2025 traz consigo uma certeza para Eduardo Vítor Rodrigues: deixa de ser presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia. Com três mandatos marcados por muitas polémicas e até o seu mandato está por uma linha, podendo não chegar ao fim. Mas já lá vamos.
Em 2013 foi eleito pela primeira vez presidente da autarquia de Vila Nova de Gaia, com 38,15% tendo recuperado uma câmara que era, desde 1997, da coligação PSD-CDS.
Pouco depois começaram as polémicas. Em 2016 foi feita uma denúncia de ilícito criminal no DIAP sobre a relação da Câmara Municipal de Gaia e a cooperativa Sol Maior, fundada pelo autarca. O principal foco da denúncia era o facto de a mulher do autarca, Elisa costa, ter sido aumentada em 390% num espaço de cinco anos – entre 2010 e 2015 – passando de um ordenado de 475 euros para 2343,71 euros. Elisa Costa acumula as funções de vice-presidente da Assembleia Geral e diretora técnica da Sol Maior. Outros familiares e membros da autarquia terão sido beneficiados. Após a denúncia, a Sol Maior foi alvo de um processo de investigação aberto pelo Instituto da Segurança Social e foram detetadas várias irregularidades nas contas.
Mas há mais. Em 2017, a empresa municipal Águas de Gaia adquiriu um veículo elétrico em regime de locação financeira, por contrato de ajuste direto, mediante o pagamento de uma renda mensal de 614 euros. Um mês depois, o conselho de Administração da empresa municipal decidiu emprestar a viatura à Casa da Presidência do Município que o cedeu à mulher, Elisa Costa, que o usou como se fosse seu.
O caso foi para os tribunais e o Juízo Local Criminal de Vila Nova de Gaia considerou provado que Eduardo Vítor Rodrigues utilizou um carro elétrico da empresa municipal Águas de Gaia para fins particulares. Foi condenado a perda de mandato e pagamento de uma multa. Mais tarde o tribunal reduziu a multa para quase 5000 euros – eram 8.400 inicialmente – mas manteve a perda de mandato. Eduardo Vítor Rodrigues recorreu.
Ainda este ano, o ainda autarca de Gaia foi apanhado nas escutas telefónicas da Operação Babel a falar com Domingos Andrade, então diretor da TSF e do JN.
Polémicas à parte, os vila-novenses parecem gostar de Eduardo Vítor Rodrigues que continuou a ganhar eleições. Em 2017 foi reeleito com 61,68% dos votos e, em 2021, a vitória esmagadora repetiu-se, ainda que com uma percentagem mais baixa: 57,79%.
Ainda este ano, há mais uma notícia a visar o autarca de Vila Nova de Gaia. É que Eduardo Vítor Rodrigues foi acusado de prevaricação, peculato e falsificação de documentos, num processo relacionado com contratação pública para assistir a jogos da Liga dos Campeões. As acusações foram divulgadas em fevereiro pela Procuradoria-Geral Regional do Porto (PGRP). Mas o autarca negou e disse ser tudo “transparente”.
No que diz respeito ao trabalho feito enquanto autarca, há quem muito o valorize e o autarca vai partilhando trabalhos nas redes sociais. A título de exemplo, em agosto deste ano, escreveu: “O Município de Vila Nova de Gaia vive, hoje, uma verdadeira revolução infraestrutural, não só ao nível da mobilidade, mas também no que toca aos equipamentos escolares, sociais ou de saúde”, defendendo que “por todo o concelho há obras no terreno. Um volume de empreitadas como nunca se viu”, destacando as obras das linhas Amarela e Rubi do metro, o novo Hospital de Gaia ou a requalificação de arruamentos e de escolas.
Percurso profissional
Nascido a 30 de março de 1971, Eduardo Vítor Rodrigues foi, até 2013, professor no Departamento de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP).
Atualmente, preside ainda à Área Metropolitana do Porto, sendo o primeiro presidente de Câmara de Gaia a desempenhar tais funções. Assumiu vários projetos de âmbito metropolitano, como a rede de Metro, o passe único, o quadro comunitário ou a concertação regional com as demais CIM da região, entre outros.
Esteve envolvido em projetos nacionais e internacionais nos domínios da pobreza, desigualdades, políticas públicas e emprego, sendo também autor de diversas conferências, livros, artigos e outras publicações.
Na política, foi presidente da junta de freguesia de Oliveira do Douro, em regime de voluntariado, entre 2001 e 2009, e vereador sem pelouros entre 2009 e 2013.