O ex-chefe do Estado Maior da Armada afirmou, esta terça-feira, que tenha de existir uma dicotomia entre aumentar o investimento em Defesa e cortar no Estado Social.
“Não há aqui uma dicotomia. Essa dicotomia, canhões ou manteiga, é uma dicotomia que se quer fazer passar, mas é canhões e manteiga. Neste caso, os canhões para proteger a manteiga, e, claro, a manteiga para sustentar as pessoas que estão a tratar os canhões”, defendeu Gouveia e Melo.
O almirante participou hoje num debate sobre “O Papel de Portugal no mundo” com o vice-presidente da Assembleia da República e presidente da Assembleia da NATO, o deputado do PS Marcos Perestrello, organizado pela SEDES (Associação para o Desenvolvimento Económico e Social) Jovem.
Gouveia e Melo, que não assumiu uma candidatura a Belém, foi questionado se será necessário a Europa cortar no Estado Social para aumentar o investimento na defesa que tem sido pedido pela NATO e pelos Estados Unidos.
“Eu não vou falar sobre a Europa, vou falar sobre Portugal porque é o que nos interessa. Não há um ‘ou’, há um ‘e’. Tem de ser as duas coisas. Claro que nós não devemos cortar no Estado Social, porque isso é o que garantiu a solidariedade e a coesão europeia, que no mundo inteiro é uma das marcas da nossa sociedade e do nosso diferencial positivo”, sublinhou.
Para o almirante, se o investimento na área militar resultar numa “economia mais produtiva e tecnológica”, o Produto Interno Bruto irá crescer e será possível direcionar esse aumento para outras áreas.
“O Estado Social não é um interruptor on-off. Nós gastamos cerca de 64%, 65% da despesa do Estado na área social. Se gastarmos 64,5%, o Estado Social não cai no dia seguinte. Temos de encontrar sinergias e ser mais eficientes”, disse, acrescentando que as verbas adicionais para a Defesa podem vir de outros sítios para além da despesa social.