Durante um ano e meio, Anne, uma designer de interiores francesa de 53 anos, acreditou que estava num relacionamento à distância com o ator norte-americano Brad Pitt, de 61. No entanto, durante esse período, estava a trocar mensagens com burlões que se fizeram passar pela estrela de Hollywood e que conseguiram que esta lhes enviasse a quantia exorbitante de 830 mil euros. Como? Perguntamo-nos… A verdade é que nem toda a gente está familiarizada com a inteligência artificial e, em várias fases da vida, podemos estar extremamente vulneráveis e mais fáceis de manipular. E Anne era uma dessas pessoas. Aliás, antes de tudo acontecer, a designer nem tinha redes sociais.
A mulher ideal
Tudo começou em fevereiro de 2023. Anne estava de férias na neve e decidiu criar um perfil de Instagram para partilhar algumas das fotografias que ia tirando com o seu marido e a filha. Segundo a mesma, numa reportagem na qual participou para o canal TF1, no programa Sept à Huit e que acabou por ser eliminada pelo próprio canal francês, foi contactada por uma mulher que dizia chamar-se Jane Etta Pitt: «É de uma mulher como você que meu filho precisa», escreveu-lhe, alegando ser a mãe do artista. A designer achou estranho, mas manteve o contacto. Pouco tempo depois, recebeu uma mensagem de um homem que afirmava ser Brad Pitt. «A minha mãe falou-me muito bem de ti», revelou, interrogando se Anne fazia parte do universo mediático. «Faço muita atenção à minha vida privada», acrescentou o criminoso. A partir desse momento, começou aquele que se revelaria, mais tarde, o seu maior pesadelo e que acabou por levá-la à falência.
Num período em que o seu casamento já se encontrava bastante tremido, Anne começou a ter sentimentos por essa pessoa. «Num momento tão frágil, tinha uma pessoa que se interessava por mim, pelo meu trabalho. O meu marido nem pelo meu trabalho se interessava. Eu estava muito sozinha», explicou. As mensagens tornaram-se cada vez mais e mais íntimas. «Quero-te bebé. Amo-te tanto. Eu adoro-te», mostrou ao programa Sept à Huit. O falso Brad Pitt enviava-lhe poemas de amor, que Anne traduzia para francês. «Eu amava o homem que estava a falar comigo. Ele sabe como falar com as mulheres», garantiu.
A designer partilhou ainda as fotografias que este lhe enviava, incluindo documentos pessoais como o passaporte. Noutras, o ator aparecia «mais natural», em vários locais. «Não tinha maquilhagem, não estava no seu melhor. Era este o género de fotos que me enviava. Pareciam selfies tiradas por ele», admitiu, revelando que procurou várias vezes pelas fotografias que recebia na internet, para se assegurar que estas eram apenas para ela. «Como não encontrava, acreditava mesmo que ele as tinha tirado para mim. É uma loucura», lamentou.
Uma teia de aranha
Com o passar do tempo, outras personagens foram entrando em cena como Jeremy Kleiner, alegado agente do artista, e Shiloh Jolie, filha de Brad Pitt e Angelina Jolie.
Anne chegou a receber uma mensagem em nome da jovem. «Querida Anne, quero receber notícias tuas e do papá. Responde-me. Obrigada», lê-se no email que partilhou com o canal francês. Todos os contactos eram feitos através do email ou das redes sociais. O homem arranjava sempre uma desculpa para não atender o telemóvel e a designer começou a desconfiar. O burlão, porém, conseguiu «segurá-la», prometendo uma viagem à Europa para a conhecer pessoalmente e enviando-lhe vídeos construídos a partir de inteligência artificial.
Seguiram-se depois os presentes. Louis Vuitton, Hermès, Chanel… Segundo Anne, apenas presentes luxuosos. Mas, para surpresa da mesma, foi ela quem os teve de pagar. O homem pediu-lhe que esta pagasse «le droits de douane pour le colis», ou seja, as taxas que se tem que pagar quando se envia encomendas para fora da Europa, ou vice-versa. «As suas encomendas encontram-se bloqueadas por causa das taxas», lê-se num email partilhado pela vítima que pagou 5.180 dólares.
Anne não achou piada ao sucedido e confrontou o falso Brad Pitt. «Foi nesse momento que ele me anunciou que tinha as contas bloqueadas devido ao processo que tinha a decorrer com Angelina Jolie. Que tinha milhões de dólares, mas que não lhes podia tocar», explicou. No total, a francesa pagou nove mil euros pelas prendas que nunca chegou a receber.
