Cristiano Ronaldo celebra, dia 5 de fevereiro, o 40.º aniversário, nada que perturbe a sua determinação em continuar a jogar ao mais alto nível. Há poucos dias, soube-se que vai prolongar o contrato com o Al Nassr, até junho de 2026, e receber a colossal quantia de 183 milhões de euros – valor que inclui o salário-base e direitos de imagem – além de ficar com 5% das ações do clube, o que revela bem a importância do português no projeto desportivo e económico do Al Nassr. A grande questão é saber quanto vale 5% de um dos clubes mais poderosos do reino saudita. Como o Al Nassr não está cotado em bolsa e os relatórios financeiros são desconhecidos, não há um valor exato, mas é, seguramente, muito dinheiro.
A chegada de Ronaldo constituiu um espetacular golpe de marketing. É verdade que teve um custo para o clube em 2022, mas os benefícios económicos são significativos. Na época passada, o Al Nassr gerou um recorde de receitas que atingiu os 105 milhões de euros. Como acionista, vai ter influência direta na política de contratações de modo a que o clube possa lutar por títulos com o Al Hilal e Al Ittiahd. «É bom ver a liga saudita a desenvolver-se com a chegada de mais estrelas», afirmou o internacional português. Esta sinergia entre a componente desportiva e a visão comercial pode transformar o Al Nassr num player maior do futebol mundial.
O capitão de Portugal continua a ser o jogador mais bem pago do mundo com 183 milhões de euros por ano, o que significa 15,2 milhões por mês, 3,8 milhões por semana, 542 mil euros por dia, 24 mil euros por hora e 400 euros por minuto.
Em termos desportivos, o principal objetivo de Ronaldo é jogar regularmente e chegar em boa forma ao Campeonato do Mundo de 2026, que se realizará nos EUA, Canadá e México, e que deverá ser a sua última grande competição internacional. O atacante soma 920 golos em 1.260 jogos oficiais (média de 0,73 golo por partida) com as camisolas do Sporting (5 golos), Manchester United (145 golos), Real Madrid (450 golos), Juventus (101 golos), Al-Nassr (84 golos) e seleção nacional (135 golos). Se marcar apenas um golo é possível que Cristiano Ronaldo saia do campo insatisfeito, até porque foram várias as vezes que festejou mais do que uma vez. Até ao momento, bisou 158 vezes, fez 65 hat-tricks, conseguiu nove pokers e marcou cinco golos no mesmo jogo por duas vezes. Caso consiga manter o registo de 0,73 golos por partida, pode chegar à marca de 1.000 golos dentro de 109 jogos, ou seja, no final da temporada 2025/26.
O outro Ronaldo
A superestrela mundial, é também um empresário de sucesso, com uma fortuna avaliada em 2,2 mil milhões de euros, segundo a agência financeira Bloomberg. Dispõe de um portfólio diversificado, que inclui interesses na hotelaria, restauração, entretenimento, media, estética e perfumes, moda e acessórios, fitness e nutrição e, mais recentemente, porcelanas, movimentando milhões de euros por ano. Em 2024, CR7 lançou seu canal no YouTube. Em apenas uma semana teve 50 milhões de subscritores, fazendo com que fosse o crescimento mais rápido de um canal em toda a história. Atualmente, o canal tem 67 milhões de usuários e deve gerar um retorno financeiro de 28 milhões de euros com base nas visualizações dos vídeos. Durante o mês de janeiro, a sua conta do Instagram foi a mais seguida a nível mundial, com mais de 642 milhões de seguidores, e sempre que lança um post ganha, em média, 1,5 milhões de euros! Lidera também no Facebook, com 170 milhões de followers.
Uma faceta menos conhecida é a sua participação em ações de solidariedade. Utiliza frequentemente a sua imagem global para promover causas filantrópicas e ajudar os menos afortunados. O maior ato filantrópico foi doar seis milhões de euros para ajudar as vítimas dos terramotos no Nepal, em 2015, onde morreram oito mil pessoas e 20 mil ficaram feridas. No ano seguinte, doou 600 mil euros pela vitória na Liga dos Campeões a três instituições de solidariedade. Mais tarde, entregou um milhão de euros a três hospitais portugueses para ajudar no combate à pandemia de Covid-19. Doou milhões de euros para ajudar crianças necessitadas em todo o mundo através da Save the Children UNICEF – só uma t-shirt leiloada valeu 37 mil euros para esta instituição. Em 2011, leiloou a Bota de Ouro por 1,4 milhões de euros e ofereceu esse dinheiro para a construção de uma escola em Gaza, na Cisjordânia. Doou 75 mil euros a um menino de dez anos que precisou de uma cirurgia cerebral e financiou em 150 mil euros o centro de cancro que tratou a sua mãe.
