Autárquicas. PSD atrasado e com problemas

Autárquicas. PSD atrasado e com problemas


O xadrez começa a compor-se, socialistas avançam com nomes de peso para autarquias decisivas. Chega já começa a fazer estragos. PSD está atrasado nas decisões mais importantes. Sintra e Cascais podem dar dores de cabeça.


Num momento em que o Partido Socialista acelera o calendário para as eleições autárquicas com os principais nomes já escolhidos e anunciados, o PSD continua com alguns casos bicudos por resolver. Apesar de nenhum partido já ter fechados os nomes que vai apresentar aos 308 municípios do país, a aposta na escolha e anúncio de nomes concentra-se nas câmaras consideradas mais importantes para permitir leituras quanto ao partido vencedor das eleições autárquicas. E é nesse campeonato que o PS tem o trabalho muito mais adiantado, nas últimas semanas, Pedro Nuno Santos confirmou Manuel Pizarro para o Porto, anunciou Alexandra Leitão para Lisboa, Ana Mendes Godinho para Sintra, João Paulo Correia para Gaia, Carlos Zorrinho para Évora. São alguns dos nomes mais sonantes para alguns dos desafios vitais para os socialistas, mas a máquina socialista já tem os nomes escolhidos para praticamente todas as capitais de distrito – faltam apenas Guarda, Portalegre, Funchal e Ponta Delgada).
Muito mais atrasados estão os sociais-democratas que ainda mantêm em aberto as escolhas para algumas das autarquias que mais vão contar para a contabilidade final. Porto é o caso mais emblemático, mas também Sintra, Vila Nova de Gaia, Faro e Aveiro.

Área metropolitana de Lisboa dá dores de cabeça ao PSD
Apesar de ainda não estar anunciada é dada como garantida a recandidatura de Carlos Moedas à Câmara de Lisboa. O autarca lisboeta parte com vantagem para a reconquista do município, mas no PSD/Lisboa há quem aconselhe prudência. «É um erro desvalorizar Alexandra Leitão e achar que isto são favas contadas», disse-nos esta semana um militante da capital. A mesma fonte apontou para alguns sinais que já começaram a surgir de como a máquina socialista já começou a trabalhar, «as declarações do CEO do grupo Vila Galé, a aconselhar o Moedas a fazer menos propaganda e a trabalhar mais para limpar a cidade» são um primeiro sinal de que os socialistas não estão parados e prometem dar luta.
Mas na área metropolitana de Lisboa há outros municípios que estão a dar dores de cabeça ao PSD, o mais relevante é a câmara de Sintra que os sociais-democratas querem conquistar aos socialistas, depois de três mandatos de Basílio Horta. Marco Almeida é o mais falado, mas a decisão enfrenta dificuldades. No concelho o nome de Marco Almeida não é consensual e os órgãos locais do partido estão em fim de ciclo, Simão Ruivo é o nome que desafia o atual presidente da concelhia António Rodrigues. Contactado pelo Nascer do SOL, Simão Ruivo não se mostra preocupado com o atraso na escolha do candidato do partido a Sintra, «pelo contrário, o PSD tem vantagem em escolher um candidato depois de já serem conhecidos os nomes dos principais adversários». Para o também conselheiro nacional do partido, a escolha deve ser testada em sondagens, em que os nomes de Ana Mendes Godinho (PS) e Rita Matias (Chega) já estejam incluídos. «Só testados em sondagens é que percebemos a força dos eventuais candidatos», diz-nos Simão Ruivo, admitindo que Marco Almeida tem força na parte norte do concelho. A decisão está assim adiada para a segunda metade do mês de fevereiro, sendo certo que o concelho de Sintra é um dos que a direção do partido considerou estratégico, pelo que a última palavra será sua.
Amadora é outro problema na região de Lisboa, porque também aí as estruturas locais não se entendem. Nas últimas eleições, a candidata escolhida por Rui Rio foi a advogada Susana Garcia – com forte presença nos meios de comunicação social e que assumiu posições consideradas radicais, muito próximas das defendidas pelo Chega – que acabou por ter um bom resultado. De então para cá, Susana Garcia tem-se imposto no concelho e, ao que sabe o nosso jornal, o seu protagonismo não tem agradado às estruturas locais. A decisão sobre quem é o candidato/a do PSD à Amadora está também à espera de uma decisão interna que não será fácil de tomar.
Em Mafra (município governado pelo PSD), a escolha também não está a ser pacífica. Helder Silva abandonou os destinos da câmara para rumar a Bruxelas, cedendo o lugar ao seu número dois, Hugo Luís. Mas nem por isso a escolha se tornou imediata. José Bizarro, o social democrata que preside à Assembleia Municipal, manifestou a vontade de se candidatar, dividindo assim a estrutura local que acabou por o eleger como candidato. A questão que preocupa a direção do partido neste momento é saber se Hugo Luís poderá avançar com uma candidatura independente, ou mesmo apoiada por um outro partido à direita.

Cascais pode ditar minoria absoluta para o PSD
Ainda são só cenários, mas Nuno Piteira Lopes, atual número dois de Carlos Carreiras e candidato escolhido pelo PSD a Cascais, pode ter dificuldades em repetir as maiorias conseguidas pelos seus antecessores: António Capucho e Carlos Carreiras. Em causa está não só o aparecimento de um candidato forte do Chega, como uma outra candidatura no mesmo espaço político: O comentador João Maria Jonet, que é militante do PSD, já manifestou há muito vontade de assumir uma candidatura alternativa a Piteira Lopes. A decisão, segundo o próprio, ainda não está tomada, mas entretanto Jonet encomendou uma sondagem que lhe dá resultados animadores. No caso de concorrer sozinho como independente, ficaria em quarto lugar com 11% dos votos, atrás do PSD com 27%, do PS com 18%, do Chega com 14%. Num outro cenário, em que concorreria como independente nas listas da Iniciativa Liberal (cenário que pode estar em cima da mesa), Jonet passaria para terceiro lugar e, de acordo com o estudo, o seu score subiria para 16% e o de Piteira Lopes para 25%.
Em resumo, a confirmar-se, a candidatura de João Maria Jonet «não mata mas mói» e os sociais-democratas estão preocupados com o efeito de desgaste que isso possa ter, a somar ao desgaste garantido por uma candidatura do Chega.