Já depois de estar divorciada do marido, em julho de 2023, o burlão fê-la acreditar que estava com um grave cancro no rim e que tinha sido hospitalizado. «Ele enviava-me fotografias numa cama de hospital. Não achei que as fotos fossem falsas», admite. Nessa altura, entra no esquema um outro personagem: o médico Hatem da clínica Mayo. Tanto o médico como a clínica existem mesmo. Anne chegou a receber o documento de identificação do profissional que começou também a enviar-lhe emails. Num deles, recebido em dezembro, o alegado médico dizia que tinham de passar rapidamente a um transplante de rim. «É o médico que vos escreve. O seu marido entrou em coma (…) Está num estado muito preocupante, está a lutar para sobreviver», lê-se no documento.
De acordo com a designer de interiores, os emails de Hatem eram muito pormenorizados, fazendo-a acreditar naquilo que este escrevia. Anne pagava as contas, acreditando que estava a salvar a vida de um homem que depois lhe devolveria o dinheiro. Foram mais de 90 mil euros nessa altura para uma conta na Turquia. Mas, mais uma vez, Anne não colocou nenhuma questão. Até porque o falso ator ameaçava que se ia suicidar se esta não o ajudasse. A francesa chegou a bloquear essa pessoa 40 vezes, mas voltava sempre atrás com a sua decisão. Jatos, medicamentos, procedimentos médicos… O dinheiro continuava a desaparecer.
Na reportagem do canal francês, ouvimos também Sandrine, a sua melhor amiga, que garante que também caiu no esquema. «Para mim não era um falso Brad Pitt. Para mim era uma verdadeira história de amor. Ela mostrava-me a troca de mensagens, os cartões de identidade enviados. Para mim, era um casal normal, havia apenas uma grande distância», partilhou.
O abrir de olhos
Infelizmente, pelo caminho, ficaram vários amigos com os quais acabou por cortar relações, por não acreditarem nela. Aliás, Anne ficou chateada com a própria filha, Marie, que a tentou chamar à razão. «Ela estava muito entusiasmada. Mas eu disse-lhe que era mesmo uma parvoíce acreditar naquilo. No princípio até gozei, ainda sou jovem, tenho 22 anos. Ela acreditava mesmo que o Brad Pitt ia ser o meu padrasto», explicou. A jovem estava certa de que a mãe estava a ser burlada e via também o impacto psicológico que as mensagens tinham na sua vida. «Acabou por degradar a nossa relação. Só falávamos disso e fazia-me mesmo muito mal perceber que a minha mãe era assim naif».
Foi quando surgiram as primeiras imagens da estrela de Hollywood com a sua nova namorada, a criadora de joias, Ines de Ramon, que Anne começou a abrir os olhos e a enviar mensagens menos simpáticas. «Estou farta disto. Tens de tomar responsabilidade pelos teus atos (…) Se gostas dela, para de dizer que me amas».
Mais uma vez, a pessoa atrás do ecrã, vitimizou-se. «Não estou com ela. Não me deixes, suplico-te». Enviou-lhe depois um vídeo, mais uma vez, criado a partir de inteligência artificial, onde vemos – como se se tratasse de uma notícia de um órgão de comunicação inventado chamado Daily Headlines – uma pivot a dar a notícia do término de relação entre Brad Pitt e Ines de Ramon. «De acordo com Pitt, este está numa relação de exclusividade e amor com uma pessoa especial que possui um lugar especial no seu coração: Anne», ouve-se na montagem.
No entanto, pouco tempo depois, o verdadeiro artista oficializou a relação com a criadora de joias. Em julho de 2024, a francesa percebeu, finalmente, que tinha estado a ser enganada durante todo esse tempo.
Apareceu então o último membro do esquema. Anne recebeu um email de um oficial do FBI, John Smith, que queria ajudá-la a descobrir o verdadeiro criminoso. Para isso, a designer tinha de lhe pagar cinco mil euros e, mais uma vez, a mulher caiu no esquema. Só mais tarde, numa fotografia que o alegado agente lhe enviou com o documento de identificação na mão, é que percebeu que a cara do homem não era a mesma da foto e que o número da carte blue tinha um outro nome.