Cristiano Ronaldo sempre mostrou grande cuidado com a saúde e bem-estar. Numa conferência de imprensa antes de um jogo do Europeu 2021, retirou da sua frente duas garrafas de Coca-Cola, um dos patrocinadores do evento, e pediu «água». O jogador quis passar a mensagem da necessidade de consumirmos bebidas com menos açúcar e sem corantes. Nesse dia, a empresa teve uma queda de 1,7% na bolsa na Bolsa de Nova Iorque e alegadas perdas de 3,8 mil milhões de euros, o que alguns especialistas atribuem ao caso Ronaldo.
Jovem prodígio
Cristiano Ronaldo fez a formação no Sporting e estreou-se pela equipa principal no dia 14 de agosto de 2002, em Alvalade, numa pré-eliminatória da Liga dos Campeões frente ao Inter Milão (0-0). Com apenas 17 anos, entrou para o lugar do espanhol Toñito aos 58 minutos. Na altura, jogava com a camisola número 28, era conhecido apenas como Cristiano e tinha um salário de 1.500 euros (o salário-base de um jogador da formação). Na estreia como titular frente ao Moreirense, a 7 de outubro de 2002, marcou dois golos. Disputou 31 jogos e marcou cinco golos pelos leões. Era um jogador em desenvolvimento e rapidamente se tornou peça-chave na equipa de Laszló Boloni pela sua velocidade, agilidade e habilidade para driblar. Nos juvenis do clube jogava a ponta de lança, mas devido à sua (ainda) frágil capacidade física, o técnico colocou-o a jogar como extremo.
As “diabruras” do miúdo Ronaldo no jogo amigável com o Manchester United, em 2003, impressionou os adversários e o próprio treinador Sir Alex Ferguson, que não teve dúvidas em investir 19 milhões de euros na contratação de um jovem de 18 anos por cinco anos, com um vencimento anual de dois milhões de euros. A estreia teve lugar a 16 de agosto de 2003, num jogo em que o Manchester United goleou o Bolton Wanderers (4-0). Ronaldo entrou aos 30 minutos para ponta de lança e impressionou Old Trafford. «Foi uma estreia maravilhosa», afirmou Alex Ferguson. E acrescentou: «Jogámos com uma velocidade demasiado lenta na primeira parte e sabia que o Cristiano ia tornar o nosso jogo mais rápido e incisivo». O treinador do Bolton, Sam Allardyce, também ficou impressionado com o português. «Mostrou estar um nível acima de todos em campo. Parece ser um jogador entusiasmante e a sua entrada em jogo foi crucial», disse. Cristiano Ronaldo tornou-se um goleador implacável no Manchester United, onde marcou 145 golos em 346 jogos, conquistou sete troféus e ganhou 120 milhões de euros.
Ambição competitiva
Deixou os red devils e rumou ao Real Madrid a troco de 94 milhões de euros, onde esteve de 2009 a 2018, e marcou uma era num dos maiores clubes do mundo. A 29 de agosto, estreou-se com a camisola número 9 e marcou o primeiro dos 450 golos, em 438 jogos, ao serviço dos “merengues” na vitória sobre o Deportivo (3-2). «É sempre importante entrar a ganhar. Senti-me bem e estou satisfeito por a equipa estar em boa forma. Agora, há que continuar a melhorar», afirmou. No primeiro ano confirmou ser um finalizador letal com 33 golos em 35 partidas e melhorou essa característica com a chegada de José Mourinho. «Treiná-lo foi o melhor que me aconteceu na carreira. É o atleta mais profissional que conheci», disse o técnico português. O duelo particular com Lionel Messi, a estrela do Barcelona, fê-lo superar-se, conseguindo registos extraordinários: 60 golos em 55 jogos, em 2011/12, e 55 golos em 55 partidas, em 2012/13, o que levou Zinedine Zidane a comentar: «É um jogador fenomenal a nível de caráter e mentalidade. Ele quer mostrar ao mundo que é o melhor». Foi o período de ouro em termos de títulos individuais e coletivos, 14 no total, e financeiros, com um acumulado de 430 milhões de euros. A 10 de julho de 2018, assinou contrato com a Juventus, uma transação que custou 117 milhões de euros à Vecchia Signora, onde esteve três épocas. A sua veia goleadora não apareceu no jogo de estreia em que a Juventus venceu o Chievo (3-2), mas depois revelou-se em 101 golos em 134 partidas. Um registo notável num campeonato onde a disciplina tática é um verdadeiro quebra-cabeças para os goleadores. Mesmo assim, os 33 golos marcados em 2019/20 foram todos dentro da área! Conquistou três troféus e ganhou 229 milhões de euros.
Regressou ao Manchester United a 31 de agosto de 2021 por 17 milhões de euros. Era uma equipa bem diferente, para pior, daquela que encontrou em 2003 quando Sir Alex Ferguson era o treinador, mas não perdeu o faro pela baliza e marcou 27 golos em 54 jogos. No início de 2022 bateu com a porta no United em conflito com o treinador Erik ten Hag, que acelerou a queda dos red devils no futebol mundial, e encontrou conforto e motivação no Al Nassr, na Arábia Saudita. Agora que chegou ao final, posso dizer-lhe que, enquanto esteve a ler este artigo, Cristiano Ronaldo ganhou 2.800 euros!