“Rei Lear decide dividir o seu reino entre as suas filhas. Antes de o fazer, porém, desafia-as a provar o seu amor. As duas mais velhas agem conforme esperado, mas a mais nova recusa-se a afirmar seja o que for. A relutância desta enfurece-o e é banida para sempre. Lear divide assim o país entre as suas duas filhas mais velhas. Julgando mal a sua lealdade, rapidamente se vê despojado de todas as armadilhas de estado que o definiam – poder e riqueza”. Esta é a história da nova criação coletiva da Companhia Chapitô que estará em cena de 1 a 23 de Março.
Segundo o comunicado enviado ao i, nesta versão minimalista de ‘Rei Lear’, três intérpretes dão corpo a todas as personagens, movendo-se numa ação incessante de liberdade. “O meta-teatro, que expõe a relação entre ficção e realidade, revelando os seus dispositivos de construção, emerge como a chave deste jogo. Um mecanismo vital para resistir à tragédia”, adianta a companhia.
Segundo o coletivo, “não se trata apenas de narrar uma história, trata-se de habitá-la, desafiá-la, desdobrá-la em movimentos que transformam corpos, vozes e espaços em algo instável, efémero, intencionalmente artificial”.
“O palco, esse território mutável, é o lugar onde as personagens se dissolvem e se recompõem, onde os intérpretes transitam sem aviso entre camadas de interpretação, expondo as entranhas do poder e da ganância”, continua, acrescentando que são os atores, “o coração pulsante da obra, ao mesmo tempo múltiplos e singulares, enquanto erguem e destroem o jogo cénico, revelando um espectáculo que é tanto sobre Rei Lear quanto sobre a própria essência de contar uma história”.
Com encenação de José C. Garcia, o espetáculo conta com a participação de Carlos Pereira, Susana Nunes e Tiago Viegas.