Por trás do homem que, pelo menos em fotografias, aparece quase sempre com uma cara sisuda, estava um homem de família.
Churchill nasceu numa família rica e aristocrática, a família do Duque de Marlborough, ramo da família Spencer. Nascido no Palácio de Blenheim em Oxfordshire, em 1874, veio ao mundo numa época em que o Reino Unido era a potência mundial dominante. Descendentes diretos dos duques de Marlborough, a sua família estava entre os mais altos níveis da aristocracia britânica e, portanto, Churchill nasceu na elite governante do país. O seu avô paterno, John Spencer-Churchill, sétimo duque de Marlborough, esteve no Parlamento durante dez anos, como membro do Partido Conservador, que serviu no governo do primeiro-ministro Benjamin Disraeli.
Filho de Lorde Randolph Churchill, um político de sucesso do Partido Conservador, e de Jennie Jerome, uma socialite norte-americana, Winston Churchill casou-se em 1908, aos 34 anos, com Clementine Hozier, um casamento que durou até ao fim da sua vida.
O casamento foi longo, diz-se que foi feliz mas com algumas discussões grandes pelo meio. Segundo o Churchill Arquives Centre, em uma das discussões que tiveram, Clementine tentou atingir Churchill com um prato de espinafres. Não terá tido pontaria. E que, segundo o mesmo site, o político era “teimoso e ambicioso” enquanto a mulher era “muito tensa” e tinha “altos princípios”. Personalidades diferentes, portanto.
Mas a verdade é que o casamento nunca caiu e, juntos, tiveram cinco filhos. “O seu trabalho invariavelmente vinha em primeiro lugar, embora, em parte devido à sua própria criação, fosse dedicado aos filhos”, lê-se.
A primeira filha de Winston e Clementine, Diana, nasceu em 1909. “Era uma rapariga travessa e continuou a causar grande sofrimento aos pais já adulta”. Em 1932, casou-se com John Bailey, mas o casamento não teve sucesso e divorciaram-se em 1935. Naquele ano, casou-se com o político conservador Duncan Sandys e tiveram três filhos. Esse casamento também foi um fracasso. Diana teve vários colapsos nervosos e em 1963 cometeu suicídio.
O segundo filho e único filho homem dos Churchills, Randolph, nasceu em 1911. “Era excecionalmente bonito e barulhento, e o seu pai era muito ambicioso por ele”. Durante a década de 1930, Randolph concorreu ao parlamento várias vezes, mas não conseguiu entrar, sendo considerado um dissidente político. Depois serviu como membro conservador do Parlamento por Preston entre 1940 e 1945, e depois tornou-se um conhecido jornalista, tendo começado a biografia oficial do pai durante a década de 1960.
O segundo filho de Churchill foi casado duas vezes. Primeiro com Pamela Digby com quem teve um filho, Winston, e depois em 1948 com June Osborne com quem teve uma filha, Arabella. Tal como aconteceu com a irmã, nenhum dos casamentos foi um sucesso.
Uma vida também sem grande sucesso teve a terceira filha, Sarah, nascida em 1914. Seguiu uma carreira no palco que foi feliz durante algum tempo. Casou três vezes. De duas divorciou-se e da última ficou viúva logo a seguir.
Em 1918, nasce a quarta criança, Marigold. Mas em 1921, contraiu septicemia enquanto estava de férias na praia com a ama das crianças. Diz-se que Winston Churchill “ficou arrasado” e “gritou como um animal a ser torturado”.
Mas em setembro do ano seguinte ganharia motivos para sorrir. Nasce a última filha do casal, Mary. E conta-se que foi a única que não deu grandes problemas aos pais, tendo sido sempre uma permanente fonte de apoio, principalmente para a mãe, tendo até escrito, mais tarde, a biografia da progenitora. Tal como os pais, só teve um casamento. Casou-se em 1947 com Christopher Soames, que ao longo dos anos se foi tornando um apoio importante, confidente e conselheiro de Churchill. Mary e Christopher tiveram cinco filhos. O mais velho, Nicholas, tornou-se um importante membro do partido Conservador.
Um apoio fundamental Segundo o International Churchill Society, durante a Segunda Guerra mundial, todos os Churchill apoiaram o pai. Por exemplo, Diana serviu no Women’s Royal Naval Service (WRNS), Sarah na Photographic Interpretation Unit da Women’s Auxiliary Air Force (WAAF) e Mary serviu nas forças armadas em baterias antiaéreas (AA) mistas com o Auxiliary Territorial Service (ATS). Mary também participou da conferência de Quebec de 1943 como auxiliar do pai, enquanto Sarah desempenhou um papel muito semelhante em Teerão em 1943 e em Yalta em 1945. Randolph serviu como oficial de inteligência no Médio Oriente, foi designado para o recém-formado Special Air Service (SAS) e realizou missões no deserto da Líbia e na Jugoslávia.
Na relação com os filhos, dizia-se um pai exigente, mas entusiasmado e amoroso.
O mesmo site refere que em vários momentos da vida, Diana, Randolph e Sarah causaram “considerável preocupação e sofrimento aos pais”, devido às suas vidas marcadas por depressão, casamentos infelizes e dependência de álcool. Apenas Mary, a filha mais nova, “escapou ilesa”, sem quaisquer preocupações, sendo um grande apoio do pai.
No entanto, fala-se em muitos momentos bons. “Fica claro nas memórias que houve muitos momentos divertidos em Chartwell, e deve ter sido uma fonte de orgulho para Churchill que todos os seus quatro filhos sobreviventes tenham servido de uniforme durante a Segunda Guerra Mundial”, lê-se no site, onde se percebe também que a família reunia-se sempre que ele estava doente ou precisava de apoio.
“Quando crianças, logo percebemos que o principal interesse e tempo dos nossos pais eram consumidos por tarefas imensamente importantes, além das quais os nossos próprios desejos e preocupações eram triviais. Nunca esperámos que nenhum deles comparecesse às nossas peças escolares, premiações ou dias de desporto. Sabíamos que ambos estavam ocupados com mais urgência”, escreveu Mary Soames na obra biográfica que fez da sua mãe, Clementine Churchill: The Biography of a Marriage.
Outros familiares Diz-se que a princesa Diana era parente de Churchill e a linha cronológica assim o prova. Mas eram afastados. Através da linha Spencer-Churchill, os seus antepassados comuns incluem Charles Spencer, 3.º Conde Spencer (1675-1722) e a sua mulher, Anne Churchill: os 7 bisavós de Diana e os 5 bisavós de Winston.
Atualmente há, claro, alguns familiares vivos. O mais ‘famoso’ é Noah Churchill, estrela do basquetebol. Ainda que não esteja provado a sua ligação familiar, sabe-se que Noah nasceu na Dinamarca e diz-se que a avó era parente de Churchill. Ela emigrou com apenas 16 anos e ali formou e criou a sua família.
Outra figura conhecida é o marquês de Blanford, George Spencer-Churchill, sobrinho-neto do antigo primeiro-ministro britânico.
Em janeiro do ano passado, o bisneto de Winston Churchill, Randolph Churchill, esteve na Madeira.
