A DGS revela esta quinta-feira que a taxa de mortalidade infantil estabilizou e regressou aos níveis pré-pandemia e, nos últimos dois anos, as mortes maternas baixaram.
“Aquilo que nós conseguimos ver, no caso da mortalidade materna, é que nos últimos dois anos, com análises preliminares, nós conseguimos ver até alguma diminuição e, no caso da mortalidade infantil, (…) uma estabilização, mas conseguimos ver que os níveis observados vão para aqueles níveis que eram os níveis pré-pandemia”, afirmou diretora-geral da Saúde,
Rita Sá Machado comentava os dados preliminares que a Direção-Geral da Saúde (DGS) divulga esta quinta-feira sobre a mortalidade infantil e materna no período 2017-2021.
No caso da mortalidade materna, segundo explicou à agência Lusa, o relatório incorpora o trabalho desenvolvido pela comissão criada em 2020 para analisar este fenómeno, e cujo resultado nunca foi tornado público, e também os dados recolhidos através do Sistema de Informação de Certificados de Óbito (SICO).
Rita Sá Machado explicou a opção do trabalho e relatório se manterem privados com os “dados muito sensíveis” que poderiam permitir a identificação de pessoas que estão no documento.
Quanto a distância entre o período abrangido pelos relatórios da DGS e os números mais recentes já divulgados, por exemplo, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a responsável explicou: “São dois trabalhos distintos: num estamos a falar daquilo que são indicadores simples, olhando para tendências, se os indicadores vão aumentando ou diminuindo. Uma outra coisa foi o que trabalhámos de uma forma detalhada, olhando com uma dimensão mais profunda, com recomendações específicas”.
Os dados hoje divulgados indicam que após 2015 manteve-se o aumento do número de mortes maternas, variando entre sete e 17. O valor máximo observado no período em análise verificou-se em 2020, coincidente com a pandemia de covid-19 (17 mortes).
Segundo o relatório, a maioria (51,7%) das mortes maternas no quinquénio 2017-2021 ocorreu em mulheres em menos de 35 anos, apesar do Rácio de Mortes Maternas (que reflete a capacidade do sistema de saúde prestar os cuidados eficazes na prevenção e complicações que ocorrem) ser superior nas mulheres com mais de 40 anos de idade.
O documento destaca igualmente a prevalência de carga de doença identificada antes da gravidez, considerando este indicador “de grande relevância”, uma vez que abrange 63% dos casos. O diagnóstico da obesidade foi o mais prevalente, seguido da hipertensão arterial. Em 33,3% dos casos de morte materna foi identificado um Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou superior a 25kg/m2 (excesso de peso e obesidade).
Sobre a mortalidade infantil, o relatório, que abrange o período 2017-2021, a DGS conclui que, no período em análise, a taxa de mortalidade abaixo dos 5 anos reduziu de 3,3 para 3,1 óbitos por 100.000 nados-vivos. Entre 1 e os 4 anos de idade registaram-se 291 óbitos, com um aumento da taxa de mortalidade de 0,6 para 0,7.
O documento fala de “uma grande diversidade de etiologia nas causas de morte, com as neoplasias (62, 21%), as malformações congénitas, deformidades e anomalias cromossómicas (60, 21%). O grupo das causas externas engloba mais de metade de todos os óbitos entre 1 e 4 anos de idade.