Carlos Pinto de Sá é um dos autarcas alentejanos que há mais tempo exerce o cargo. Depois de ter sido presidente da Câmara em Montemor durante 18 anos (1994 – 2012) antecedido de três como vereador, mais tarde conquistou o município de Évora, atingindo agora o limite de mandatos.
De saída da autarquia já garantiu que continuará politicamente ativo. Em entrevista ao site Digital, o ainda autarca prometeu manter a luta de uma sociedade mais justa, estando ou não em cargos eleitos. No entanto, descartou a possibilidade de se candidatar a outra câmara municipal nas próximas eleições autárquicas.
Em jeito de balanço, o autarca tem acenado com o crescimento económico da região, impulsionado pela instalação de novas empresas e pela criação de centenas de postos de trabalho, destacando o impacto deste desenvolvimento não só para o concelho, mas também para a região do Alentejo.
Desafios
Em marcha está o projeto para a cidade para ser a Capital Europeia da Cultura em 2027. No entanto, tem vindo a alertar que tem enfrentado vários desafios para avançar, nomeadamente a demora na criação da associação responsável pela gestão da Capital Europeia da Cultura, que deveria ter sido constituída até ao final de 2023 que, entretanto, já foi assumido por Maria do Céu Ramos.
É certo que esta iniciativa está longe de ser pacífica. Recentemente, a responsável lamentou que a autarquia tenha revelado a “impossibilidade de poder assumir a sua parte do protocolo” que assinou com o Governo, onde ficou estabelecido que o município iria contribuir com 10,5 milhões de euros para a Capital Europeia da Cultura (CEC). Maria do Céu Ramos afirmou ainda ao Público que o autarca não deu qualquer esclarecimento para justificar o que considerou ser “o incumprimento do protocolo”. Ao mesmo jornal, Pinto de Sá garantiu que a Câmara de Évora vai cumprir o protocolo, realçando que o apoio financeiro da autarquia será expresso no contributo que irá prestar na “cedência de instalações, equipas técnicas, transportes ou apoio da construção de cenários, ou seja, em logística” durante a realização da CEC. E estas tarefas têm um custo que o autarca pretende ver considerado no protocolo.
Ainda em dúvida está o facto de a cidade por vir a ser contemplada pelo transporte de passageiros entre Évora e Caia (Elvas). Uma reivindicação conhecida do autarca. Para já, o Governo diz apenas que está a “ponderar” essa possibilidade, mas já referiu que essa hipótese só estará em cima da mesa “enquanto não for concluída toda a ligação de alta velocidade para Madrid”.
Já quase em fase de implementação está a aplicação da taxa turística que irá começar a ser paga a partir de janeiro. O valor está fixado em dois euros. Este processo tinha iniciado em 2019, mas acabou por ser suspenso no início da pandemia, em meados de 2020. O autarca lembrou que “o turismo é uma componente muito importante para a economia local”, mas a pressão turística também “significa, por exemplo, um aumento significativo da produção de lixo e afetação do espaço público”. E, por isso, a ideia é que as receitas que resultem da cobrança da taxa turística comparticipem o aumento dos custos da câmara com a recolha do lixo, com a promoção turística do concelho e com a reabilitação de património, entre outras áreas.
Piores notícias dizem respeito às obras do novo Hospital Central do Alentejo que recentemente sofreram novo atraso devido à falta do projeto de fornecimento de energia elétrica. Isto depois de a oposição PSD na Câmara de Évora ter acusado a gestão CDU de estar a adiar o processo de expropriações para os acessos à nova unidade hospitalar. Uma acusação negada pelo autarca.
Raio-x
Carlos Pinto de Sá nasceu em 1958, em Montemor-o-Novo, licenciou-se em economia em 1984 pela Universidade de Évora, obtendo o grau de mestrado também em economia em 1989. O seu percurso profissional começa numa empresa agrícola em 1977 e, em 1982, muda de ramo e inicia o seu percurso no ensino secundário. Dois anos depois muda-se para a Universidade de Évora onde leciona até 1991, altura em que é eleito como vereador para a Câmara Municipal de Montemor-o-Novo. A partir daí, entra no mundo autárquico.