O principal índice alemão (DAX) tem registado uma valorização superior a 13% desde o início do ano. No entanto, de acordo com os analistas da XTB, as causas deste aumento são difíceis de explicar. «A valorização do DAX pode refletir a expectativa dos investidores de que o próximo Governo venha a assumir uma posição favorável às empresas», mas também lembram que, «em contrapartida, especula-se sobre um possível agravamento da recessão na principal economia europeia, o que levaria o Banco Central Europeu (BCE) a adotar medidas de estímulo monetário». «Ainda assim, a ausência de uma queda significativa nas taxas de juro das obrigações do tesouro alemão, em paralelo com a valorização do DAX, sugere que esta última especulação pode ser um fator, mas não é suficiente para explicar a subida do índice».
No entanto, os analistas admitem que, independentemente da justificação para os ganhos recentes, a questão assenta nos resultados do ato eleitoral de domingo. «A probabilidade de vitória da CDU/CSU poderá ser a resposta para o otimismo dos investidores em relação ao DAX, dada a tradicional defesa da estabilidade económica por parte dos conservadores», acrescentando que «um Governo liderado pela CDU/CSU poderia implementar benefícios fiscais, menos burocracia e alocação de capital em infraestruturas e tecnologia, potencialmente impulsionando o mercado a longo prazo».
Mas é certo que chamam a atenção para o facto de o DAX já ter registado uma subida acentuada no período que antecedeu as eleições, o que, de acordo com os mesmos, «aumenta a probabilidade de um recuo de preços a curto prazo».
Mas levantam o véu para outros cenários. «Um resultado forte por parte da AfD, que apenas permitiria à CDU formar uma maioria governamental com o SPD e o Partido Verde, criaria incerteza política e, em combinação com os fortes ganhos do DAX nos últimos tempos, iria favorecer a realização de lucros», lembrando, no entanto, que é preciso ter em conta que o candidato a chanceler da CDU, Friedrich Merz, excluiu uma coligação com a AfD.
Segundo ano consecutivode recessão
A economia alemã recuou 0,2% em 2024. Trata-se do segundo ano consecutivo de recessão para a Alemanha.
Recorde-se que, em 2023, a economia alemã já tinha abrandado 0,3% – 0,1% após ajustamento para efeitos de calendário –, enquanto para este ano os especialistas previam, no máximo, um ligeiro crescimento.
«Os encargos conjunturais e estruturais impediram um melhor desenvolvimento económico em 2024», disse a presidente da Destatis, Ruth Brand, acrescentando «que estes incluem o aumento da concorrência para a indústria de exportação alemã em importantes mercados de vendas, altos custos de energia, taxas de juros persistentemente altas e uma perspetiva económica incerta e neste contexto, a economia alemã registou uma nova contração em 2024».
E o indicador de sentimento económico ZEW registou uma queda em janeiro, o que revela um aumento do pessimismo entre os analistas financeiros sobre as perspetivas económicas da maior economia europeia.
De acordo com os mesmos dados, o índice caiu 5,4 pontos em janeiro face a dezembro, fixando-se agora nos 10,3 pontos. «O segundo ano consecutivo de recessão causou uma queda nas expectativas económicas na Alemanha», referindo que «o ano começou com um declínio notável no indicador correspondente», o que pode «dever-se, entre outros fatores, aos números negativos de crescimento do PIB recentemente divulgados e ao aumento da pressão inflacionária».