A Câmara de Torres Vedras decidiu esta terça-feira adquirir por 250 mil euros o acervo de Eduardo Gageiro. O objetivo é a criação de uma casa-museu dedicada ao fotógrafo.
“Além de se tratar de uma coleção de características únicas, o município tem um histórico de colaborações com Eduardo Gageiro, contando já com quatro exposições e três livros do autor que tiveram um impacto muito positivo na valorização do território e dos seus habitantes”, justifica a autarquia na proposta de aquisição.
A coleção espelha a faceta de fotojornalista e fotógrafo, mas também a de colecionador de objetos relacionados com a fotografia, sua história e evolução técnica.
O acervo é composto por uma coleção de fotografia e iconografia dos séculos XIX e XX, com 3.787 documentos. Entre estes estão provas fotográficas em papel, com grande incidência em retratos de estúdios e fotógrafos de renome nacionais e estrangeiros, assim como negativos e diapositivos em vidro e película.
Contempla também uma biblioteca especializada em fotografia com mais de 200 exemplares, uma coleção de cerca de 700 equipamentos fotográficos e cinematográficos, com diversos acessórios, datados desde finais do século XIX ao século XXI. Aqui incluem-se lguns equipamentos fotográficos utilizados por Eduardo Gageiro e doações feitas por outros fotógrafos.
Integra ainda cerca de 300 provas fotográficas em molduras e impressões em telas de Eduardo Gageiro, que fizeram parte das suas exposições ao longo dos anos, mais de 300 prémios e condecorações e o seu arquivo pessoal, com correspondência trocada com instituições e personalidades no âmbito da sua atividade profissional.
Eleitos do PSD e do movimento independente ‘Unidos por Torres Vedras’ questionaram a maioria socialista sobre as ligações do fotógrafo ao concelho e o valor de avaliação do acervo. Na reunião pública de dezembro do executivo municipal, a vereadora da Cultura, Ana Umbelino, justificou “a ligação de Gageiro nos últimos 20 anos a Torres Vedras, atravessando os últimos quatro presidentes de câmara”, com exposições e livros editados.
A avaliação foi calculada a partir do cruzamento de várias fontes, desde catálogos a vendedores especializados e a plataformas de venda e teve em conta o estado de conservação geral das máquinas, a sua raridade, a proveniência e os acessórios que eventualmente pudessem estar incluídos, explicou. O valor dos livros e fotografias foi estimado consoante o valor médio de mercado e a raridade de cada objeto.
O valor investido vai ser abatido ao da aquisição do acervo. Ana Umbelino recordou que o acervo está avaliado em 482 mil euros e vai ser adquirido por 250 mil euros. “Não me parece que tenha havido falta de cuidado na garantia do interesse municipal”, afirmou, citada pela agência Lusa.
O município pretende abrir no futuro a Casa-Museu Eduardo Gageiro, defendendo que a exposição futura da coleção do fotógrafo “pode contribuir para atrair e fixar não apenas mais artistas e criadores, mas uma população qualificada que valoriza o conhecimento, as artes e a cultura”.
Eduardo Gageiro foi um dos fotógrafos que registou a revolução do 25 de Abril de 1974. Foi fotojornalista em vários órgãos de imprensa nacional, correspondente da Associated Press e fotógrafo da Assembleia da República e da Presidência da República, pela qual foi condecorado em 2004.