Saiu da Stentallis antes do tempo mas nem por isso o seu nome saiu dos holofotes. Carlos Tavares, com nome conhecido no ramo automóvel, é agora apontado como possível novo CEO da TAP e, ao que parece, o plano já está todo preparado para ser apresentado ao Governo.
A notícia cai com surpresa na praça pública e Pedro Castro não foi exceção: «Primeiro porque ignorava que o cargo de CEO da TAP estava disponível – seja por vontade do acionista, seja por vontade do próprio», diz ao Nascer do SOL, esperando que «isto tenha sido apenas uma espécie de um desejo, um ‘sonho’ de Carlos Tavares. E que desse desabafo tenha resultado um mal entendido».
Ao nosso jornal, o especialista em aviação atira ainda que «o atual sistema de fazer coincidir o presidente do conselho de administração com o presidente do conselho executivo parece-me estar a funcionar bem – é um modelo de gestão diferente do que existia anteriormente, mas penso ser o mais certo quando se tem alguém que percebe simultaneamente do negócio e do significado legal dessas funções, ao contrário do que era o caso da anterior ex-CEO que, como disse várias vezes na Comissão de Inquérito, era apenas engenheira, e ao contrário do anterior presidente do conselho de administração que também parecia não estar a par de muita coisa».
No entanto, Pedro Castro diz que se a ideia é mudar novamente tudo «para o esquema de governance anterior ou se estamos a assistir a uma demissão desconhecida do atual CEO, já nada me espanta depois do anterior governo ter demitido a anterior CEO em direto pela televisão».
Por sua vez, Ricardo Penarroias, presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), defende ao nosso jornal que aquilo que os tripulantes pretendem é que «haja alguém que entenda não só da indústria como também entenda da companhia» e que, neste momento, não vê outra hipótese que não Luís Rodrigues para ocupar o cargo. E a justificação é simples: «Os resultados são bons, a recuperação da empresa tem sido consolidada. Ele conhece a indústria, conhece a empresa, conhece, acima de tudo, a cultura da empresa e isso é fundamental», lembrando que Luís Rodrigues «conseguiu algo que, se calhar, há muitos anos não havia de uma forma tão cimentada que é uma paz social na empresa».
Defendendo que o atual CEO – que assumiu o cargo em abril deste ano – tem trazido resultados positivos que estão «à vista», Ricardo Penarroias diz não ser a pessoa mais adequada para julgar se Carlos Tavares é ou não o mais indicado para o cargo.
A verdade é que o mandato de Luís Rodrigues termina no final deste anos mas até agora, segundo o presidente do SNPVAC, não há qualquer indicação sobre se sai ou fica, o que critica. «É um assunto que já devia ter sido clarificado porque os funcionários começam a ficar algo inquietos com esta possibilidade da saída ou não de Luís Rodrigues que vai criando algumas dúvidas entre nós», defendendo ser importante que o Governo tome uma posição «até para criar a tal estabilidade que acho que é importante», até porque, reforça, «a verdade é que o resultado é manifestamente positivo não só a nível financeiro e económico mas também a nível humano».
Recorde-se que o atual CEO da TAP referiu na semana passada que a companhia aérea teve um ano «extremamente positivo». No entanto, perspetiva um 2025 mais moderado com «desafios significativos», como os conflitos armados, as condicionantes meteorológicas e constrangimentos nas infraestruturas aeroportuárias e no espaço aéreo europeu.