Filipe La-Salette tem 46 anos e é Mediador de Seguros em Évora, a sua cidade natal. Desde cedo e por influência paterna (o seu pai é o maior «petrolhead» que conhece) desenvolveu um gosto particular pelos automóveis, sobretudo os clássicos. «Como adoro História, a importância da indústria automóvel no desenvolvimento e mobilidade da sociedade sempre foi para mim motivo de interesse e curiosidade», conta à LUZ. «Muito se fala na Revolução Industrial e agora na Revolução Tecnológica, mas essa Revolução da Mobilidade que o automóvel introduziu ao longo do séc. XX não é de menor importância», acredita.
Segundo o Mediador de Seguros, existe uma tendência humana natural de extrapolar os nossos gostos para o nosso quotidiano. «Se entrar na casa de um caçador, mesmo sem saber que o é, haverá sempre algo que o ‘denuncia’: um quadro com o tema, um objeto, o que for. E isto é verdade para qualquer hobby ou gosto pessoal», explica. «Nesta paixão pelos automóveis é o mesmo, no meu caso sempre tive algumas miniaturas de automóveis que me marcaram e com os quais sonhava», continua.
Em 2020, conseguiu concretizar um dos seus sonhos: ter um clássico. «Curiosamente não procurei especificamente um modelo, mas aconteceu por um conjunto de coincidências que surgisse um Fiat 600, de 1970. A partir daí a curiosidade pela sua história, pela importância que teve na indústria, todos os pormenores de ter um carro destes acaba por culminar também numa coleção de miniaturas deste modelo e dos seus derivados», revela Filipe.
Interrogado sobre aquilo que há de tão especial nestes modelos, o mesmo explica que, neste caso concreto do Fiat 600, é o facto de «ter sido um dos maiores exemplos da democratização do acesso ao automóvel nos pós II Guerra Mundial». «Foram automóveis como o Fiat 600 que literalmente construíram a indústria como a conhecemos hoje, e que permitiu a muitas famílias poderem ter um carro, algo que até aí era quase exclusivo de uma classe mais alta da sociedade», lembra. «E que melhor homenagem senão poder, em formato miniatura, mostrar e dar a conhecer toda essa história à família e amigos?», interroga.
Para Filipe, é difícil escolher um preferido, já que «todas as miniaturas têm um detalhe ou uma história para contar». «Mas uma das que mais gosto é a miniatura de uma Fiat 600 Multipla, um derivado do Fiat 600 que é considerado como o primeiro monovolume da história do automóvel, e que pertencia à Loja Studer, em Palermo – Itália, uma loja de brinquedos fundada em 1930», adianta. «Em meados dos Anos 50 tinham uma Fiat 600 Multipla na qual transportavam pela cidade os artigos que vendiam, como forma de os publicitar. Esta reprodução à escala 1:43 é magnífica e com pormenores deliciosos, como os quatro pequenitos carrinhos a pedais no seu tejadilho, e acompanhada por uma foto da loja nessa época», descreve.
A coleção é, tal como já referido, composta essencialmente por miniaturas de Fiat 600 e seus derivados: Multipla, Abarth, Jolly, NSU-FIAT, Seat 600 ou Zastava. «E em escalas diferentes, desde as pequeninas 1:87 até a umas já ‘robustas’ 1:18. Não esquecendo obviamente o principal, de escala 1:1, como digo em modo de brincadeira, e que mora na garagem», brinca.
Da Fiat à Porsche
Recentemente, e por ser a sua marca de eleição desde pequeno, adquiriu o seu primeiro Porsche, um Boxster 986 de 2001, e «como é da praxe» lá iniciou também uma coleção de miniaturas Porsche. «Essa ainda apenas com cerca de 20 exemplares, mas pretendo obviamente continuar a aumentar», afirma.
Atualmente tem 70 miniaturas de Fiat 600 e derivados. «Dada a situação da pandemia Covid-19, quando iniciei a coleção, comecei por comprar online, mas atualmente aproveito para visitar os principais eventos de clássicos em Portugal, onde passo literalmente horas a vasculhar as bancas de miniaturas ali presentes», revela Filipe.
«Quando comprei o Fiat 600, uma das primeiras miniaturas que adquiri foi da marca Revell, à escala 1:18, e que desde logo procurei personalizar: transformá-la numa miniatura do meu próprio carro, com todos os seus pormenores individuais, desde a cor exterior, interior, a matrícula e a curiosa mala antiga que carrega num porta-bagagens, na tampa do motor», lembra. «Descobri por mero acaso que um amigo meu, que está a restaurar também um 600, tinha como hobby a personalização de miniaturas (algo que eu desconhecia), e teve a amabilidade de personalizar a minha. Está um trabalho fantástico, uma miniatura igual ao meu carro», partilha ainda.
O Mediador de Seguros, não se considera exigente na escolha das suas miniaturas, «até porque muitas vezes o impulso da paixão impõe-se a qualquer outro fator». «Tento apenas não repetir exemplares que já tenha e ter cuidado com o seu estado de conservação, quando se trata de miniaturas usadas», confidencia.
Relativamente ao dinheiro que já gastou na coleção, Filipe não consegue quantificar. «Aliás, nem acho que seja essa a questão principal. Todas as miniaturas foram compradas em ocasiões diferentes e a preços diferentes, e a sua soma sinceramente não me importa contabilizar», frisa.
Tem a coleção arrumada numas estantes que comprou «próprias para o efeito, com iluminação integrada». «Tenho-as na minha sala. Gosto de poder ver, apreciar e mostrar a coleção com frequência, é algo que me completa e realiza enquanto colecionador e amante de automóveis», admite.