O homem acusado de ter esfaqueado mortalmente um amigo num Alojamento Local (AL), em abril de 2024, no Porto, e tentado desfazer-se do corpo, alegou esta terça-feira legítima defesa. O suspeito está acusado dos crimes de homicídio qualificado, detenção de arma proibida e profanação de cadáver.
Na primeira audiência do julgamento no Tribunal de São João Novo, o arguido, de 24 anos, explicou ao tribunal que ele e o amigo vieram passar uma semana no Porto. Ao anunciar a sua decisão de regressar à Holanda, onde residia e trabalhava, os dois envolveram-se numa discussão.
Mais tarde apercebeu-se de que o amigo se encontrava com uma faca na mão com a qual o terá atacado. “Tentei tirar-lhe a faca da mão”, contou, acrescentando que, não tendo conseguido, teve que se “defender” das alegadas agressões, mordendo-o, até conseguir a faca que acabou por usar para alegadamente matar a vítima.
Sobre os motivos dos acontecimentos daquele dia, 16 de abril de 2024, explicou que foi a recusa em dar o dinheiro que o amigo lhe pediu para ficar em Portugal. O alojamento, um estúdio, com uma cama, tinha sido alugado e pago pelo alegado homicida.
“Tudo aconteceu numa situação de defesa, ou ele me matava ou eu o matava a ele, (…) consegui tirar-lhe a faca e usei toda a minha energia para me defender”, afirmou o arguido, citado pela agência Lusa.
O tribunal confrontou o suspeito com o facto de alegadamente ter tentado desfazer-se do cadáver. A situação foi confirmada por uma testemunha, o motorista TVDE, a quem pediu para o transportar ao aeroporto. Esta contou ao tribunal que, no caminho, o arguido lhe terá explicado o que tinha acontecido e pedido ajuda a troco de “muito dinheiro”.
O motorista ao aperceber-se de que o que acabara de ouvir poderia ser verdade, uma vez que o indivíduo transportava um saco de grandes dimensões, na mala, e apresentava ferimentos nas mãos, decidiu dirigir-se para uma esquadra da PSP.
Na primeira audiência foram também ouvidos o, então, gerente do alojamento local, um vizinho e o dono do estabelecimento comercial onde o arguido comprou o saco. A compra foi gravada por câmaras de videovigilância.