Tolentino de Mendonça nos favoritos para suceder ao Papa Francisco

Tolentino de Mendonça nos favoritos para suceder ao Papa Francisco


Tolentino de Mendonça está na lista dos 22 mais prováveis para suceder ao Papa Francisco. Nomeado há apenas seis anos, o cardeal português é apontado como um dos favoritos dos 140 que terão direito de voto. O que pode ser um mau sinal, pois como diz o ditado, quem entra Papa no conclave sai cardeal.


O cardeal Tolentino de Mendonça é um dos nomes que mais se fala para suceder ao Papa Francisco na cadeira de S. Pedro e está na lista restrita dos 22 nomes de cardeais papáveis numa nova plataforma criada para ajudar na votação. O cardeal português, nomeado pelo Papa Francisco, que tem apenas 59 anos, aparece em lugar de destaque. Com o nome Collegio Cardinalizio: Una Rassegna (O Colégio dos Cardeais: Uma Revisão), o site é apresentado como «a primeira iniciativa deste tipo e responde aos pedidos de tal recurso pelos cardeais, clérigos e leigos».


Com o apoio da editora católica Sophia Institute Press e da revista Cardinalis, a ferramenta digital e liderada pelos jornalistas do Vaticano, Edward Pentin, autor do livro The Next Pope (Sophia Institute Press) e Diane Montagna, jornalista americana que escreve em várias publicações católicas, a plataforma foi criada por «uma equipa internacional e independente de jornalistas e investigadores católicos que se uniram para ajudar os membros do Colégio dos Cardeais, fornecendo perfis detalhados dos cardeais que poderão ser papas». O cardeal português é um deles.

Diaconisas e homossexuais
Em O Colégio dos Cardeais: Uma Revisão foram lançados os perfis do Sacro Colégio de acordo com 10 questões emblemáticas e a posição de cada um dos cardeais papáveis. Questões como a ordenação de diaconisas, as missas tradicionais, a bênção das uniões de homossexuais, a comunhão a católicos recasados ou o acordo entre o Vaticano e a China servem para traçar o perfil de quem mais se fala para próximo Papa. Cada perfil dos cardeais inclui dados biográficos, um resumo das suas principais qualidades e características e detalhes sobre como desempenharam as três principais obras ou ‘cargos’ do bispo, são elas «santificar, governar e ensinar».
Os autores acautelam que «este site não faz previsões sobre o próximo Pontífice, para além de enumerar os principais candidatos». E sublinham que o seu principal objetivo «é fornecer informações claras, completas e fiáveis sobre os cardeais».


Um desígnio que passou a ser fundamental nos dias hoje: essa necessidade «deve-se não só ao número significativamente maior de cardeais por onde escolher em comparação com há séculos, mas também ao facto de as oportunidades para os (cardeais) se conhecerem terem diminuído bastante». Apesar da abundância de informação, os autores asseguram que «este tipo de investigação detalhada e fiável é mais difícil de encontrar e, por isso, mais procurada do que há 500 anos». E em particular depois de 2014, ano em que o Papa Francisco interrompeu as reuniões dos cardeais durante os consistórios de nomeação dos cardeais, «eliminando assim uma oportunidade útil para se conhecerem».


O número de cardeais nomeados pelo Papa também tornou difícil, ou quase impossível, saber quem é quem. Desde a eleição do atual pontífice em 2013, Francisco nomeou mais de 110 dos 140 cardeais eleitores. Sendo que grande parte deles nem são europeus: «Muitas vezes o Santo Padre escolheu prelados menos conhecidos para serem cardeais de regiões ‘periféricas’ do mundo em desenvolvimento», justificam os autores.


Além de ajudar os cardeais «no seu discernimento», o site pretende ainda informar os meios de comunicação social e «qualquer pessoa interessada sobre quem poderá vir a ser o líder religioso mais influente do planeta».
Cardeais ultra conservadores como o alemão Gerhard Ludwig Müller, Robert Sarah ou o polémico Leo Burke, aparecem na lista dos 22 papáveis. No entanto, são apontados como «figuras-chave», o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, o mais liberal Matteo Zuppi, conhecido pelas suas missões de paz na Ucrânia e em Gaza e pela liderança dos bispos italianos ou o controverso Péter Erdő, especialista em direito canónico da Hungria. Tolentino de Mendonça é apontado como um exemplo das «figuras emergentes» que também ocupam um lugar de destaque, a par de Pierbattista Pizzaballa, patriarca latino de Jerusalém e Jean-Marc Aveline, «defensor francês dos migrantes, frequentemente considerado um dos favoritos do Papa Francisco». Segundo os vaticanistas criadores desta plataforma, a «liderança africana» é de Fridolin Ambongo Besungu, de Kinshasa, «reflectindo a crescente atenção da Igreja ao continente».

Trunfos de Tolentino
O cardeal português Tolentino de Mendonça é apresentado como «um poeta, estudioso da Bíblia e educador no seu país natal, Portugal, e um prelado muito ligado à ala ‘progressista’ da Igreja, com uma estreita afinidade com o Papa Francisco».


É detalhado o percurso de Tolentino que foi escolhido em 2018 pelo Papa Francisco para orientar os exercícios espirituais para a Cúria Romana, tendo sido quatro meses depois nomeado arquivista e bibliotecário da Santa Sé e elevado a arcebispo. Sendo atualmente o Dicastério para a Cultura e a Educação.


«Tolentino atraiu considerável controvérsia durante a sua vida sacerdotal, nomeadamente por simpatizar com abordagens heterodoxas e tolerantes à homossexualidade (embora nunca se tenha pronunciado publicamente contra o ensinamento da Igreja nesta área)», lê-se no site.


Definido como «um leitor apaixonado e prolífico e amante da literatura; a sua poesia é muito apreciada pelos especialistas, mas notoriamente mais na esfera secular do que religiosa», é apontado «entre os progressistas como um potencial candidato empenhado no próximo conclave, especialmente se outras figuras como o Cardeal Matteo Zuppi o fizerem».


Dos 140 cardeais com direito de voto no próximo conclave, 110 foram nomeados pelo Papa Francisco, apenas 24 pelo Papa Bento XVI e 6 ainda no tempo de São João Paulo II.