Apenas um em cada três jovens acredita que vai comprar casa nos próximos anos

Apenas um em cada três jovens acredita que vai comprar casa nos próximos anos


Não há habitações acessíveis em termos de tipologia e preço, compatíveis com os rendimentos nacionais


Casas caras e salários baixos impedem a independência habitacional dos jovens.  Um estudo revelado esta quinta-feira conclui que preços elevados das habitações (43%) e rendimentos insuficientes (30%) são os principais obstáculos a que os jovens se consigam emancipar.

O estudo “Habitação para jovens em Portugal: desafios e tendências atuais”, desenvolvido pela Century 21 e a que o nosso jornal teve acesso, revela ainda que a independência habitacional em Portugal varia consoante a faixa etária.

Segundo o documento, 88,6% dos jovens entre os 36 aos 40 anos vivem de forma independente. O número desce para 76,3% entre os 28 e os 35 anos, mas entre os  os jovens dos 20 aos 27 anos, quase metade (49,5%) ainda vive com os pais.

Um dos principais obstáculos à independência são os preços elevados das habitações, um desafio agravado pela forte concentração da oferta de imóveis em valores superiores a 300.000€. Estas representam a maior parte das casas disponíveis no mercado. 

Em Lisboa, essa tendência é ainda mais acentuada, com 59% da oferta nessa faixa de preço, enquanto no Porto o valor é de 56%. No segmento acima dos 300.000€, a tipologia disponível no Porto é o T2 (25%), e em Lisboa, o T3 (26%).

“Para muitos jovens, sair de casa dos pais significa dar início a uma vida a dois, mas a verdadeira dificuldade não está na vontade de emancipação e sim na conjugação de rendimentos baixos com a instabilidade profissional», diz o CEO da Century 21 Portugal citado no estudo.

«Ter uma casa própria e construir um futuro continua a ser um grande sonho para a maioria dos jovens portugueses. No entanto, para muitos, esse sonho tem sido adiado indefinidamente. Este estudo apresenta uma realidade inquestionável: os jovens não desistiram de sair de casa, mas o sistema tem dificultado que consigam atingir esse objetivo de vida”, acrescenta Ricardo Sousa.

O estudo da Century 21 Portugal conclui que o problema do acesso à habitação é amplamente disseminado, e afeta em especial os jovens, uma vez que não há habitações acessíveis em termos de tipologia e preço, compatíveis com os rendimentos nacionais.