A via sacra da burocracia e a reforma do Estado que falta


Não sei se faltam médicos, professores e juízes. Sei que os que existem estão de tal modo sobrecarregados pela burocracia que ficam, de certo modo, diminuídos nas suas capacidades.


Algures mais para o final do seu mandato, provavelmente em 2022, António Costa defendeu-se dos que lhe assacavam responsabilidades no estado do SNS dizendo que nunca se tinham gasto tantos milhões na Saúde. Na altura, o então primeiro-ministro não se apercebeu do verdadeiro significado do que estava a dizer. Se se gastava mais do que nunca e os serviços estavam piores do que nunca (e os médicos também se queixavam!), só se podia concluir que o dinheiro estava a ser mal gerido.

Evidentemente, a culpa dos problemas no SNS não era apenas de António Costa, embora ele tivesse prometido em campanha que todos os portugueses teriam o seu médico de família, o que nunca conseguiu cumprir.

Estou convencido de que a culpa, em grande parte, é de um fenómeno apartidário que se insinua por todas as instituições e que resulta como areia na grande engrenagem do Estado. Chama-se burocracia.

Não sou talvez o único a notar que, numa consulta, o médico passa a maior parte do tempo a olhar não para o paciente, mas para o computador. Provavelmente tem tantos formulários para preencher que se não o fizer durante o atendimento terá de ficar trabalhar o dobro do tempo.

Creio que se passa algo de parecido nas escolas. Os professores têm tanta papelada e tarefas administrativas para tratar que as aulas, nalguns casos, terão de passar para segundo plano.

E o mesmo deve acontecer nas câmaras municipais, nos tribunais, nas finanças e nas mil e uma repartições e serviços do Estado por todo o país.

Não sei se faltam médicos, professores e juízes. Sei que os que existem estão de tal modo sobrecarregados pela burocracia que ficam, de certo modo, diminuídos nas suas capacidades. Fossem eles aliviados desse peso e possivelmente já não haveria falta de profissionais, porque os que existem poderiam dedicar-se ao que realmente interessa e dar conta do recado.

Por isso ouso dizer que essa é a reforma do Estado que faz falta e que faria toda a diferença: desburocratizar e libertar os funcionários públicos da papelada. Porque será que os sindicatos, que supostamente zelam pelos interesses dos profissionais das diferentes áreas, nunca se lembraram disso?

A via sacra da burocracia e a reforma do Estado que falta


Não sei se faltam médicos, professores e juízes. Sei que os que existem estão de tal modo sobrecarregados pela burocracia que ficam, de certo modo, diminuídos nas suas capacidades.


Algures mais para o final do seu mandato, provavelmente em 2022, António Costa defendeu-se dos que lhe assacavam responsabilidades no estado do SNS dizendo que nunca se tinham gasto tantos milhões na Saúde. Na altura, o então primeiro-ministro não se apercebeu do verdadeiro significado do que estava a dizer. Se se gastava mais do que nunca e os serviços estavam piores do que nunca (e os médicos também se queixavam!), só se podia concluir que o dinheiro estava a ser mal gerido.

Evidentemente, a culpa dos problemas no SNS não era apenas de António Costa, embora ele tivesse prometido em campanha que todos os portugueses teriam o seu médico de família, o que nunca conseguiu cumprir.

Estou convencido de que a culpa, em grande parte, é de um fenómeno apartidário que se insinua por todas as instituições e que resulta como areia na grande engrenagem do Estado. Chama-se burocracia.

Não sou talvez o único a notar que, numa consulta, o médico passa a maior parte do tempo a olhar não para o paciente, mas para o computador. Provavelmente tem tantos formulários para preencher que se não o fizer durante o atendimento terá de ficar trabalhar o dobro do tempo.

Creio que se passa algo de parecido nas escolas. Os professores têm tanta papelada e tarefas administrativas para tratar que as aulas, nalguns casos, terão de passar para segundo plano.

E o mesmo deve acontecer nas câmaras municipais, nos tribunais, nas finanças e nas mil e uma repartições e serviços do Estado por todo o país.

Não sei se faltam médicos, professores e juízes. Sei que os que existem estão de tal modo sobrecarregados pela burocracia que ficam, de certo modo, diminuídos nas suas capacidades. Fossem eles aliviados desse peso e possivelmente já não haveria falta de profissionais, porque os que existem poderiam dedicar-se ao que realmente interessa e dar conta do recado.

Por isso ouso dizer que essa é a reforma do Estado que faz falta e que faria toda a diferença: desburocratizar e libertar os funcionários públicos da papelada. Porque será que os sindicatos, que supostamente zelam pelos interesses dos profissionais das diferentes áreas, nunca se lembraram disso?