Falta menos de um mês para as eleições na Iniciativa Liberal que estão marcadas para dia 1 e 2 de fevereiro. A par da escolha para a Comissão Executiva, que conta com dois candidatos à liderança – Rui Rocha e Rui Malheiro -, há ainda a eleição para todos os órgãos do partido. Um dos que têm maior peso é o Conselho Nacional, já que é o órgão responsável por acompanhar e orientar a estratégia política da IL, adotada na Convenção Nacional. É composto pelos membros da comissão executiva e por 50 membros não-executivos, eleitos em listas.
Até ao momento há três que já estão em campo (ver lista ao lado), mas tudo indica que poderão avançar mais três. Pelo menos, é esta a intenção que tem sido mostrada nas conversas com militantes nas redes sociais, apurou o Nascer do SOL. Em causa está a lista A, liderada por Francisco Cudell, a D com Paulo Ricardo Lopes e a M com Jorge Pires.
Também é tradição a Comissão Executiva do partido apoiar uma das listas ao Conselho Nacional e tudo indica que Blanco poderá ter o apoio de Rui Rocha.
Num artigo de opinião publicado no Observador, Carlos Guimarães Pinto já admitiu que «faz parte de qualquer partido maduro ter fações ideológicas». E acrescentava: «Todos os partidos de alguma dimensão têm pessoas com uma opinião sobre determinado tema que embaraçaria outras pessoas no mesmo partido. Nunca conheci uma pessoa que concordasse com tudo o que o seu partido defende (eu próprio fui presidente da IL quando constava no programa político a abolição do IMI, algo com que discordo). Mas da mesma forma que as posições de um partido não vinculam totalmente os seus membros, as posições individuais dos membros não vinculam o partido. Não vinculando o partido é, ainda assim importante ouvi-las e permitir que as expressem em liberdade».
Rui Rocha
Atual presidente e recandidato
Depois de algum suspense, Rui Rocha anunciou a sua recandidatura à liderança da IL, justificando com o facto de em 2022 ter-se comprometido perante os membros do partido para uma liderança de dois mandatos. «Uma primeira parte de justificação é o compromisso que assumi. A segunda parte da justificação para afirmar a minha candidatura a um segundo mandato é a necessidade de desenvolver uma solução política que traga mudança efetiva a Portugal».
Rocha afirmou ainda que tem «a energia necessária» para fazer do partido «uma solução de coragem, de mudança e de governação» e que é necessário «desenvolver uma solução política que traga mudança efetiva a Portugal». E continuava: «O Estado português precisa de ser reformado. Para quê? Para libertar recursos que possam depois fazer com que a economia e a sociedade cresçam – não deve acontecer tudo à sombra do Estado – e para termos mais eficiência também e o Estado funcionar melhor e, dentro disso, pagar melhor aos funcionários públicos que entregam resultados».
Em relação ao trabalho feito, diz que, durante o seu mandato, a IL conseguiu eleger pela primeira vez para o parlamento regional da Madeira, dos Açores e para o Parlamento Europeu, além de manter a representação no Parlamento.
É certo que, tal como o Nascer do SOL tem avançado, sob a sua liderança temos assistido à saída de muitos quadros por desentendimentos internos.
Recorde-se que Rui Rocha assumiu a liderança do partido janeiro de 2023, após ter sido eleito na Convenção Nacional do partido com 51,7% dos votos, derrotando Carla Castro, que ficou com 44%, e José Cardoso, que obteve 4,3%.
Rui Malheiro
Candidato do movimento ‘Unidos pelo liberalismo’
Até aqui número dois do movimento Unidos pelo Liberalismo, é o candidato à liderança da Iniciativa Liberal. A decisão surgiu depois de ter sido eleito líder do movimento que se viu sem liderança após a saída de Tiago Mayan, a seguir à polémica com a falsificação de assinaturas.
