Gyalo Thondup. O irmão mais velho de Dalai Lama

Gyalo Thondup. O irmão mais velho de Dalai Lama


1928-2025. O homem que lutou pelo Tibete.


O irmão mais velho de Dalai Lama e ex-Presidente do governo tibetano no exílio na Índia, Gyalo Thondup, que liderou várias negociações com a China e trabalhou com governos estrangeiros pela causa tibetana, morreu no passado sábado, em Bengala Ocidental, Índia, aos 97 anos.

Segundo o The New York Times, foi o gabinete do próprio Dalai Lama que confirmou a sua morte. Numa cerimónia em sua memória, no Mosteiro Tashi Lhunpo, no sul da Índia, que ocorreu no domingo, o líder espiritual afirmou que Gyalo «era um bom homem que fez o melhor que pôde pela causa tibetana». Referindo-se à crença budista no ciclo de renascimento, acrescentou: «Rezo para que ele tenha um bom renascimento como tibetano novamente e que seja capaz de servir à administração tibetana que é uma combinação de espiritualidade e política mais uma vez».

Thondup, um dos seis irmãos de Dalai Lama e o único irmão «não preparado para uma vida religiosa», nasceu em 1928 na província de Amdo, Tibete, numa família de agricultores.  O seu pai pretendia que este se tornasse um fazendeiro e continuasse a propriedade da família. Por isso, aos 14 anos foi enviado para Nanquim – a capital de Jiangsu, uma província no leste da China –, para estudar chinês padrão e a história do país. Em 1948, casou-se com Zhu Dan, filha de um general do Kuomintang.

Em 1950 o Exército de Libertação Popular invadiu o Tibete, marcando o início do controlo chinês sobre a região. Testemunhando esses eventos, Thondup envolveu-se profundamente na defesa contra o domínio chinês no Tibete. Após a queda do Tibete, estabeleceu-se na Índia, em 1952, e tornou-se uma figura-chave entre a comunidade exilada tibetana e o governo indiano. Além disso, desempenhou um papel crucial no desenvolvimento de contactos com líderes indianos, incluindo o então primeiro-ministro Jawaharlal Nehru, e autoridades dos EUA em busca de apoio para a região.

Apesar disso, escreve o The New York Times, ao contrário do seu irmão que tem sido frequentemente mais voltado para o público, Gyalo era visto como um agente geopolítico reservado que se sentia mais confortável longe dos holofotes.