A situação no Haiti continua a agravar-se com milhares de pessoas, incluindo crianças, a abandonar a capital Port-au-Prince para fugir a violência causada por gangues. Desde o início de novembro que 41 mil pessoas foram forçadas a fugir das suas casas devido à intensificação da violência e da insegurança na capital informou a Organização Internacional para as Migrações (OIM). Esta é a maior onda de deslocações, desde janeiro de 2023, de acordo com os últimos números da organização. A ONU estima que os gangues controlam 85% da cidade. Uma missão policial liderada pelo Quénia não conseguiu alterar o equilíbrio de poder no terreno.
O grupo de defesa dos direitos humanos Save the Children estima que cerca de 52% – ou mais de 21 mil – são crianças, muitas das quais foram forçadas a mudar-se várias vezes nos últimos dois anos para fugir aos gangues que forçam estas crianças a integrar esses grupos como forma de sobreviverem. Segundo a ONU, o número de crianças no Haiti recrutadas por gangues aumentou 70% no último ano. As que conseguem fugir procuram refúgio em escolas sobrelotadas, transformadas em abrigos ou com famílias de acolhimento, muitas vezes com pouco ou nenhum acesso a água potável, alimentos ou cuidados de saúde. A Save the Children pediu na quarta-feira o acesso total e irrestrito para trabalhadores humanitários e mantimentos vitais em todo o Haiti, especialmente em Porto Príncipe, para combater a fome e a desnutrição aguda grave e para que todas as partes façam o máximo para proteger as crianças.