O líder do Chega já reagiu às palavras do primeiro-ministro, que abriu, este sábado, a porta à apresentação de uma moção de confiança ao Governo.
“José Sócrates não faria muito diferente do que fez Montenegro. Foi uma desilusão enorme”, disse André Ventura, sublinhando que “é impossível viabilizar a confiança de um primeiro-ministro com este grau de suspeição sobre si próprio”.
Rui Tavares, deputado do Livre, começou por dizer que a declaração do primeiro-ministro não foi clara, mas que na eventualidade de uma moção de confiança no Parlamento, votará contra.
“Aceitamos a decisão do primeiro-ministro de apresentar uma moção de confiança ao Parlamento, se é que foi isso que ele fez”, disse, acrescentando que o Livre “não tem confiança política e institucional no primeiro-ministro”.
Já Paulo Raimundo adiantou que o PCP vai apresentar uma moção de censura ao Governo, acusando o primeiro-ministro de “passar por cima dos factos”.
“Este governo e a sua politica não merecem confiança, merecem sim censura e condenação. Uma censura às praticas, factos e acontecimentos que envolvem o Governo, mas sobretudo uma moção de censura a uma politica de baixos salários e pensões, de ataques a direitos, de degradação dos serviços públicos, desinvestimento público, limitação ao aparelho produtivo, promoção da especulação imobiliária, privatizações e défice produtivo”, disse o líder do PCP.
Para Rui Rocha, “Luís Montenegro não compreendeu ainda a gravidade da situação em que se envolveu”.
O líder da Iniciativa Liberal considera que a passagem da gestão total da empresa para os filhos “não será agora o movimento suficiente” e que, após a declaração, sai “um primeiro-ministro fragilizado”.
No entanto, não esclareceu a posição da IL quanto à moção de censura anunciada pelo PCP.
A coordenadora do Bloco de Esquerda considera que o primeiro-ministro “não respondeu às perguntas” e que “o facto de ter admitido vender a sua empresa é em si uma confissão”.
Em relação a uma eventual moção de confiança, Mariana Mortágua adiantou que o BE votará contra. Para a bloquista, Luís Montenegro “chantageou o país”.
Sobre a moção de censura do PCP, o BE quer “avaliar o texto” e só depois tomará uma decisão.
O líder do maior partido da oposição também não poupou nas críticas ao discurso do primeiro-ministro, que acusou ser de “propaganda”, referindo-se à enumeração das medidas do Governo em vários setores.
“Tivemos uma fuga para a frente, em que não é capaz de assumir as responsabilidades, enfrentar o escrutínio e ter a coragem de assumir as consequências deste caso”, afirmou Pedro Nuno Santos.
“Se o senhor primeiro-ministro não se demite e acha que não tem condições para governar, que o assuma. Não transmita para o Parlamento uma decisão que não é sua”, acrescentou.
Concretamente, sobre uma moção de confiança, o secretário-geral do PS, lamentou que Luís Montenegro “ameace” o país e garantiu que, na eventualidade de o Governo a apresentar, votará contra.
Por outro lado, o CDS, partido da coligação no Governo, ficou satisfeito com os esclarecimentos do primeiro-ministro.
“Deu todas as explicações nas dimensões pessoais e políticas. Não há nenhuma razão para uma crise política. Os portugueses não querem nenhuma crise política. A acontecer, essa crise terá toda a responsabilidade da oposição”, disse o líder da bancada centrista.
“Compete agora ao PS e à IL dizerem se se colocarão ao lado do PCP e previsivelmente do Chega, trazendo a Portugal instabilidade”, acrescentou Paulo Núncio.