Presépios. Construir vários mundos mágicos

Presépios. Construir vários mundos mágicos


A paixão de Adília começou em pequenina quando, acompanhada pela mãe, percorria a mata em busca da melhor árvore para o Natal. Nessa altura, tinha também a tradição de construir com a família um presépio. Com o passar dos anos, foi-se tornando uma paixão tão grande que já possui mais de 140. São todos bastante…


A paixão de Adília começou em pequenina quando, acompanhada pela mãe, percorria a mata em busca da melhor árvore para o Natal. Nessa altura, tinha também a tradição de construir com a família um presépio. Com o passar dos anos, foi-se tornando uma paixão tão grande que já possui mais de 140. São todos bastante diferentes e alguns totalmente únicos.

Adília Vicente tem 55 anos e é professora do 1º Ciclo há 30 anos. Atualmente é adjunta da direção no Agrupamento de Escolas do Monte de Caparica, onde trabalha já há 28 anos. «Gosto muito de ler, todo o tipo de livros, de ouvir música (não sei trabalhar sem ter música de fundo). Adoro viajar, conhecer novos lugares e novas pessoas. Tenho uma paixão por animais, sobretudo, felinos», conta. No entanto, a sua grande paixão é por presépios.
A sua época preferida do ano é o Natal. «Quando era miúda vivia em Belverde rodeada de árvores. O dia 8 de Dezembro era dedicado à procura da árvore de Natal e do musgo para fazer o presépio», lembra. Adília percorria a mata acompanhada da sua mãe e madrinhas e, ainda hoje, tem presente o cheiro característico do pinheiro e do musgo.
«Adorava fazer o presépio com a minha mãe… Era como construir um mundo mágico carregado de pequenas personagens. Era especial, até porque quem trazia nessa época os presentes era o menino Jesus, que só era colocado no presépio na noite de Natal, assim como os presentes que apareciam por milagre debaixo da árvore», detalha a professora. Por isso, claro que quando foi viver para a sua casa, no primeiro Natal, «não podia faltar um presépio cheio de figurinhas». «No ano seguinte apareceu mais um porque era muito giro e depois outro porque ainda não tinha e ano após ano havia sempre mais um», revela.
Depois começaram as viagens… «Sou a coordenadora desde há 16 anos dos projetos Comenius e Erasmus e, em cada viagem, trago um presépio de um país diferente. Começou a ser fácil para os meus amigos oferecerem presentes, pois a cada Natal, para além dos que eu comprava, apareciam sempre mais uns três ou quatro oferecidos. E quando viajavam também já me traziam presépios», continua Adília.

Uma coleção diversificada: dos clássicos aos reciclados
Neste momento, tem na sua coleção mais de 140 presépios. «Alguns muito especiais, pois foram feitos só para mim», admite. «O meu preferido foi feito pela minha filha na escola quando andava no 9º ano. Todos os anos acrescento mais. Este ano juntei à coleção dois realizados pelos alunos da Unidade de Ensino Estruturado (Autismo) do meu Agrupamento; outro que trouxe da Lituânia; e dois que as amigas trouxeram», conta.
Segundo a professora, a coleção é muito diversificada pois tem desde os mais clássicos, aos construídos com materiais reciclados, ou mesmo com personagens do Snoopy, onde o Woodstock representa o menino Jesus. «Alguns onde são substituídos o burro e a vaca por animais mais característicos dos países, como por exemplo um de Marrocos que tem um camelo, ou o do Alasca que tem um Iglu em vez da Cabana e um Husky e uma foca, do Peru que tem lamas», descreve.
Adília tem a grande maioria deles numa estante, mais ou menos organizados por países ou temas. «Mas alguns dos maiores estão espalhados pela casa», acrescenta. «Estão todos visíveis, pois gosto de os ver e de os mostrar. Há apenas um que está guardado que é o que faço no Natal e que tem muitas figuras e é feito com musgo e tudo o como fazia na minha infância», revela ainda.
Atualmente compra mais quando viaja, nos mercados de Natal ou feiras de artesanato, «quando aparecem alguns com características diferentes». «Tento escolher sempre aqueles que são mais típicos, no caso das viagens, mas ao mesmo tempo gosto daqueles que se destacam pela diferença, e por isso geralmente compro sempre mais do que um», afirma.
Adília não sabe ao certo quanto terá gasto nesta coleção nem o valor que tem, apesar de para si, «ter um valor sentimental que não há dinheiro que pague». «Para mim representam a importância de uma família que procura refúgio, mas também a forma como é vista essa representação pelos diferentes povos do mundo e, ao mesmo tempo, contam um pouco das minhas viagens, recordam sempre a minha infância e refletem as minhas amizades», admite. A professora gostava de, um dia fazer, uma exposição com os seus presépios e talvez os deixar de oferta a um Museu ou a algum dos seus descendentes que tenha o mesmo amor que esta tem por eles. «Ou talvez alguma das minhas amigas, pois com esta minha procura de presépios já tenho algumas amigas também a fazer coleção», remata.