Não seria notícia tal a cadência com que acontece, se não fosse exatamente esse o motivo da notícia. Mais um bar de praia que foi totalmente consumido pelas chamas na Costa da Caparica. Desta feita calhou à Casa Rêia na Praia do Pescador, projeto liderado pelo empresário francês Sacha Gielbaum que integra o ReîaCollective responsável por outros espaços em Lisboa. O mais estranho é que este tipo de situações ou fenómenos, como lhe queiram chamar, já tinham batido à porta dos mesmos em 2021. Nessa altura o Yamba, clube de praia holístico, na praia do Castelo colocado no Top 10 Beach Clubs in the World pela Condé Nast Traveler (2019-2022) também sofreu de um incêndio, dessa feita em maio sem tempo disponível para recuperar a temporada de verão.
O ano passado foi o Aroeira Beach e quase todos os anos lá vai à vida um dos espaços de praia daquela zona. Provavelmente estará por ali criado algum epifenómeno ou microclima que adense e atraia raios e coriscos, vindos dessas tempestades curiosamente com nomes de pessoas… Lembro-me que já no distante ano de 2014, também na Praia do Castelo uns amigos que tinham um dos apoios de praia mais bem frequentados da Margem Sul, terem sofrido do mesmo revés. Chamava-se Masstige e foi devorado a três semanas do início da época balnear, o que impossibilitou a sua abertura. O motivo foi um alegado curto-circuito que levou mesmo ao encerramento e segundo me recordo à perda da concessão. Em 2017, o mesmo motivo foi apontado para a destruição do bar Meio Metro também ele na Praia do Pescador, tal como no Ondix, junto à Nova Praia, três anos antes.
Não faço ideia se os seguros cobrem este tipo de situações, se as indemnizações compensam, segundo me dizem, o processo é complicado e moroso. O que imagino é que seja cada vez menos atrativo fazer um seguro de um bar de praia na Costa da Caparica. É mais ou menos como jogar na roleta russa, a pergunta não é “se vai arder”, “é quando”. Bem sei que os bares são feitos de madeira e que mais facilmente inflamam mas penso que merecia uma investigação mais atenta para sabermos as reais causas de tantos pegarem fogo. É que neste texto só dei alguns exemplos podia acrescentar o Jamming em 2012 e outros mais. O que sei é que não me parece muito normal este tipo de situações ocorrerem todos os anos e é uma pena porque se vão perdendo alguns espaços que acrescentam valor à zona e produzem uma oferta de qualidade como era o caso da Casa Rêia que se destacou no mercado pela sua programação, pela boa gastronomia, festas com excelente musica e programas de bem-estar.
Com os verões cada vez mais extensos e o bom tempo que se prolonga por meses que antigamente eram considerados mais frios os bares de praia vão-se tornando num negócio cada vez menos sazonal. São por isso mais procurados não só por quem quer apenas dar um mergulho no mar, pelos que gostam de comer com vista para a praia, os que fazem atividades físicas ou que gostam de um simples copo ao pôr do Sol mas também por raios e curtos-circuitos…