Rogério Bacalhau. Presidente de Faro poderá deixar o cargo mais cedo

Rogério Bacalhau. Presidente de Faro poderá deixar o cargo mais cedo


O matemático que liderou Faro por uma década poderá sair de cena até janeiro. Para trás fica uma gestão marcada por conquistas históricas e processos judiciais controversos.


Licenciado em Matemática pela Universidade de Coimbra, Rogério Bacalhau dedicou grande parte da sua carreira ao ensino e à gestão escolar, tendo sido presidente do órgão de gestão da Escola Secundária de Pinheiro e Rosa, em Faro, entre 1994 e 2009.

A sua entrada na política autárquica só aconteceu em 2009, quando integrou a lista da coligação “Juntos por Faro” (PSD/CDS-PP/MPT/PPM) como vereador. Em 2013, foi eleito presidente da Câmara Municipal de Faro, cargo que ocupou durante três mandatos consecutivos, tendo sido a primeira vez que Faro reelegeu um presidente para um terceiro mandato.

Devido à lei que impede que coloca o limite de três mandatos consecutivos, Rogério Bacalhau terá de abandonar o cargo e não poderá recandidatar-se em 2025.

Entre os pontos altos do seu legado estão o investimento na revitalização da zona histórica de Faro, incluindo a valorização da Vila Adentro, com melhorias no pavimento, iluminação e recuperação de fachadas emblemáticas; o lançamento de projetos para construção e reabilitação de habitações sociais, como a requalificação do Bairro dos Centenários. Foi ainda sob a sua liderança que, em 2019, Faro recebeu o título de “Cidade Europeia do Desporto”.

Acusado de crime urbanístico

Mas os mandatos de Rogério Bacalhau foram também marcados por algumas controvérsias que minaram a confiança no executivo local. Em fevereiro de 2024, Rogério_Bacalhau e a vereadora do Urbanismo, Sophie Matias, foram acusados pelo Ministério Público de um crime urbanístico na aprovação de um parque de autocaravanas. A obra foi aprovada em 2019, apesar de se tratar de um terreno agrícola inserido nos limites do Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC).

A autarquia defende que as regras não se aplicam naquele espaço e não consultou a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que só emitiu parecer negativo com a obra a decorrer, após queixa de moradores.

Os arguidos já pediram abertura de instrução.

Suspeitas de corrupção

Em 2019, a Câmara Municipal de Faro foi novamente alvo de buscas pela Polícia Judiciária, no âmbito de uma investigação por suspeitas de corrupção que recaíam sobre o vice-presidente Paulo Santos, que foi constituído arguido.

Em causa estariam suspeitas da prática de crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, abuso de poder e participação económica em negócio.

O processo estaria relacionado com contratos entre a autarquia e a Ambifaro, uma empresa da ex-mulher de Paulo Santos. O executivo camarário aprovou uma proposta para transferir para a Ambifaro os contratos dos parquímetros do concelho, cujas receitas ascendem aos nove milhões de euros.

Embora Rogério Bacalhau não tenha sido diretamente implicado, o caso lançou uma sombra sobre o executivo municipal.

Saída pode acontecer antes do fim do mandato

O nome de Rogério Bacalhau tem sido apontado como o próximo presidente do conselho de administração das Águas do Algarve, em substituição de Isabel Soares. Segundo alguma imprensa local, como o Barlavento, o autarca terá anunciado internamente, em dezembro, a vontade de sair até janeiro da presidência do município de Faro para ocupar o novo cargo. A confirmar-se, será o vice-presidente da Câmara, Paulo Santos, a assumir a presidência da autarquia até ao final do mandato em 2025.