Miguel Macedo. O ex-ministro do PSD abalroado e aviltado

Miguel Macedo. O ex-ministro do PSD abalroado e aviltado


Em 2014, Macedo apresentou a demissão depois de ser acusado de crimes de prevaricação e tráfico de influências.


O coração é um susto. Se a vida lhe dá corda do lado errado, ele começa a roer a corda, e um dia, sem aviso, já não há fio que agarre uma vida. Miguel Macedo, antigo ministro da Administração Interna, fora obrigado a afastar-se da vida política em 2014, apresentou a demissão de ministro ao ver-se acusado de três crimes de prevaricação e um de tráfico de influência no ‘caso dos vistos gold’. Seriam precisos quase cinco anos para se ver ilibado de todas as acusações, mas o mal estava feito. Depois de eleito sete vezes deputado do PSD pelo círculo de Braga, sentiu que fora abalroado, e não quis mais comprometer-se com aquele grau de exposição. Após sair a sentença do Tribunal da Relação de Lisboa, ainda pôde dar um brado e repudiar a campanha para desacreditá-lo: «Foi a resposta às canalhices que me fizeram nos últimos quatro anos».


Paulo Rangel, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, publicou uma mensagem no X em que diz ter ficado «devastado» ao saber da morte de Miguel Macedo, que homenageia definindo-o como «competente, íntegro, leal», e não se esquecendo de assinalar como «sofreu as agruras de injusta acusação, quebrando uma carreira irrepreensível».
Macedo retomara a vida civil e profissional enquanto advogado, e até ao ano passado tinha-se mantido afastado da vida pública. Surgiu então o convite para integrar o painel de comentadores do programa O Princípio da Incerteza da CNN Portugal, com Pacheco Pereira, Alexandra Leitão e Carlos Andrade, em substituição de António Lobo Xavier, que se despedira do programa em abril do ano passado. Assim, o ex-ministro pôde beneficiar de uma visibilidade que lhe restituía a reputação que viu manchada. Desde cedo se envolveu na luta partidária, e mal se licenciou em Direito na Universidade de Coimbra, tornou-se militante da Juventude Social Democrata e, posteriormente, aderiu ao PSD. Secretário de Estado da Juventude de Cavaco Silva, entre 1990 e 1991, e secretário de Estado da Justiça nos governos de coligação PSD/CDS-PP de Durão Barroso (XV) e de Pedro Santana Lopes (XVI), foi ainda secretário-geral do partido entre 2005 e 2007, quando o PSD era liderado por Luís Marques Mendes.