Eu destaco a relação entre a Europa e os Estados Unidos com esta nova administração do Presidente Trump. Seja quem for o Presidente dos Estados Unidos, estamos condenados a nos entender. Em segundo lugar, estamos condenados a nos respeitar mutuamente, para bem de todos, não só para bem da Europa, como também dos Estados Unidos e mesmo do mundo. A Europa e os Estados Unidos têm uma enorme responsabilidade no mundo, é uma aliança de princípios entre os Estados Unidos e a Europa, porque juntos nós pertencemos ao Ocidente e somos as duas principais regiões do Ocidente a nível mundial. Nós europeus temos sem dúvida de respeitar a agenda do Presidente eleito Donald Trump, concordemos ou não, é uma agenda bem conhecida e amplamente sufragada pelos eleitores norte americanos. Como é evidente, a Europa também tem a sua própria agenda. Se bem que, e temos de reconhecer, é uma agenda pouco consistente, frágil e longe da unanimidade entre os membros da União Europeia. Destacaria três áreas: a relação diplomática, a relação comercial e a defesa.
Na relação diplomática, nós temos de identificar claramente uma agenda comum entre a Europa e os Estados Unidos. Pode não ser uma agenda única, mas uma agenda comum, em especial quanto às grandes questões mundiais. De imediato a questão do Médio Oriente e a questão da guerra da Rússia contra a Ucrânia, a questão das relações com a Rússia e a relação também com a China na questão do Médio Oriente, naturalmente, a questão de Israel, a reconstrução e o futuro da Palestina e também a relação com o Irão. Em todas estas questões deve haver uma agenda comum entre Washington e Bruxelas. Quanto à questão da invasão da Rússia à Ucrânia, naturalmente que a Europa deve acompanhar o desejo do fim da guerra, mas não podemos aceitar que se ceda a Putin naquilo que ele conquistou através de uma invasão inaceitável. A União Europeia tem de entender-se com os Estados Unidos de forma a envolver a Ucrânia nas negociações de paz. Não nos podemos esquecer que, defendendo a Ucrânia, estamos a defender os valores ocidentais, estamos a defender os valores europeus, até porque Putin não atacou apenas a Ucrânia, Putin atacou toda a Europa e se não pomos um ponto final a esta invasão da Ucrânia, outros territórios europeus seguir-se-ão. Na relação com a Rússia, naturalmente, temos que pensar como é que vamos fazer o pós paz com a Ucrânia.
Também a relação com a China merece uma agenda comum entre os Estados Unidos e a União Europeia, seja no que se refere à parte comercial, seja na parte diplomática, seja também, no caso muito específico do Mar do Sul da China. Naturalmente, sobre a questão de Taiwan, devemos evitar a todo o custo uma guerra no Mar do Sul da China. O pior que pode acontecer é cada um falar para seu lado, isso seria um erro tremendo na relação com a potência que é a República Popular da China.
Quanto à relação comercial, neste momento, a União Europeia vende mais do que compra aos Estados Unidos e devemos também aqui encontrar uma agenda de interesses comuns. O pior que pode vir a acontecer, e a Europa não deve contribuir para isso, é uma guerra comercial ou guerra de tarifas. Ninguém vence uma guerra de tarifas. Devemos insistir num entendimento que deixe confortável Washington. Insistir em mais comércio e mais investimento e não em qualquer guerra comercial e muito menos guerra de tarifas.
Por fim, a questão da defesa. A Europa tem de tomar consciência, e penso que já tomou, que tem de ser mais forte, mais presente na NATO e para isso, naturalmente, tem de ter uma maior despesa militar, não só para defender a própria Europa, como também todo o espaço da NATO. Sou totalmente a favor de uma maior coordenação da Europa e dos Estados Unidos dentro da NATO. Não sou a favor de um exército europeu, mas naturalmente, de uma componente europeia forte na Aliança Atlântica. A Europa parte atrasada, A Europa parte numa situação de inferioridade, mas por culpa própria. A Europa atravessa um momento de decadência, de fragilidade e de falta de liderança por culpa própria. Isto se compararmos naturalmente com os Estados Unidos, que atravessam, por razões óbvias, um enorme momento de motivação e de liderança. A Europa, por fim, tem de fazer o seu trabalho para se dar ao respeito para que consiga uma aliança duradoura com os Estados Unidos da América.
Deputado do PSD