Consequências nefastas
Atualmente, Anne não tem casa, teve de vender todos os seus pertences e já tentou suicídio três vezes. «Pergunto-me porque é que me escolheram, porque é que me fizeram tão mal», afirma a chorar no final da reportagem do canal francês. «Estas pessoas precisam de ir para o inferno. Precisamos de encontrar estas pessoas. Ajudem-me a descobri-las», suplica no final da reportagem. Com uma depressão grave, a francesa chegou a ser internada numa clínica psiquiátrica.
Não foi preciso muito para que a história começasse a ser partilhada nas redes sociais, sobretudo no TikTok. Anne começou a ser ridicularizada por vários usuários que, através da inteligência artificial, colocaram na sua cara a cara de Brad Pitt, pedindo para a francesa enviar dinheiro, em modo de gozo, como se fosse impossível cair nestes esquemas. Dias depois, o TF1 retirou a reportagem do seu site e redes sociais. Anne responsabiliza o canal de todo o gozo de que tem sido alvo.
Num vídeo transmitido no canal Legend do YouTube de Guillaume Pley, defendeu-se: «Não sou louca, nem burra. Queria ajudar alguém e fui enganada», exalta, ressaltando que nunca traiu o marido. «Se alguém falar contigo de maneira gentil e te disser coisas que nunca ouviste, nem do teu marido, sim, podes cair na armadilha. Foi assim que aconteceu», continua. A francesa lamenta que o programa Sept à Huit tenha «deturpado» o seu depoimento, insistindo que algumas das declarações transmitidas são falsas. «O jornalista ficou dois dias lá para me entrevistar, mas só reteve o que poderia manchar a minha imagem, para atrair público», alegou. Mesmo sendo difícil de compreender toda a sua raiva (pois é ela quem fala na reportagem), esta planeia processar o canal francês por danos à sua imagem e pelas consequências psicológicas causadas pela transmissão da peça.
Recentemente, um porta-voz de Brad Pitt alertou os fãs do ator para burlões que utilizam a sua imagem. «É terrível que os burlões se estejam a aproveitar da forte ligação dos fãs com celebridades», destacou à Entertainment Weekly. «Este é um lembrete importante para não responder a pedidos indesejados online, especialmente de atores que não estão nas redes sociais, como Brad Pitt», acrescentou.
De acordo com o Le Parisien, desde o outono que Anne tenta resolver o assunto sozinha. Esta abordou Marwan Ouarab, fundador do FindmyScammer, que se esforça para encontrar os burlões das vítimas que o contratam. Segundo a sua investigação, os criminosos estão localizados na Nigéria: «Graças às informações que a Anne me enviou, os números, os endereços de e-mail, as contas nas redes sociais, conseguimos enviar-lhe um link armadilhado que tornou possível revelar as coordenadas de GPS exatas da casa de onde vem a conexão com a Internet», adiantou ao jornal francês. Atrás, três homens com cerca de vinte anos e um roteiro bem ensaiado. O primeiro ficaria encarregue da relação com a vítima; o segundo seria responsável por «criar identidades falsas e vincular números de telefone americanos às contas que falavam com Anne nas redes sociais»; por fim, o terceiro interviria para «gerir o branqueamento de capitais e permitir que os bandidos retirassem os fundos em dinheiro».
Anne acredita que conseguirá recuperar o seu dinheiro, até porque, segundo a francesa, o banco também teve culpa neste caso. Já que houveram muitas coisas que falharam. «Cheguei a estar numa sala privada a mostrar o documento de identificação do Brad Pitt e ninguém achou nada estranho?», interrogou no programa C l’hebdo esta semana.
A importância de consciencializar
Segundo a psicóloga Catarina Lucas, o comportamento de Anne reflete uma dinâmica comum em casos de fraude emocional e financeira. «Esses golpes, embora possam atingir qualquer pessoa, são mais comuns em indivíduos que estejam mais carentes ou em situações de vulnerabilidade, como solidão, perdas recentes ou baixa autoestima», explica. «Os golpistas constroem um vínculo de confiança e manipulam emoções para reduzir o pensamento crítico da vítima, tornando-a mais suscetível», continua a especialista que garante que Anne «não foi ingénua, mas sim alvo de uma exploração emocional estratégica». «Este caso destaca a importância de consciencializar sobre estes golpes para evitar novas vítimas».
