Inquérito de Natal a Paula Lobo Antunes

Inquérito de Natal a Paula Lobo Antunes


“O melhor presente do mundo”.


Qual foi o melhor Natal da sua vida?
É um bocado como perguntarem-me qual foi o melhor papel da minha vida. Estou sempre à espera que o próximo Natal seja melhor. A maior parte dos natais são bons. Estou sempre à procura – até pelas minhas filhas – de tentar fazer o melhor Natal para elas. E se for o melhor Natal para elas, será o melhor Natal para mim.

O melhor presente que recebeu?
Tinha para aí uns seis anos. Na altura o meu tio deu-me um kit de maquilhagem. Era uma palete de maquilhagem e tinha tudo: batom, sombras… Tinha seis anos e adorava ir à maquilhagem da minha mãe e pintar-me, pintar as unhas, a boca… Lembro-me desde os quatro, cinco anos. Então quando o meu tio me ofereceu isto no Natal foi um dos melhores presentes. Lembro-me perfeitamente de ter sido o melhor presente do mundo. E depois usei tanto que fiz uma alergia tremenda (risos) àquela maquilhagem. Depois fiquei preocupadíssima durante anos a achar que era alérgica a maquilhagem.

O melhor presente que ofereceu?
As minhas filhas fazem uma carta ao Pai Natal e tento sempre cumprir ao máximo a lista.

Quando descobriu que o Pai Natal não existia?
Muito fácil. Vivia nos Estados Unidos, nasci lá. E aos cinco anos vim para Portugal com a minha mãe, o meu pai ficou lá. De repente, claro que a minha vida mudou toda e foi aí que percebi que o Pai Natal não existia. Até porque esse Natal foi um Natal bastante triste. O meu pai vivia nos Estados Unidos, nós vivíamos em Portugal. Lembro-me que nos Estados Unidos acreditávamos sempre no Pai Natal. Acordávamos de manhã e de repente a sala estava coberta de presentes, a família toda… Quando vim para Portugal era verão, tinha cinco anos, em 81, e essa magia de Natal deixou de existir e percebi então que, afinal, já não havia Pai Natal.

Festeja em casa ou fora?
Gosto sempre de festejar em casa. Nunca festejei o Natal fora de casa. Mas nunca se sabe, qualquer dia, eventualmente…

Compra bacalhau demolhado e congelado ou seco e inteiro?
Normalmente é a minha mãe que faz o bacalhau da consoada. Este ano por acaso foi engraçado. Tínhamos um bacalhau que era salgado e tivemos que demolhar para fazer o Natal dos amigos. E era inteiro. Mas eu, pessoalmente, para ser prática, prefiro congelado.

 Que vinho recomendaria para acompanhar o bacalhau? E o peru?
Sou sempre suspeita. Recomendo sempre os vinhos da Malhadinha. Sou completamente fã. Não como carne mas qualquer vinho fica bem, seja com peru ou bacalhau.

Costuma ver os jogos do boxing day?
Quando vivia em Inglaterra, no Reino Unido, havia essa prática. Cheguei a passar o Natal com essas tradições muito britânicas e, sim, víamos os jogos do boxing day. Hoje em dia já não, não tenho tempo. Até porque muitas vezes chego a trabalhar no boxing day.

Quando abre os presentes? Na noite da véspera ou na manhã de dia 25?
Abro os presentes sempre no dia 24 à noite. Sempre foi essa a nossa tradição. É o jantar, depois o Pai Natal aparece e depois abrimos os presentes. Não necessariamente à meia-noite por causa das crianças mas sempre no dia 24.

Costuma oferecer presente ao seu animal de estimação?
Quando tinha um gato sempre ofereci presente. Aliás, isto é bastante curioso porque ponho sempre uma meia de Natal nas escadas para cada membro da família. Uma para mim, para o Jorge e era um para a Lara, a nossa gata. Entretanto a gata morreu. Quando a Bi nasceu comprámos mais uma meia para a Bi e continuámos com a meia para a gata. Quando a Mel nasceu, não sei porquê, ficou com a meia da Lara. É uma meia muito pequenina mas ela continua a ficar com a meia da gata. E já lá vão quatro anos. Este ano, pela primeira vez, ela questionou o porquê de o stocking dela ser mais pequenino do que os outros todos. E eu rio-me porque acho que só eu é que sei essa história da meia que era para a gata e que usei para a Mel. Se calhar a Mel, eventualmente, vai precisar de uma meia para ela.

Que música associa ao Natal?
Tantas… Mas das minhas músicas favoritas é o Little Drummer Boy. É das músicas que mais gosto. E principalmente tenho um disco que depois herdei do meu pai, que tinha muitos discos. É do Bing Crosby ‘Christmas Songs’ e essas para mim, o Bing Crosby a cantar qualquer música de Natal, remete-me para a minha infância, quando eu vivia nos Estados Unidos e quando a vida ainda parecia um conto de fadas. Depois tenho também a música New York Fairytale, dos The Pogues. Para mim é mesmo a fábula do Natal.

 Qual o melhor concerto de Natal a que assistiu?
É o das minhas filhas. Ou da minha filha Bi. Adotámos uma tradição de fazer karaoke todos os natais e a minha filha faz um concerto. Aliás, este ano fez parte do coro e fez vários concertos na Igreja de São Jorge e em vários sítios, na escola. E ela comove-me muito. Comove-me às lágrimas.

Faz as suas compras 1. no comércio tradicional (onde), 2. nos centros comerciais e hipermercados ou 3. na Amazon e internet?
Faço uma miscelânea de compras, várias coisas. Vou andando, vou exatamente ao sítio que quero ir, sei o que a pessoa quer. Gostava de ser um pouco mais original a fazer as compras, confesso. Mas muitas vezes confesso que também sinto coisas minhas. Este ano decidimos, entre nós, entre família, irmãs, que íamos só fazer um amigo secreto. Realmente estamos a chegar a um ponto em que o Natal não é a questão só do oferecer. Acho que é engraçado a magia do Pai Natal, principalmente para os mais pequeninos. Tudo o que criamos, criamos um momento muito mágico com a vinda do Pai Natal, ninguém fala, é bastante misterioso no sentido de fantasia. As crianças não falam com o Pai Natal, nós estamos escondidos, o Pai Natal aparece e vai embora. É mesmo um momento mágico. Acho que é preferível estarmos presentes e se virmos alguma coisa que seja significativa ou que tenha graça… Acho que as prendas têm que ter graça. Por exemplo, para um casal amigo meu ofereci pijamas a condizer. Acho que vai ser engraçado quando abrirem porque acho que nunca tiveram uma coisa assim e acho que tem graça. E coisas que dão jeito. Acho que desde que não seja coisas supérfluas… E isso exige mais para pensar na pessoa. O importante é mostrarmos que estamos a pensar nessas pessoas.

Entre roupa, cosméticos, livros/ discos e tecnologia, o que mais gostaria de receber este Natal?
É engraçado estar a pensar nisso. Prefiro que ofereçam às minhas filhas. Não exijo nada, não preciso de nada. Acho graça oferecer, por exemplo, uma peça de roupa que possa usar no Ano Novo, gosto de usar uma peça nova no Ano Novo, a estrear. E há outra tradição que faço com as pessoas especiais do meu coração que é oferecer cuecas azuis para usarem no Ano Novo. Essa tradição não falha e eu faço isso todos os anos: compro cuecas azuis e ofereço às pessoas especiais do meu coração.

Atriz