O gabinete da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti divulgou um relatório onde informou que 207 pessoas foram mortas pelo gangue Wharf Jeremie há duas semanas. O gangue tirou as pessoas das suas casas e de um local de culto, interrogou-as e depois executou-as com balas e machados. Os grupos de defesa dos direitos humanos no Haiti estimaram que mais de 100 pessoas foram mortas no massacre, mas a nova investigação da ONU duplica o número de vítimas. O massacre começou depois de o filho de Micanor Altès, líder do gangue Wharf Jeremie, ter morrido de doença. A Cooperativa para a Paz e o Desenvolvimento disse que Altès acusou as pessoas do bairro de provocarem a doença do seu filho e decidiu punir cruelmente todos os idosos e praticantes (de vodu) que, na sua imaginação, lançaram um feitiço negativo sobre o seu filho. As Nações Unidas afirmaram que o gangue tentou apagar as provas dos assassinatos queimando os corpos ou desmembrando-os e atirando-os ao mar. De acordo com a ONU, mais de 5.350 pessoas foram mortas nas guerras de gangues no Haiti durante este ano. O Governo haitiano reconheceu o massacre contra os idosos e prometeu perseguir os responsáveis por este ato de «carnificina indescritível».
María Isabel Salvador, representante especial do secretário-geral da ONU no Haiti, referiu que «não podemos fingir que nada aconteceu», e apelou para que fosse feita justiça. «O sistema de justiça haitiano deve investigar exaustivamente estes crimes horríveis e prender e punir os perpetradores, bem como aqueles que os apoiam», disse.
O Haiti é governado por um conselho de transição que inclui representantes da comunidade empresarial, da sociedade civil e dos partidos políticos. Contudo, o Governo não tem controlo sobre muitas áreas da capital, onde vários gangues lutam para conquistar os portos, autoestradas e bairros residenciais, o que deixa o país do Caribe à beira do colapso.
Haiti. Guerra de gangues lança o terror
Dezenas de idosos e líderes religiosos foram mortos por um gangue no Haiti. As Nações Unidas apelaram às autoridades que levem os responsáveis à justiça