Para a psicóloga, a mulher sofreu dupla violência: o golpe, que causou trauma, ansiedade e culpa, e a crítica pública a que foi sujeita, o que pode gerar vergonha, humilhação e isolamento. «Estas situações agravam o sofrimento emocional, afetando a autoestima e dificultando a recuperação. É essencial oferecer empatia e apoio, evitando julgamentos que intensifiquem o impacto psicológico», frisa.
Interrogada como é que a filha entendeu «de caras» que se tratava de um golpe e a mãe, não, Catarina Lucas revela que a diferença ocorreu porque Anne estava emocionalmente envolvida, «o que comprometia a sua capacidade de perceber sinais de fraude». «Ela queria acreditar na relação, e isso criou uma ‘cegueira emocional’. Por outro lado, a filha, mais distante e racional, foi capaz de avaliar os indícios com maior clareza. Quando confrontada, Anne resistiu à crítica, usando um mecanismo de defesa comum: negar a realidade para proteger o vínculo emocional que acreditava ser verdadeiro», detalha.
A francesa também admitiu que, várias vezes, acreditou estar a ser enganada, mas rapidamente mudava de ideias. Segundo a psicóloga, esse comportamento é típico de alguém «emocionalmente dependente e sob manipulação». «Anne alternava entre a dúvida e a crença porque o golpista explorava as suas emoções, reforçando o vínculo sempre que ela hesitava. Essa oscilação reflete a luta entre intuição (desconfiança) e a necessidade emocional de acreditar, algo comum em vítimas de manipulação emocional», afirma.
Infelizmente, este não é um caso isolado. Nos últimos anos, várias histórias como esta vieram à tona. E, em várias, a imagem de Brad Pitt foi utilizada.
O primeiro caso detetado em Espanha de um falso Brad Pitt remonta a 2023. Uma mulher de Granada foi seduzida por um perfil falso do ator e burlada em 170 mil euros. De acordo com o El País, a situação deu origem a uma investigação que resultou na detenção de cinco homens, apesar de existirem diligências sobre outras dez pessoas.
Na altura, as autoridades espanholas explicaram que, após o primeiro crime, foram identificadas outras duas mulheres enganadas, mas por outro falso Brad Pitt. Uma, também de Granada, foi burlada em 175 mil euros; outra, de Biscaia, em 150 mil. A Guarda Civil garantiu que os casos não estão relacionados.
Apaixonada por um falso Johnny Depp
Em 2022, uma mulher, de 61 anos, residente em Osasco, São Paulo, foi enganada por uma pessoa que se fazia passar por Johnny Depp. Segundo a Globo, o criminoso criou um perfil falso do ator no Instagram, iniciando uma conversa de teor amoroso com a mulher que acabou por vender uma casa e um carro, tendo sido extorquida em 208.400 reais (cerca de 40.697 euros).
A mesma publicação explica que, no princípio, ambos conversavam sobre «assuntos do quotidiano» e, mais tarde, o burlão disse precisar de dinheiro para «o pagamento de condenações em processos nos quais estava envolvido», como o mediático caso da disputa judicial com a ex-mulher, Amber Heard, por violência doméstica. Recorde-se que, em junho de 2022, a Justiça deu uma sentença favorável ao artista. «Junto com a história triste de não ter dinheiro para pagar as referidas taxas, teve início um ‘romance’ onde começaram as promessas do burlão levar a mulher para morar com ele. A pandemia contribuiu para que ela acreditasse em todas as mentiras. Ela só procurava uma saída ou mudança de vida», explicou a advogada que a representa, citada pela mesma publicação.
De acordo com o processo, a reformada chegou a realizar uma cirurgia plástica acreditando que iria morar em Los Angeles, nos EUA.
Tal como acima referido, a brasileira admitiu ter vendido um carro e uma casa para ajudar o falso Depp. Os depósitos foram feitos no Banco Brasil numa conta que o burlão disse ser do «amigo brasileiro de seu advogado».
As conversas com o falso Johnny Depp só terminaram quando o filho da vítima descobriu as transferências e a burla de que foi alvo.
Mais tarde, a vítima moveu um processo contra o Banco do Brasil, acusando-os de negligência, «uma vez que permitiu a abertura de uma conta fraudulenta». Segundo a mulher, o banco possui responsabilidade pelo serviço prestado ao consumidor em fraudes cometidas por terceiros. «Houve nítida negligência do banco», afirmou à justiça. A instituição alegou, na altura, que os valores foram transferidos de «livre e espontânea vontade»: «O prejuízo não foi causado pelo banco, mas em razão de acontecimentos que escapam ao seu poder», afirmou a defesa do Banco do Brasil, citada pelo meio de comunicação brasileiro.
