemento essencial para melhorias de processos e aplicação de medidas corretivas futuras aos investimentos», disse fonte oficial da empresa à Lusa.
Em números, o relatório da AMT revela que o valor de investimento já acumulado desde 2015 até 2023 e o que se prevê realizar na infraestrutura ferroviária até 2028 e anos seguintes, totaliza 6.202,3 milhões de euros.
Aeroporto volta a ser dor de cabeça
Ao contrário da ferrovia, a futura localização do aeroporto de Lisboa poderá estar comprometida. Apesar do ainda Governo ter avançado com Alcochete, o Nascer do SOL sabe que poderá não ter havido um acordo com o PS em relação ao local da nova infraestrutura. A decisão foi tomada pelo Executivo, seguindo a recomendação da comissão técnica independente.
Ao nosso jornal, José Furtado, especialista em planeamento estratégico de infraestruturas de transporte acredita que este projeto estará suspenso e que está em cima da mesa, para já, é aumentar o atual aeroporto da Portela, tal como já estava previsto. «Também não há pressa, neste momento», salientou.