Diz que a sua candidatura «reflete o desejo de levar os valores do Movimento Unidos pelo Liberalismo para um novo patamar, promovendo uma visão renovada e ambiciosa para o partido», referindo que «o objetivo é construir um projeto político que reforce os pilares do liberalismo, com foco na liberdade individual, no empreendedorismo e na igualdade de oportunidades, preparando a Iniciativa Liberal para enfrentar os desafios do futuro».
Em entrevista ao nosso jornal, Malheiro avança que o partido «tem de ter ambição de ser Governo a médio-longo prazo» e que a IL deve «almejar um patamar de 10% de intenções de voto a curto prazo e ser um partido mais abrangente, cuja mensagem alcance toda a população portuguesa».
E aponta o dedo à atual direção, acusando a liderança de Rui Rocha de de desunir os militantes e de não atingir a tão desejada meta de captação de votos. Diz que tem faltado ambição. «Tem faltado comunicação. Tem faltado coragem para explicar as nossas medidas liberais à população portuguesa. A Iniciativa Liberal deve ter uma palavra para dizer em todo espetro das políticas, tem de alcançar mais eleitorado em todas as zonas urbanas e não urbanas e efetivamente tem de ter um líder com capacidade de transmitir estas mensagens de forma clara e de forma simples que seja autêntico e que acabe por não ser um produto de marketing mal conseguido»
Bernardo Blanco
Lista F
Inicialmente disse que não iria fazer parte da nova direção da Iniciativa Liberal, invocando motivos pessoais e profissionais, mas acabou por recuar e anunciou a sua candidatura ao Conselho Nacional, encabeçando a lista T com o mote ‘Juntos Fazemos o Futuro’. O atual vice-presidente da comissão executiva defende que o partido «deve ter no centro da agenda a mobilidade social e o combate à ocupação política do aparelho do Estado», referindo também que a Iniciativa Liberal deve dar «uma resposta moderada» às mais variadas preocupações dos cidadãos, em temas como a segurança, justiça e imigração. Quer que o partido contribua para «colocar a mobilidade social e o crescimento económico baseado na desburocratização e na inovação no centro da agenda, em Portugal e na Europa».
Ao que o Nascer do SOL apurou, há militantes que veem a candidatura de Blanco «como rampa de lançamento para ser candidato do partido daqui a dois anos».
André de Serpa Soares
Lista T
Vai encabeçar a lista T ao Conselho Nacional do Partido, mantendo o mote das eleições anteriores: ‘Todos diferentes, todos liberais’. De acordo com os seus membros, a Iniciativa Liberal «deve ser o partido de todos os liberais, acolhendo diversas perspetivas ideológicas dentro da matriz do liberalismo social, político e económico. Apesar das diferenças naturais entre liberais, o objetivo comum é claro: um Portugal com mais liberdade económica, social e política», defendendo que a IL «deve reforçar o seu papel como partido reformista, liderando a transformação em áreas críticas como a reforma do Estado, educação, saúde, justiça, segurança social, habitação, fiscalidade ou imigração», acrescentando que «mais do que ideias, a IL precisa de propor soluções concretas».
Ao Nascer do SOL, vários militantes do partido apontam esta lista como sendo «a continuidade de um projeto moderado».
Pedro Ferreira
Lista X
A lista liderada por Pedro Ferreira, atual vice-presidente da mesa do Conselho Nacional e da Convenção da Iniciativa Liberal defende que os seus membros «acreditam no poder do debate, na pluralidade de ideias e na liberdade de pensamento, que tem como objetivo contribuir para a expansão das ideias liberais em Portugal e para o crescimento da Iniciativa Liberal em todos os seus contextos».
De acordo com o cabeça de lista, o objetivo é «contribuir para a expansão das ideias liberais em Portugal e para o crescimento do partido em todos os seus contextos», referindo que «valoriza a diversidade de pensamento e rejeita unanimidades forçadas».
Além do Conselho Nacional, a lista X apresenta ainda Miguel Barbosa para a Jurisdição e Bruno Horta Soares para a Fiscalização da IL com vista «a reforçar a cultura de responsabilidade institucional essencial ao funcionamento da IL, assegurando a autonomia dos diferentes órgãos».