15 anos a ser enganado
Mas se pensa que um ou dois anos é muito tempo para estarmos a ser enganados, imagine 15… Em 2023, de acordo com a Vanity Fair Itália, duas mulheres foram acusadas de fraude contra o jogador de voleibol Roberto Cazzaniga. Valeria Satta e Manuela Passero, extorquiram mais de 500 mil euros ao desportista de 45 anos.
As duas mulheres, uma residente em Vimercate, província de Monza, e outra na província de Cagliari, terão feito Roberto Cazzaniga acreditar que estava noivo de uma modelo brasileira, Maya Mancini, que na verdade não existe.
De acordo com a imprensa italiana, Valeria Satta, foi a «voz», fingindo ser Maya e, com a cumplicidade de Manuela Passero – amiga de longa data do jogador –, estabeleceu e cultivou uma relação telefónica para fazê-lo acreditar que estavam a viver uma verdadeira história de amor. De maneira a dar credibilidade ao golpe, enviou a Cazzaniga fotos da modelo Alessandra Ambrosio, conhecido rosto da Victoria’s Secret.
A falsa modelo pedia continuamente dinheiro, dizendo ao jogador que precisaria dele para tratar algumas patologias gravíssimas, para pagar as despesas médicas de consultas e cirurgias. A desculpa? Mais uma vez, «privação económica» consequente do «bloqueio de contas bancárias familiares» devido a uma situação sucessória na sequência da morte dos bisavós.
Assim, com cerca de 1400 transações, incluindo recargas Postepay – cartões pré-pagos – e transferências bancárias, Cazzaniga transferiu centenas de milhares de euros para as duas mulheres de 2008 a 2021. O desportista aceitou que o relacionamento permaneceria à distância porque foi levado a acreditar que Maya tinha uma «doença cardíaca grave» e «patologias imunodepressivas que proibiam o contacto com estranhos».
Escreve a Globo que Valeria chegou a fazer uma uma transformação completa à sua casa em 2017, com dinheiro doado por Cazzaniga. Desempregada e mãe de dois filhos, não atendeu aos pedidos de Cazzaniga para vê-la depois do caso ter repercutido na imprensa italiana. «Fizemos sexo por telefone durante anos», disse na altura Cazzaniga, em lágrimas, segundo o portal Casteddu Online. «Eu sempre a chamei de amor. Ela nunca. Tive de insistir. Ela disse-me que precisava de estar ligada às máquinas porque sofria de problemas no coração», desabafou. «Não, nunca nos vimos», disse Cazzaniga ao Corriere della Sera. «Ela deu mil desculpas, doença, trabalho… Mesmo assim, telefonema após telefonema, apaixonei-me por aquela voz (…) Contactos, só através do telemóvel, quase diariamente. Chamadas antes de ir para o treino, ou à noite, antes da hora de dormir. Como é que consegui dar-lhes todo esse dinheiro? No final, chegámos a um total de 700 mil euros. Agora que esse pesadelo acabou, é como se eu tivesse acordado de um coma que me fez perder quinze anos de vida», acrescentou.
O caso com a imagem de Arnold Schwarzenegger
No ano passado, uma mulher de 74 anos, de Caraguatatuba, no Litoral Norte de São Paulo, perdeu mais de 200 mil reais, cerca de 35 mil euros, ao ser enganada por um burlão, que se fazia passar pelo ator Arnold Schwarzenegger para pedir ajuda nas redes sociais, afirmando estar a passar por «necessidades». Segundo a Globo, o caso aconteceu num período de quase dois anos, entre 2020 e 2022.
A mulher chegou a vender a própria casa, um carro e a fazer empréstimos, acreditando que estava a ajudar o ator e que seria reembolsada pela estrela, até descobrir que foi vítima de um golpe. «Ele pediu ajuda para salvar o dinheiro do divórcio. Eu não desconfiei. Fui ingénua. Nunca pensei que seria um criminoso a falar comigo. Ele prometeu-me uma recompensa se eu o ajudasse», desabafou a idosa em entrevista ao Brasil Urgente, sob anonimato. «Fui despejada, estou a morar numa casa alugada e já me tentei matar. Fiquei muito doente, em depressão. Tudo para o qual eu lutei, desapareceu. Fiquei escondida durante dois anos, com muito medo», admitiu.
