Aumento de refugiados e de casos de cólera ameaçam Sudão do Sul

Aumento de refugiados e de casos de cólera ameaçam Sudão do Sul


Os Médicos Sem Fronteiras consideram que o país vive uma dupla crise humanitária motivada pela deslocação de milhares de refugiados e pela epidemia.


Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertaram para a dupla crise humanitária que afeta o Sudão do Sul: ao mesmo tempo que milhares de refugiados fogem do conflito no Sudão assiste-se a uma crescente epidemia de cólera que ameaça vidas. As Nações Unidas estimam que entre 5.000 e 10.000 pessoas atravessem diariamente a fronteira para fugir ao conflito entre o exército do Sudão e as Forças de Apoio Rápido, que começou em abril de 2023 e já matou dezenas de milhares e desalojou milhões de sudaneses. Na cidade de Renk, a MSF e o Comité Internacional da Cruz Vermelha encontraram uma situação alarmante com mais de 100 pacientes com ferimentos graves a aguardar cirurgia enquanto as instalações permanecem escassas.
O Sudão do Sul está bastante fragilizado pela violência interna, pobreza e catástrofes naturais, e não está preparado para receber refugiados. A agravar a crise está um alarmante surto de cólera, com 92 mortes notificadas e mais de 1.200 casos tratados no espaço de um mês. Nos campos perto da capital Juba, a MSF registou 1.700 casos suspeitos de cólera e 25 mortes. Os campos carecem de saneamento básico, os sanitários estão danificados e a água contaminada, expondo os residentes a graves riscos para a saúde. «Isto é mais do que apenas um surto de cólera, é uma negligência sistémica», disse Mamman Mustapha, chefe de missão da MSF no Sudão do Sul. «Sem intervenção urgente, o número de casos de cólera poderá aumentar», alertou ainda.